Architecture is dead
We replace the traditional notion of authorship: "I created this object," with a new one: "We nurtured this process.
REX
What is architecture anyway? Is it the vast collection of the various buildings which have been built to please the varying taste of the various lords of mankind? I think not.
No, I know that architecture is life; or at least it is life itself taking form and therefore it is the truest record of life as it was lived in the world yesterday, as it is lived today or ever will be lived. So architecture I know to be a Great Spirit....
Architecture is that great living creative spirit which from generation to generation, from age to age, proceeds, persists, creates, according to the nature of man, and his circumstances as they change. That is really architecture.
Frank Lloyd Wright
Vazios Urbanos foi o tema central da Trienal de Arquitectura de Lisboa. O conceito de “vazio” é interessante, como demonstrou Mark Wigley num dos melhores momentos da conferência da Trienal. Wigley definiu a própria arquitectura como um sistema de vazios; o vazio como substância, um tecido infraestrutural que torna a arquitectura possível. Mas como arquitectos somos muitas vezes impelidos a definir o vazio como uma falha – física ou funcional – no espaço urbano. Numa abordagem simplista poderíamos considerá-lo como um vazio conceptual, um esvaziamento urbano a ser preenchido com arquitectura, como forma de o resgatar e tornar novamente parte da cidade.
A conferência da Trienal foi – simbolicamente – intitulada O Coração da Cidade, numa referência directa ao tema do CIAM 8. O que também não deixa de ser um paradoxo, pois que no nosso entendimento do que é a cidade ainda persiste esta ideia de “centro” – uma ideia de centralidade de onde derivaria a própria identidade da cidade.
Mas o que é a cidade de hoje? Wigley diria, na sua maneira sempre fascinante, que a beleza da cidade resulta de não sabermos de facto o que ela é. E por isso insistimos em teorizá-la, em criar uma hipótese para a “cidade”.
Penso que este desconhecimento é a essência do problema da arquitectura, hoje, numa perspectiva urbana, e reflecte a cisão contemporânea da prática arquitectónica. E assim recordo uma das minhas passagens favoritas de Terre des Hommes de Exupéry: “Muito embora as palavras continuem a ser as mesmas, as noções de separação, de ausência, de distância, de retorno, já não contêm as mesmas realidades. Para a compreensão do mundo de hoje, usamos uma linguagem criada para o mundo de ontem. E afigura-se-nos que a vida do passado parece corresponder melhor à nossa natureza pela única razão de corresponder melhor à nossa linguagem”.
O que é então a arquitectura; o que é a cidade? Estas perguntas regressam recorrentemente para nos assombrar, lembrando-nos que não lhe conhecemos as respostas. Os próprios conceitos, as próprias palavras parecem escassas perante a rápida transformação do ambiente construído. Inventamos novas palavras – cidades globais, megacidades – para definir estes ambientes complexos com multi-centralidades e interacções exponenciais. E assim persistimos numa busca pela “verdade”, no contínuo diálogo com os velhos mestres, e reconhecemo-nos nas palavras de Frank Lloyd Wright, que certamente “a arquitectura é vida”, e assim é a cidade.
Houve, para mim, um momento essencial na conferência da Trienal de Lisboa: durante uma das sessões de debate, Thom Mayne e Carrilho da Graça trocaram argumentos que revelaram a fricção entre duas práticas arquitectónicas bem distintas. Num artigo recente publicado na Arq./a, Ana Vaz Milheiro definiu este momento, de uma forma algo condescendente, como uma confrontação entre duas atitudes opostas – uma arquitectura fluída embebida na prática Americana contemporânea; e as formas estáveis, euclidianas de Carrilho, encastradas na doutrina Europeia. O argumento desviou-se para a questão da ideia de democraticidade na arquitectura – e qual arquitectura seria mais democrática. Que é um debate interessante, mas também estúpido se centrado num plano conceptual.
E assim pareceu-me: eis dois grandes arquitectos. São ambos “arquitectos”, e no entanto é como se não fossem praticantes da mesma profissão. E, de facto, não são, e não é uma questão formal, mas algo que deriva de abordagens programáticas antagónicas ao acto de projectar.
