Empena



Quanto tempo demora o agora? Fotografia de Lara Alegre.

Sim City



Uma cidade fantasma que parece extraída de um jogo de Sim City, em construção nos arredores de Luanda. Uma “paisagem” distante de conceitos convencionais de geografia urbana para o ciclo de vida das cidades, porque não é já de cidades que se trata. Estamos perante a materialização de uma lógica de investimento que já não carece de pessoas – a cidade que se auto-constrói como uma bolha dentro da sua própria bolha.

Uma curiosa forma de “desenvolvimento” que perdeu de vista qualquer noção de progresso. O que vemos aqui são modelos importados de realidades urbanas já de si esgotadas e falidas. Algures, num banco na Ásia distante, isto é um activo financeiro vendido em títulos e oscilando ao sabor das expectativas. A cidade é já um mero acessório do mercado financeiro. Uma simulação de economia. Sim City.

North Atlantic



Ainda vão a tempo de ver e votar na curta-metragem North Atlantic, escrita e realizada por Bernardo Nascimento, em competição no Your Film Festival organizado pelo YouTube com o apoio de Ridley Scott. Não percam – e não se esqueçam de votar no final!

North Atlantic is one of the semi-finalists in Your Film Festival , promoted by YouTube and Ridley Scott. Please watch and, if you like it, don’t forget to express your support with your vote. Thanks!

O que te separa de um Pritzker



Ira Glass fala sobre a dificuldade em atingir as expectativas pessoais quando se está no início de uma carreira. A exposição tem como ponto de partida o mundo dos media mas a sua argumentação é universal. Segue-se uma transcrição (um pouco livre):

Ninguém diz isto a quem está a começar. Eu gostava que o tivessem partilhado comigo. Que todos nós, que fazemos trabalho criativo, somos atraídos para aqui porque temos “bom gosto”. Mas deparamo-nos com esta distância inultrapassável. Durante os primeiros anos em que estamos a fazer coisas, elas não são tão boas assim. Está a tentar ser bom, tem potencial, mas não chega lá. Agora o teu gosto, essa coisa que te atraiu esta área, está a funcionar em pleno. E o teu gosto é a razão pela qual o teu trabalho te desilude.
Muitas pessoas nunca ultrapassam esta fase. Desistem. Mas quase todas as pessoas que eu conheço, que fazem trabalho interessante, criativo, passaram por isto durante anos a fio. O tempo em que sabemos que o nosso trabalho não tem aquela chama especial que nós gostaríamos que tivesse. Todos passamos por isto. E se estás apenas a começar ou se estás a passar por esta fase, tens de saber que isto é normal e que a coisa mais importante que podes fazer é trabalhar muito. Só depois de teres atrás de ti um volume grande de trabalho é que conseguirás atravessar essa distância e o teu trabalho será tão bom como as tuas ambições. Eu demorei muito tempo a compreender isto. Demora tempo. E é normal demorar tempo. O que tens de fazer é lutar para percorrer esse caminho.


O Ira Glass é um tipo espectacular. De passagem recomendo a visita ao sítio web do This American Life e a acederem ao arquivo de programas. Têm ali dinamite cerebral para muitos dias.
O que ele aqui diz aplica-se a todas as áreas de trabalho que envolvem a aplicação prática da criatividade. Aceitar as nossas limitações de partida envolve muita persistência e uma boa dose de humildade. Todos entramos pela vida adentro com entusiasmo juvenil e esquecemos que aquilo que foi difícil para os que nos antecederam será também uma adversidade para nós. Não é por sermos jovens, por termos muito piss and vinegar, que a vida nos estenderá uma passadeira vermelha de facilidades.

A humildade é, infelizmente, um daqueles valores que tem vindo a descer no rating cultural. Não é um grande afrodisíaco, não leva ninguém para a nossa cama nem fica bem no perfil do Facebook. O mundo valoriza o carisma e as qualificações sociais. Não sejamos ingénuos: a habilidade social pode catapultar uma carreira na política ou quem sabe até tornar-vos internet-famous, mais uma daquelas celebridades que têm “opiniões fortes” sobre assuntos a que dedicaram cinco minutos de leitura (nos blogues) e acabaram a escrever colunas regulares num jornal. Mas malabarismo social e uma boa imagem não fazem ganhar Prémios Nobel, Pritzkers ou medalhas de ouro das mãos da Rainha Isabel II.

É certo que não temos todos de ambicionar a genialidade. Ser Pritzker, por exemplo, não é propriamente divertido: é preciso trabalhar mesmo a sério, pensar arquitectura 24 sobre 7 dias por semana, deitar e acordar a pensar nisso, anos, décadas a fio. Alguns de nós, a maioria, gosta demasiado de diversificar a vida, dedicar-se à família, somos demasiado normais ou andamos demasiado ocupados a batalhar contra as adversidades do dia-a-dia. Mas todos temos a obrigação de ser bons naquilo que fazemos, de percorrer esse caminho para a qualidade e o valor que só pode ser percorrido com trabalho e persistência.
O brilhantismo jovem pode ser bom para corridas de velocidade mas só vos leva até certo ponto. A vida é uma prova de fundo. Vencer o longo curso exige uma mistura de confiança, humildade e trabalho. Acima de tudo, exige resistência para não desistir, nem perante o ladrar de beira de estrada, nem perante o obstáculo mais importante de todos: os vossos próprios sonhos.

Decalque



A diferença que faz uma película de vinil. Via Stunt of the Day.