tag:blogger.com,1999:blog-6222542.post8710842537404348481..comments2023-11-29T17:12:51.782+00:00Comments on [a barriga de um arquitecto]: Discurso directodanielhttp://www.blogger.com/profile/14373609707598039992noreply@blogger.comBlogger7125tag:blogger.com,1999:blog-6222542.post-10343630831528487502009-04-22T16:00:00.000+01:002009-04-22T16:00:00.000+01:00Modernismo Recrudescido: as dificuldades em ser co...Modernismo Recrudescido: as dificuldades em ser contemporâneo.<br /><br /> “... o que aquele pavilhão queria exprimir, antes de mais nada, era a consciência da ocupação dos estados naturais da América com as construções. Então, simbolicamente, era um teto ideal, que teria um teto de cristal da nossa FAU, colocado sobre a própria paisagem, que seria a paisagem simulada naquelas colinas, com um número mínimo de pilares, ou seja, uma especialidade técnica de construção que pretendia revelar nítido conhecimento técnico para fazer o que quisesse.”<br />Paulo Mendes sobre o projeto do Pavilhão Brasileiro na Exposição Mundial de Osaka, de 1969. <br /><br />Quarenta anos atrás, um concurso escolhia o projeto para o pavilhão brasileiro na exposição mundial de Osaka, que seria realizada no ano seguinte. A equipe vencedora foi a de Paulo Mendes da Rocha, com um excelente projeto. Paulo Mendes ressalta sobre o mesmo, na declaração acima, o caráter poético da arquitetura moderna, sempre pretendendo pousar no terreno, de modo a permitir a continuidade da paisagem e a liberdade dos movimentos. <br />Agora, os pilotis entram novamente na história desse grande arquiteto. Refiro-me ao projeto do novo Museu dos Coches, em Lisboa, projetado por ele e envolto numa grande polêmica com muitas nuances que vão desde a legitima defesa dos concursos de arquitetura, até o questionamento das decisões que levaram ao projeto, mas que encontram o seu centro na qualidade do projeto em si.<br /><br />Preliminares<br />O caso desprende alguns aromas de ordem corporativa: nada encontrei sobre o assunto, que está em pauta desde a metade do ano passado, nos sites das duas principais revistas brasileiras de arquitetura, a não ser o Manifesto Pró Paulo. O referido manifesto é uma reação louvável, pois os arquitetos mais prestigiados de Portugal não deveriam mesmo se omitir quando o debate arquitetônico ganha o público. Entretanto o documento não deixa de ser um tanto cínico, e termina com a seguinte afirmação: “Por tudo isto, os presentes signatários - ainda que respeitando opiniões distintas ou complementares às suas e que devem ser tomadas em conta neste processo - manifestam que é urgente, indispensável e fundamental construir o novo edifício para o Museu Nacional dos Coches...etc, etc”.<br />Ora, se é “urgente, indispensável e fundamental” construir o edifício, quando é que as “opiniões contrárias” serão “tomadas em conta”? Não há como negar a assimetria entre a pressão de um grupo mais ou menos anônimo de arquitetos e a de um grupo que inclui Siza, Carrilho e Souto de Moura, arquitetos globais. Tal questão já havia sido sublinhada quando, na apresentação pública do projeto e diante do questionamento de um dos presntes, alguém reclamou: “... alto lá! Trata-se de um Pritzker!”. Pronto, temos mais uma categoria com prerrogativas especiais. Há que se ressaltar a posição elegante e democrática do Paulo Mendes, dispondo-se ao debate e não se colocando na posição de estrela no alto do firmamento, mas talvez o grupo de notáveis pudesse ter dado uma aula de sabedoria arquitetônica, se tivesse ressaltado as qualidades da proposta, embasando o seu apoio. Entretanto, embaraçosamente, nenhum dos motivos elencados pelos mestres é qualidade do ou mesmo implica no projeto em questão, colocando à mostra um componente que torna tudo ainda mais complexo: se um bom projeto não se define apenas por justificativas científicas e racionais, como instituir concursos justos? Me parece que isso nunca vai acontecer. Concursos