Ora, um deles – Carrilho – apresentou os seus belos edifícios e as suas ideias sobre o fazer de um “objecto” arquitectónico. E o outro – Mayne – falou da gestão da complexidade, do processamento programático e de multi-tasking; sobre arquitectura não como uma disciplina centrada na fisionomia do “objecto” mas como uma ferramenta poderosa para gerar processos criativos que resolvam problemas urbanos reais através de uma investigação sobre a forma.
E assim, ainda que alguns possam qualificar de genial uma dissertação sobre “o paralelepípedo de pé e o paralelepípedo deitado”, fico tentado a dizer que é uma pobre reminiscência de uma arquitectura morta. Uma evidência de um outro vazio, um vazio doutrinário entre o arquitectónico e o urbano, entre o conceptual e o matemático. Porque a arquitectura, no mundo de complexidade em que vivemos, precisa de lacerar as fronteiras de uma cultura compartimentalizada do design, para reaver a sua importância e pertinência urbana – ser tecido para a elaboração dos processos complexos e os fluxos da cidade. Como se a própria arquitectura deixasse de ser primordialmente uma disciplina de desenho para tornar-se uma disciplina de não-desenho. Porque nela residem múltiplos planos do real: o artístico e o tecnológico, mas também o económico, o social, jurídico, ambiental e outros.
A arquitectura morreu. E uma nova arquitectura é necessária. Uma arquitectura que é, em muitas maneiras, a suprema forma de engenharia e design. Arquitectura como uma plataforma colaborativa para processar novas formas de questionar as muitas complexidades da vida. Uma complexidade que não se ajusta a objectos abstractos, sem vida, mas antes requer soluções formais que implementem estratégia e visão. Pois que a “arquitectura é vida”, e viva deve ser feita.
Adeus Torre do Burgo, o meteorito está a chegar…
Architecture Is Dead
Urban Voids was the main theme of the Lisbon Architecture Triennale. The concept of “void” is an interesting one, as Mark Wigley proved in one of the greatest moments of the Triennale’s main conference. Wigley defined architecture itself as a system of voids; void as substance, the very infrastructural fabric that makes architecture possible. But as architects we are often impelled to define the void as a flaw – physical or functional – in the urban space. In a simplistic approach we could then consider it to be a conceptual void, an urban emptiness to be filled with architecture, so as to be rescued and become again a part of the city.
The conference of the Triennale was actually - and symbolically - titled The Heart of the City, in a direct reference to the theme of the CIAM 8. Which is also a bit of a paradox, for in our understanding of what the city is we’re still bound to that focusing on it’s “core” – an idea of centrality from which the identity of the city is to be perceived.
But what is the city today? Wigley would say, in his own fascinating way, that the beauty of it is that we don’t really know what it is. And so we thrive to theorize it, to create an hypothesis of the “city”.
I believe that this unknownability is the very essence of the problem of architecture today in an urban perspective, and it reflects a contemporary split in architectural practice. And so I often remember one of my favourite passages from Exupéry’s Terre des Hommes: “Although words remain the same, the notions of separation, longing, distance, return, do not contain the same realities. For the understanding of the world of today we use a language created for the world of yesterday. And it seems to us that life from the past is better fitting to our nature for the single reason that it better fits our language”.
So what is architecture today; what is the city? These questions come back to haunt us from time to time as a reminder of the fact that we do not know the answers. The very concepts, the very words and terminology seem lacking before the rapid transformations of the built environment. We invent new words - global cities, megacities - to define these complex environments with multiple centers and exponential interactions. And so we thrive in that search for “truth”, in our ongoing dialog with our dead masters, and we recognize ourselves in the wider words of Frank Lloyd Wright, that surely “architecture is life”, and so is the city.
