Beyond



Beyond é uma nova publicação dedicada à exploração das fronteiras entre a arquitectura, a literatura e as artes visuais. A primeira edição, dirigida por Pedro Gadanho, apresenta uma série de ensaios prospectivos que abordam a incerteza colectiva em relação ao futuro do mundo urbano.

O género de ficção científica sempre se construiu sobre a realidade do seu tempo. À medida que o mundo muda, assim mudam a nossa imaginação e os nossos medos. A ficção do mundo moderno era dominada pela opressão da ideologia e do controlo colectivo. O Admirável Mundo Novo de Huxley é um manifesto contra a ameaça da utopia absoluta. Quarenta anos depois, um jovem George Lucas projectava um lugar semelhante na sua primeira longa-metragem. THX 1138 foi produzido no auge da oposição à Guerra do Vietname, retratando um mundo desumanizado em que os sentimentos e compulsões individuais eram suprimidos através de drogas e manipulação psicológica.
É interessante notar que a ficção contemporânea não é tanto sobre controlo como sobre a perda de controlo. O pós-contemporâneo é o mundo da incerteza, de fenómenos espontâneos irreprimíveis. Se em tempos tínhamos medo daquilo que esperávamos, talvez hoje nos cause mais temor o que não se consegue percepcionar em escala e profundidade.

As histórias apresentadas na Beyond variam entre a quase-ficção e o reino da conjectura pura. No seu artigo introdutório, Taken to Extremes, Pedro Gadanho especula sobre o futuro do arranha-céus numa economia em declínio: mega-estruturas verticais tornam-se no derradeiro reduto dos privilegiados perante a decadência urbana em redor. Um futuro distópico que pode vir a pagar o seu tributo aos trabalhos ficcionais de William Gibson, Arthur C. Clarke, Philip K. Dick. Um lugar onde a arquitectura se pode vir a tornar na grande barreira social da humanidade.





Beyond is a new book series devoted to the exploration of the boundaries between architecture, literature and visual arts. The first edition of Beyond, directed by Pedro Gadanho and suggestively subtitled Scenarios and Speculations, addresses our common uncertainties towards the future of the urban world through a series of prospective essays authored by European architectural writers.

Science fiction was always built upon the reality of its time. As the world changes, so does our imagination and our fears. The fiction of the modern world was dominated by the oppression of ideology and collective control. Huxley’s Brave New World is a powerful manifest against the menace of an absolute Utopia. Forty years later, George Lucas envisioned such a world in his first feature film. THX 1138 was released in the height of opposition to the Vietnam War and portrayed a dehumanized world where individual feelings and compulsions were suppressed, through drugs and indoctrination.
Interestingly, contemporary fiction is not so much about control as it is about the loss of control. The post-contemporary is a world of uncertainty, of spontaneous, uncontrollable phenomena. If we were once afraid of that which we expected, perhaps we are now more terrified of a future we cannot perceive in depth and scale.

The stories presented in Beyond range from near-fiction to the realm of pure conjecture. In his introductory article, Taken to Extremes, Pedro Gadanho speculates about the future of high-rise buildings under a declining economy: vertical megastructures become strongholds for the chosen few, surrounded by never-ending urban slums. A dystopian future that could pay tribute to the fictional works of William Gibson, Arthur C. Clarke, Philip K. Dick. A place where architecture may become the greatest social divide of mankind.

3 comentários:

  1. Pelo que me parece, mais uma revista que poderá valer a pena.
    Poderia informar-me se é fácil encontrar, em Lisboa, ou se é das tais que só encomendando?

    Ab
    Pedro

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  2. Penso que a aposta mais segura é apostar na Livraria A+A, na sede da ordem. É melhor ligar para confirmar. O número é o 213 421 927.
    Abraço!

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  3. "densidade" um palavra que mete medo aos portugueses, que preferem um país disperso e desqualificado.

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