sempre serão fruto da preferência de um grupo, sendo suficiente que seja um grupo honesto. Mas é justamente pela falibilidade projetual que sempre ronda a nós que exercemos essa difícil profissão, que projetos públicos e de interesse público deveriam ser escolhidos por concursos, ainda que fechados. <br /><br />O Museu dos Coches<br />Quase um século se passou desde que Le Corbusier postulou os pilotis, uma idéia não só original quanto revolucionária, e que fez os arquitetos repensarem as relações dos edifícios com o seu contexto. Um passo importante na história desse elemento de projeto, foi a mudança de proporções sugerida por Niemeyer, o Jovem, no projeto do MEC Rio: ao acatarem os seus argumentos e se definirem pelos nove metros de pé-direito, os autores criaram um espaço fluido e luminoso, que não deixa dúvidas quanto à sua vocação pública. No museu dos Coches, os pilotis têm a metade da altura, 4,50 m., por mais do dobro da largura. Os pilotis do Mec cobrem uma área de aproximadamente 20x30, o MC cobre cerca de 50x130. Estas dimensões tornam-se fundamentais quando se analisa as condições ambientais. Os pilotis tendem a ser áreas de concentração de ventos, podendo tornar-se desagradáveis mesmo no verão. No caso do MC, como o edifício não é muito alto, tal efeito não deve ser exagerado, entretanto há que se considerar que o lugar estará sempre em sombra, pois as maiores fachadas estão orientadas norte e sul: uma não recebe sol e na outra o sol predominante é alto. As ilustrações que acompanham o projeto sinalizam alguns problemas: a primeira mostra a luz solar penetrando de modo improvável nos pilotis. A segunda mostra linhas de iluminação no teto, lâmpadas que ficarão eternamente acesas. Qual será a ambiência desse Lugar? De qualquer modo, com 50 metros de largura, a maior parte deste espaço aberto será, sem dúvida, um interior. <br /><br />É nessa penumbra que os portugueses deverão exercer as maravilhas do passeio público. Parece-me que mais uma vez os estrangeiros se equivocam na compreensão da cultura lusitana: anteriormente, no projeto da Casa de Música, Koolhaas já havia transformado um local de possíveis encontros, numa pista de skate. Agora os patrícios não mais precisarão dos guarda-sóis.<br /><br />Um Contexto Maravilhoso<br />Uma visita ao Google Earth me deixou admirado com a riqueza do contexto onde será construído o Museu dos Coches. Próximo ao Tejo, de frente para espaços públicos monumentais, tendo por vizinho o Palácio Presidencial e o Centro Cultural de Belém, projeto do Vittorio Gregotti, ladeando nada menos do que o Mosteiro dos Jerônimos. Um pouco a frente, está a Torre de Belém, exemplo máximo do gótico manuelino. Nada disso e nem os eixos sugeridos pelos monumentos existentes ou a necessidade de requalificação das ruas, parecem ter sensibilizado o “estojo” de Paulo Mendes, modo carinhoso embora mistificador, como ele trata o enorme paralelepípedo, impávido colosso. É na sutileza de estar atento para as forças do lugar que a crítica pós-moderna trouxe a maior possibilidade de aprimoramento do modernismo, independente das questões de estilo, já que, no que tange às relações com a vizinhança, os edifícios modernistas muitas vezes consideraram como suficiente a sua implantação num sítio para que a vida coletiva florescesse. <br /><br />Elaborar projetos em contextos históricos, antes de mais nada, coloca a história como referência. Nesse caso, alguns exemplos me vêem à mente. Um é dado pelos edifícios do próprio entorno, quase todos, inclusive o de Gregotti, usando o pátio central, com enormes vantagens. O outro, é a Festival Plaza da Feira Mundial de Osaka, de 1970, projeto do Arata Isosaki e dos metabolistas japoneses, com seu pé direito de mais de 30 metros. <br /><br />Talvez a missão de ser contemporâneo passe não só pelo abandono, mas também pelo abraço ao passado. Afinal, a arquitetura raramente erra quando coloca em primeiro plano