There was, to me, a defining moment of the Lisbon Triennale’s conference: during one of the debate sessions, Thom Mayne and Carrilho da Graça had a short argument, much revealing of the friction between two very dissimilar architectural practices. In a recent article published in Arq./a, portuguese architect and critic Ana Vaz Milheiro defined this moment, a bit condescendingly, as a confrontation between two distinctive attitudes – a flowing architecture embedded in the contemporary American practice; and the stable, euclidean forms of Carrilho, rooted in the European doctrine. The argument was impelled towards the idea of democraticity in architecture - and which architecture is more democratic. Which is a great debate, but also a stupid one if centered in a conceptual plane.
And it seemed to me: here are two great architects. They both are architects, and yet it’s as if they’re not practitioners of the same profession. And in fact they’re not, and it’s not a formal issue, but something that derives from antagonistic programmatic approaches to the very act of project.
Now one of them – Carrilho – presented his wonderful buildings and his ideas in the making of an architectural “object”. And the other – Mayne – talked about managing complexity, of programmatic processing and multi-tasking; about architecture not as a discipline focused on the physiognomy of the “object” but as powerful tool to generate creative processes that solve real urban problems through an investigation on form.
And so, although some may qualify a presentation on “the standing and the lying paralleliped” brilliant, I’m bound to say that it’s a poor reminescence of a dead architecture. An evidence to another kind of void, a doctrinary void between the architectural and the urban, between the conceptual and the mathematic. For architecture, in the complex world we live in, needs to overcome the boundaries of a compartmentalized design culture to regain it’s urban dimension and pertinence – a fabric for elaboration on the complex processes and flows of the city. It’s almost as if architecture would cease to be, primarily, a design discipline, to become a non-design discipline. For in it dwell many different layers of reality: artistic, technological, but also economic, social, juridical, environmental and more.
Architecture is dead. And a new architecture is needed. An architecture that is, in many ways, the supreme form of engineering and design. Architecture as a collaborative platform, processing new forms of questioning the many complexities of life. A complexity that no longer fits into abstract, lifeless objects, but rather needs formal solutions that implement strategy and vision. For “architecture is life”, and alive it should be.
Bye-bye Burgo Building, there’s a meteor coming...
Trienal de Arquitectura, os últimos dias
Foram dois meses preenchidos com a Trienal de Arquitectura de Lisboa. Como alguns terão reparado, a minha colaboração com o blog da Trienal tornou as coisas um pouco mais lentas por aqui.
A Trienal está a chegar ao fim, o que quer dizer que A Barriga de um Arquitecto vai voltar em pleno. Já estão algumas ideias novas em preparação. E muitas coisas que ficaram adiadas irão agora ser publicadas.
Estamos assim na última semana da Trienal. Gostava de destacar alguns dos eventos que não deveriam perder.
A última sessão do Fórum Trienal conta com a presença do arquitecto Nuno Portas num debate sobre planeamento do território, na próxima sexta-feira a partir das 17 horas. No mesmo dia, o Presidente Cavaco Silva vai entregar o Prémio Trienal numa cerimónia a realizar-se no Museu da Electricidade. Vão estar presentes os arquitectos Siza Vieira e Manuel Salgado para apresentar o arquitecto premiado – cujo nome só será conhecido durante a cerimónia.
Se ainda não viram as exposições da Trienal, aproveitem para visitar o Pavilhão de Portugal e a Cordoaria Nacional durante o próximo fim-de-semana.
A exposição monográfica dedicada à obra de Siza Vieira foi prolongada e estará presente no Museu da Electricidade até dia 9 de Agosto. Ao visitar, não percam também a exposição “Inner City” de Arnie Zimmerman.
Quanto ao Grupo da Trienal no Flickr, continua a crescer e reúne já cerca de 300 imagens. E é tudo. Não se esqueçam, a Trienal termina na próxima terça-feira, 31 de Julho.
Lisbon Architecture Triennale, the final days
It’s been a hectic couple of months with the Lisbon Architecture Triennale. As some of you must have noticed, my collaboration with the Triennale’s blog made things a little slower around here.
Now, the Triennale is coming to an end, and that means that The Belly of an Architect will come back at full steam. There’s already some plans in the making. And many things that got delayed in the process, that will now come to light. So bear with me for a few more weeks as I get my bearings - and hopefuly take a short vacation.
Anyway, since we are on the final week of the Triennale I would like to highlight some of the things that you shouldn’t miss (if you’re in Portugal, that is).
The final session of the Triennale Forum will feature the presence of architect Nuno Portas in a debate about regional planning, next Friday. The Portuguese President Cavaco Silva will deliver the Triennale Award, also this Friday, in the Electricity Museum. Architects Siza Vieira and Manuel Salgado will be present to honor the awarded architect – whose name will only be revealed at the ceremony.
If you haven’t seen the Triennale’s exhibitions yet, make sure you visit the Portugal Pavilion and the Metropolitan Areas exhibit at Cordoaria Nacional, this weekend.
The monographic exhibition dedicated to the life and work of Siza Vieira has been extended and will be on display in the Electricity Museum until August 9th. Make sure you don’t miss Arnie Zimmerman’s “Inner City” if you go there.
The Triennale Flickr Pool now has up to 300 images, so you should also check it out. And that’s mostly it. Remember, the Triennale ends next Tuesday, July 31st.
The smaller group
“I hold a cup in my class and say we are going to redesign this, and most students immediately start to work with the shape, but smaller group will ask questions like; how many of these cups are needed every year? How many times is each cup used? How many cubic yards they will take in the garbage dump after they are tossed out? How quickly they will decompose?
That is where I am moving into right now. I am more into that smaller group where they ask these questions, which is also my nature. I always ask questions. We all start as formal designers, we start asking questions, as to who we are as architects, but the questions are changing as our office culture is changing. Again, architecture is nothing more than how you articulate questions and questions you choose to address. Because you cannot address all the questions, it is really, about which ones you choose to address. People think of architecture as form and language, but it is not that at all. The ones are asking formal questions are doing architecture just at that level and they are not asking other questions, right?”
Thom Mayne em entrevista à Archinect durante uma pausa para o café.
Thom Mayne in “Coffee-Break”, via Archinect.
Siza visto do céu
Arquitectura de Álvaro Siza vista do céu; algumas imagens de um trabalho em progresso de Fernando Guerra.
Igreja de Santa Maria Marco de Canaveses
Pavilhão Multi-usos em Gondomar
Faculdade de Arquitectura do Porto
Casa Vieira de Castro Vila Nova de Famalicão
Museu de Arte Contemporânea da Fundação Serralves
Casa de Chá Boa-Nova Leça da Palmeira
Piscina das Marés Leça da Palmeira
Siza from the sky
Álvaro Siza’s architecture viewed from the sky; a work in project by Fernando Guerra.
Igreja de Santa Maria Marco de Canaveses
Pavilhão Multi-usos em Gondomar
Faculdade de Arquitectura do Porto
Casa Vieira de Castro Vila Nova de Famalicão
Museu de Arte Contemporânea da Fundação Serralves
Casa de Chá Boa-Nova Leça da Palmeira
Piscina das Marés Leça da Palmeira
Siza from the sky
Álvaro Siza’s architecture viewed from the sky; a work in project by Fernando Guerra.
Architecture Is Dead, o teaser
Este é um poster fictício, feito para ilustrar um texto que ando a escrever. Para publicar, talvez para a semana.
Architecture Is Dead, the teaser
A fake poster of my own design, conceived to illustrate a text I’m currently writing. To be released, maybe next week.
Espaços Habitáveis
Chegou ao fim o I Concurso Arquitectura.pt "Espaços Habitáveis". A competição tinha por mote a criação de um espaço habitável com 27m3, sendo essa a única restrição a um programa completamente livre. Eis as propostas premiadas:
VENCEDORES/WINNERS
1º DELLY – PARK RUBIKS CUBE
2º NORMAN - PROPUESTA
3º THAISGOES – CONCURSO ESPAÇOS HABITÁVEIS
MENÇÕES HONROSAS/HONORABLE MENTIONS
CATALUNA – APROPRIAÇÃO DO OBJECTO HÍBRIDO
NUNO CAPÊLO DE SOUSA – ESPAÇOS HABITÁVEIS
F_4 – PROPOSTA DO GRUPO F4
MENÇÃO ESPECIAL/SPECIAL MENTION
CADFRE – ZIGZAG PARA-SITE
OUTRAS PARTICIPAÇÕES/ADDITIONAL PARTICIPATIONS
Para além das propostas vencedoras existem outras merecedoras de um olhar mais atento. Deixo assim um conjunto de breves impressões pessoais sobre participações não premiadas que me despertaram atenção.