a sua própria história.sergiohttp://opaudabarraca.blogspot.com/noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6222542.post-17585134380215119282009-04-22T15:58:00.000+01:002009-04-22T15:58:00.000+01:00Mais importante do que tudo, é o alto nivel da mai...Mais importante do que tudo, é o alto nivel da maior parte das observações que encontrei tanto na Barriga quanto nas Catedrais. Vou meter a minha colher de pau, mas devido à extensão do comentário, pode ser conveniente apenas direcionar para o meu blog: http://opaudabarraca.blogspot.com/<br /><br />Grato e parabénssergiohttp://opaudabarraca.blogspot.com/noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6222542.post-43927276865384348942009-03-29T00:03:00.000+00:002009-03-29T00:03:00.000+00:00Porque estamos a falar do primeiro objectivo traça...<I>Porque estamos a falar do primeiro objectivo traçado para o plano «Belém Redescoberta», de que este projecto é a principal iniciativa. Podemos negligenciar isto? Compreendo que isto possa não interessar ao Pedro – ou ao Paulo Mendes da Rocha</I><BR/>Porque compreendes que pode não interessar ao Paulo Mendes da Rocha, autor do projecto? Não percebi esta parte. -- <A HREF="http://www.sargacal.com/" REL="nofollow">JRF</A>joseruihttps://www.blogger.com/profile/15235389690216459568noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6222542.post-71185491479852994792009-03-27T18:49:00.000+00:002009-03-27T18:49:00.000+00:00Reciprocidade: n'As Catedrais.Reciprocidade: n'As Catedrais.Anonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6222542.post-71274591131596721772009-03-27T17:23:00.000+00:002009-03-27T17:23:00.000+00:00Para o estudante com amizade:e quando vier a Lisbo...Para o estudante com amizade:<BR/><BR/>e quando vier a Lisboa pela primeira vez, não se foque muito no panorama e nos roteiros da arquitectura que se apresenta no mundo paralelo dos sites, das revistas e dos especialistas. Mais interessante que tais montras são os conteúdos verdadeiros desta cidade de luz macia: a vida; os pombos, os pasteis de nata, o fado, as pataniscas, a tasca do Manel, o museu de arte antiga, a garagem do Zé, os azulejos, o estendal do Bairro Alto, a literatura dos modernos, os grafitos, a fachada do Éden (ainda faltam os crocodilos), as calçadas, o aqueduto, o Jardim Botânico, o cheiro das lojas dos chineses, o Jazz, os Cacilheiros, os dentes da Guida depois de mamar uma ginja, o restaurante La Moneda, a rapaziada do PS, o Lux e o Braço de Prata, a obra clandestina, o museu do Chiado, o café minimalista que parece um talho, as putas junto à ordem dos arquitectos, a pala do Siza e o elevador da Bica.Anonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6222542.post-19092083838286019612009-03-26T15:49:00.000+00:002009-03-26T15:49:00.000+00:00Espero algum dia conhecer a Europa. Quando isto ac...Espero algum dia conhecer a Europa. Quando isto acontecer, certamente visitarei Portugal e farei questão de conferir o Novo Museu dos Coches, e como Paulo Mendes da Rocha solucionou seu programa, seu relacionamento com os equipamentos circunvizinhos, etc...<BR/><BR/>AbraçosAnonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6222542.post-80648469945823442892009-03-26T11:26:00.000+00:002009-03-26T11:26:00.000+00:00Dizer que um projecto deste calibre correu mal qua...Dizer que um projecto deste calibre correu mal quando ainda nem sequer está construído parece-me de todo uma posição pouco consistente. Em minha opinião o projecto de PMR é concreto e promete significado pelo que irá revolucionar por completo aquela bolsa de terreno deixado às moscas.<BR/><BR/>Para além de tais virtudes, agrada-me imenso o facto da proposta desalinhar-se com os academismos europeus instalados, que tendem para a pseudo-complexidade do discurso e da forma. E afinal, muitos deles, não passam de peles renderizadas para as revistas.<BR/><BR/>Um bem haja para PMRocha e RGordon!Anonymousnoreply@blogger.com