FUNDO – ESPAÇOS HABITÁVEIS EM 27 METROS CÚBICOS
Uma das selecções que fiz para “menção honrosa” e uma das minhas propostas preferidas. Acho muito pertinente esta ideia de Stonehenge urbano composto por objectos efémeros à mutação da cidade, em contradição com o sentido que geralmente lhe associamos de permanência.
KICO – XKUBO
Uma das propostas mais surpreendentes, uma esfera aparente em lâminas de madeira, ocultando no seu interior um cubo perfeito de betão translûcido. Um objecto difuso para abrigar cidadãos sem-abrigo – e uma provocadora observação sobre o esconder social da exclusão urbana que pode estar, afinal, em toda a parte, alheio ao nosso olhar.
TEIGAS – ESPAÇO AMESTERDÃO
Uma transposição directa do símbolo da Arquitectura.pt transformado em módulo suspenso de habitação momentânea, caixa multi-usos para ver e ser visto na cidade.
JOAOCASILVA – (PUBLI)CITY SPACE
Diversas propostas exploraram a ideia de apropriação de suportes publicitários, neste caso de uma forma bastante insólita.
MARTAMOREIRA – TEMP-SPACE
Novamente uma apropriação de um espaço “outdoor”, aqui assumindo-se como espécie de contentor expansível.
SURREAL – THE PIXEL
A formalização poderia justificar alguma elaboração, mas a ideia de arquitectura como reality-show parece-me tão perturbante quanto genial. A sobre-exposição do indivíduo numa cidade painel é uma excelente ironia sobre o espaço social na cidade contemporânea.
HUGOPASTOR – HABITAT TR3S
Mais um objecto replicante. Uma visão hiper-funcional do habitar e talvez uma pequena metáfora sobre a expansão de uma “cidade genérica”.
MALAISE – PROPOSTA
Um destaque final para esta caixa-palco, abrigo que se transforma em espaço de teatro espontâneo ou lugar para eventos culturais.
O resultado da associação colectiva de selecções do júri acabou por fazer prevalecer propostas de execução mais elaborada, em detrimento de outras menos desenvolvidas mas nem por isso menos estimulantes. O projecto vencedor “Rubik’s Cube” sobressaiu pela qualidade das peças gráficas mas também pela capacidade de explorar o apelo do objecto sem comprometer uma intenção verosímil; característica que se transpõe também nas restantes propostas premiadas. Das três escolhas, o contentor descapotável da “Propuesta” é o que revela um sentido mais comunitário e, por isso, um maior sentido de urbanidade. Mas é ao nível das menções seleccionadas que surgem as verdadeiras surpresas, objectos de alguma forma intrusivos do espaço urbano, apropriações menos previsíveis de suportes existentes ou possíveis; por vezes improváveis e, por isso mesmo, capazes de repercutir um estímulo de vivência sobre o real.
Parece-me, no entanto, que o verdadeiro interesse desta iniciativa surge de olhar a diversidade do conjunto de ideias apresentadas. Por vezes insólitas, outras com algum grau de ingenuidade. É essa a razão que me faz apresentar participações adicionais que ficaram fora da selecção final mas que despertam uma maior riqueza de leitura e imaginário. Destacando assim o “Stonehenge Urbano” e as demais concepções curiosas sobre esta possibilidade de “container” habitável. Ou de desmontar sentidos e extrudir formas mais convencionais de o experimentar, como no caso do “Xkubo” e do “Espaço Amesterdão”, estes últimos questionando mais a relação com a envolvente urbana do que o objecto em si.
Parabéns ao portal Arquitectura.pt pela iniciativa e a todos os que, sem excepção, participaram com o seu tempo e o seu esforço.
Livable Spaces
Website Arquitectura.pt (portuguese) organized it’s first competition, titled “Livable Spaces”. Participants were asked to create a housing module with a maximum volume of 27m3. These are the awarded proposals.
[images above]
The balance of jury selections determined the predominance of more elaborate proposals, in detriment of less structured entries that were, in some cases, equally stimulating. The winning “Rubik’s Cube” was noticeable for its graphic quality but also for the capacity to explore the appeal of a constrainted object, without compromising an intention of practicality; a characteristic that was, somehow, recurrent on the remaining prized entries. Of the three awarded proposals, the convertible container of the “Propuesta” is probably the one that reveals a real communitarian sense and, therefore, a greater sense of urbanity. But it’s probably among the selected mentions that the real surprises arise, objects that are somehow intrusive of the urban space, less predictable appropriations of existing supports; sometimes improbable and consequently more impressive and stimulating.
I think that the real interest of this initiative comes from the diversity of ideas. Sometimes surprising, others with a delightful sense of naivety. That’s why I think it’s important to consider some of those proposals that were left out of the final selection. They were, in some cases, even more startling and imaginative. I would highlight the “Urban Stonehenge” among the remaining curious solutions for this livable container, as revealed by the “Xkubo” and the “Amsterdam Space”.
Congratulations to the portal Arquitectura.pt for the initiative and to all the participants.
VENCEDORES/WINNERS
1º DELLY – PARK RUBIKS CUBE
2º NORMAN - PROPUESTA
3º THAISGOES – CONCURSO ESPAÇOS HABITÁVEIS
MENÇÕES HONROSAS/HONORABLE MENTIONS
CATALUNA – APROPRIAÇÃO DO OBJECTO HÍBRIDO
NUNO CAPÊLO DE SOUSA – ESPAÇOS HABITÁVEIS
F_4 – PROPOSTA DO GRUPO F4
MENÇÃO ESPECIAL/SPECIAL MENTION
CADFRE – ZIGZAG PARA-SITE
OUTRAS PARTICIPAÇÕES/ADDITIONAL PARTICIPATIONS
Para além das propostas vencedoras existem outras merecedoras de um olhar mais atento. Deixo assim um conjunto de breves impressões pessoais sobre participações não premiadas que me despertaram atenção.
FUNDO – ESPAÇOS HABITÁVEIS EM 27 METROS CÚBICOS
Uma das selecções que fiz para “menção honrosa” e uma das minhas propostas preferidas. Acho muito pertinente esta ideia de Stonehenge urbano composto por objectos efémeros à mutação da cidade, em contradição com o sentido que geralmente lhe associamos de permanência.
KICO – XKUBO
Uma das propostas mais surpreendentes, uma esfera aparente em lâminas de madeira, ocultando no seu interior um cubo perfeito de betão translûcido. Um objecto difuso para abrigar cidadãos sem-abrigo – e uma provocadora observação sobre o esconder social da exclusão urbana que pode estar, afinal, em toda a parte, alheio ao nosso olhar.
TEIGAS – ESPAÇO AMESTERDÃO
Uma transposição directa do símbolo da Arquitectura.pt transformado em módulo suspenso de habitação momentânea, caixa multi-usos para ver e ser visto na cidade.
JOAOCASILVA – (PUBLI)CITY SPACE
Diversas propostas exploraram a ideia de apropriação de suportes publicitários, neste caso de uma forma bastante insólita.
MARTAMOREIRA – TEMP-SPACE
Novamente uma apropriação de um espaço “outdoor”, aqui assumindo-se como espécie de contentor expansível.
SURREAL – THE PIXEL
A formalização poderia justificar alguma elaboração, mas a ideia de arquitectura como reality-show parece-me tão perturbante quanto genial. A sobre-exposição do indivíduo numa cidade painel é uma excelente ironia sobre o espaço social na cidade contemporânea.
HUGOPASTOR – HABITAT TR3S
Mais um objecto replicante. Uma visão hiper-funcional do habitar e talvez uma pequena metáfora sobre a expansão de uma “cidade genérica”.
MALAISE – PROPOSTA
Um destaque final para esta caixa-palco, abrigo que se transforma em espaço de teatro espontâneo ou lugar para eventos culturais.
O resultado da associação colectiva de selecções do júri acabou por fazer prevalecer propostas de execução mais elaborada, em detrimento de outras menos desenvolvidas mas nem por isso menos estimulantes. O projecto vencedor “Rubik’s Cube” sobressaiu pela qualidade das peças gráficas mas também pela capacidade de explorar o apelo do objecto sem comprometer uma intenção verosímil; característica que se transpõe também nas restantes propostas premiadas. Das três escolhas, o contentor descapotável da “Propuesta” é o que revela um sentido mais comunitário e, por isso, um maior sentido de urbanidade. Mas é ao nível das menções seleccionadas que surgem as verdadeiras surpresas, objectos de alguma forma intrusivos do espaço urbano, apropriações menos previsíveis de suportes existentes ou possíveis; por vezes improváveis e, por isso mesmo, capazes de repercutir um estímulo de vivência sobre o real.
Parece-me, no entanto, que o verdadeiro interesse desta iniciativa surge de olhar a diversidade do conjunto de ideias apresentadas. Por vezes insólitas, outras com algum grau de ingenuidade. É essa a razão que me faz apresentar participações adicionais que ficaram fora da selecção final mas que despertam uma maior riqueza de leitura e imaginário. Destacando assim o “Stonehenge Urbano” e as demais concepções curiosas sobre esta possibilidade de “container” habitável. Ou de desmontar sentidos e extrudir formas mais convencionais de o experimentar, como no caso do “Xkubo” e do “Espaço Amesterdão”, estes últimos questionando mais a relação com a envolvente urbana do que o objecto em si.
Parabéns ao portal Arquitectura.pt pela iniciativa e a todos os que, sem excepção, participaram com o seu tempo e o seu esforço.
Livable Spaces
Website Arquitectura.pt (portuguese) organized it’s first competition, titled “Livable Spaces”. Participants were asked to create a housing module with a maximum volume of 27m3. These are the awarded proposals.
[images above]
The balance of jury selections determined the predominance of more elaborate proposals, in detriment of less structured entries that were, in some cases, equally stimulating. The winning “Rubik’s Cube” was noticeable for its graphic quality but also for the capacity to explore the appeal of a constrainted object, without compromising an intention of practicality; a characteristic that was, somehow, recurrent on the remaining prized entries. Of the three awarded proposals, the convertible container of the “Propuesta” is probably the one that reveals a real communitarian sense and, therefore, a greater sense of urbanity. But it’s probably among the selected mentions that the real surprises arise, objects that are somehow intrusive of the urban space, less predictable appropriations of existing supports; sometimes improbable and consequently more impressive and stimulating.
I think that the real interest of this initiative comes from the diversity of ideas. Sometimes surprising, others with a delightful sense of naivety. That’s why I think it’s important to consider some of those proposals that were left out of the final selection. They were, in some cases, even more startling and imaginative. I would highlight the “Urban Stonehenge” among the remaining curious solutions for this livable container, as revealed by the “Xkubo” and the “Amsterdam Space”.
Congratulations to the portal Arquitectura.pt for the initiative and to all the participants.
REX rules
Os créditos vão para John Hill por descobrir a notícia primeiro. Após estar congelado durante meses, o sítio web da REX está agora abastecido com os últimos trabalhos de Joshua Prince-Ramus e Erez Ella.
REX rules
Credits go to John Hill for spotting it first. After being frozen for months, the REX studio website is now fully loaded with the latest works of Joshua Prince-Ramus and Erez Ella.
Momento geek
Uma das regras para preservar uma aparência séria enquanto blogger é manter um certo nível de sobriedade em relação ao template. Isso quer dizer que não se deve instalar toda a espécie de caixinhas apelativas e fazer uma grande desarrumação da apresentação. Torna-se difícil, no entanto, uma vez que gadgets geniais estão sempre a aparecer na web. Ora, toda a gente gosta de música, em especial se for de borla. Tenho experimentado alguns dos serviços de música online como o Radio.blog e o Imeem, e agora estou a ficar esmagado com o Finetune. Não é que seja original. Permite construir uma playlist das vossas músicas favoritas a partir de uma biblioteca musical interminável. Existem algumas restrições relacionadas com aspectos legais: basicamente, uma playlist tem de ter um mínimo de 45 pistas para ficar activa, e só se podem introduzir 3 músicas do mesmo autor. Para lá disso, vale tudo. E é grátis. E legal.
O Finetune permite instalar as playlists num blog. Infelizmente, o único estilo de caixa disponível de momento é o que podem ver acima. É um bocado grande para introduzir na barra lateral, e é feio também. Assim, até que eles disponibilizem um player alternativo e minimal, vou deixar isto de fora do blogroll. Mas publico-o na mesma, para vossa diversão pessoal. Ou não. Música para ouvir enquanto se lê (ou escreve) um blog.
Geek moment
One of the basic rules to keep an appearance of seriousness as a blogger is to maintain a degree of sobriety regarding your template. That means you shouldn’t install every little embeddable eye candy and make a big mess of things. It gets a little tough, though, since cool things are appearing on the web all the time. Now, everybody loves music, especially if it’s free. I’ve been trying some of the streaming music providers like Radio.blog and Imeem, and have now fallen in love with Finetune. It’s not that original. You can build a playlist of your favourite songs from a huge music library. There are some restrictions regarding legal issues: basically you need to build a playlist with a minimum of 45 tracks, and you can only choose 3 tracks from the same artist. Other than that, everything goes. And it’s free. And legal.
Finetune allows for you to embed your playlist on a blog. Unfortunately, the only embed-style available right now is the one you see above. It’s kind of big to insert in the sidebar, and it’s a bit ugly too. So until they feature an alternate, minimalist player, I’m keeping it out of the blogroll. But here it goes anyway, for your own personal enjoyment. Or not. Music to listen to while blogging.
Trienal Flickr pool
A “pool” da Trienal de Arquitectura no Flickr soma já mais de centena e meia de fotografias, mas queremos sempre mais. Por isso, se tiverem imagens vossas, registem-se no grupo e juntem-se à festa.
Triennale Flickr pool
The Lisbon Architecture Triennale Flickr pool has now over one hundred and fifty photos, but we always want more. So, if you have images of your own, just check in and join the party.
Triennale Flickr pool
The Lisbon Architecture Triennale Flickr pool has now over one hundred and fifty photos, but we always want more. So, if you have images of your own, just check in and join the party.
Space bubbles
Um homem numa viagem de milhares, talvez milhões de anos, viajando através do universo numa bolha espacial. Pode não ser fácil destrinçar o que é real e imaginário no último filme de Darren Aronofsky, The Fountain, mas eu confesso-me rendido à ideia desta viagem imortal a uma nébula à beira do colapso. E se acham que isso é estranho, vejam as imagens impressionantes da Bubble Nebula, também chamada de NGC7635. Um violento vento espacial e radiação intensa de uma estrela, que se supõe ter 10 a 20 vezes o tamanho do Sol, deflagrou uma estrutura de gás radiante e material denso que se transformou numa nuvem molecular.
E algumas pessoas acharam que o filme era incompreensível...
Space bubbles
One man on a journey for thousands, maybe millions of years, travelling across the universe in a space bubble. It may not be easy to discern from what’s real and imaginary in Darren Aronofsky’s The Fountain, but I for one am surrendered to the idea of this immortal voyage into a dying nebula. And if you think that’s weird, check out those striking images of the (no kidding) Bubble Nebula, also called NGC7635. A fierce stellar wind and intense radiation from a star, which likely has a mass 10 to 20 times that of the Sun, has blasted out the structure of glowing gas against denser material in a surrounding molecular cloud.
And some people thought the film was bizarre…
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