The Urbs

O Gridskipper está a promover os The Urbs: 2005 Urban Blogging Awards. A lista de nomeados é coisa para se levar a sério com muitas categorias para cobrir o espectro da vida urbana e arquitectónica por esse mundo fora. Vale a pena percorrer os muitos blogues ali presentes, enquanto vamos ficando à espera de saber os resultados.

Subway dreams



(via)

Nota: ver também Architecture of density (Hong Kong).

A derrapagem já começou

Em Janeiro de 2000, Jorge Coelho, então Ministro do Equipamento Social, apresentava na Assembleia da República a intenção governamental de avançar para a construção do projecto do novo aeroporto na Ota. A transcrição da sessão parlamentar pode ser lida aqui (bem divertida por sinal).

Na altura, Jorge Coelho apresentava o seguinte cenário orçamental:
(...) gostaria de vos dizer, Srs. Deputados e Sr. Presidente, que considero fundamental que, associado a este grande investimento, que é um investimento que vos direi, rapidamente, que, de acordo com os estudos que temos hoje em dia, a preço de 1998, custará 270 milhões de contos e, a preços correntes, com uma taxa de inflação de 3% ao ano, 335 milhões de contos... Mas considerando o custo do capital alheio, a uma média de 6,5%, considerando os custos financeiros, diremos que é um investimento que pode ir até 375 milhões de contos. Como é que é a estrutura financeira de referência? Fundos comunitários previstos no III QCA, 65 milhões de contos; cash flow livre, que a própria ANA pode gerir, 42 milhões de contos; capital alheio, 201 milhões de contos; e parceiros privados, neste caso, o Estado também, 27 milhões de contos. Ou seja, como podem ver, a concretização desta grande obra pode ser feita, em termos de financiamento, numa parte muito significativa, por iniciativa privada, para poder ser concretizada nos termos em que referi.

Em 2000, o ex-ministro socialista apresentava como pior cenário o valor global de 375 milhões de contos para a realização da obra. Agora, em 2005, o novo governo socialista avança, suportado nos dados da NAER, o novo valor de 3,5 mil milhões de euros, quase o dobro do valor indicado há apenas cinco anos. Repare-se que não são ainda conhecidos os custos suplementares que irão resultar do reforço das acessibilidades rodoviárias e ferroviárias e o envolvimento estatal na sua realização.
É caso para dizer que a derrapagem já começou.

Ainda sobre o novo aeroporto internacional (OTA)

O sítio web da Sociedade de Geografia de Lisboa apresenta vários artigos interessantes sobre o novo aeroporto (ver NAER, Novo Aeroporto S.A.) na sua secção de transportes. Destaque para o estudo OTA e TGV Lisboa-Porto – Um erro por 2000 milhões de contos. Para que conste.

História de uma rua

A história da Rua Ramalho Ortigão contada no blog Viver Melhor no Bairro Azul (via Viver na Alta de Lisboa) é um bom exemplo dos pesados custos que a má gestão das cidades tem sobre a vivência e qualidade de vida dos que a habitam. O texto assertivo e directo dá o mote para um abaixo-assinado apelando à intervenção do município de Lisboa.
Para ver como os blogs podem ser ferramentas para promover mais consciência e cidadania, num registo construtivo e com assinatura.

Um beijo é apenas um beijo



Como um beijo entre duas jovens, uma com dezanove anos e a outra com dezassete, se torna numa grande declaração política. Como se medem os actos a as palavras: adolescência, província, inocência, experiência. Como uma carícia de corredor se transforma em editorial jornalístico; o beijo em acto nacional.
Vejamos a relevância do beijo: quem faz o quê com quem. O significado colectivo daquilo que fazemos, com quem o fazemos e porquê. E como perdemos destas duas jovens o sentido daquilo que são, se estão bem, se são felizes, se sentem estar a fazer as escolhas acertadas para as suas vidas. E se conseguimos sequer vislumbrar que, para lá de tudo, ninguém tem nada a ver com isso.
Esconda-se o beijo. Somos os filhos deste desgostar; um país onde não se gosta das pessoas. Para a polícia do beijo não interessam as jovens mas o acto e o seu significado. O gesto mede-se, julga-se e condena-se. Denunciam-se os filhos aos pais.
Mas o amor, nas suas diversas formas, é um bem precioso. No país do desamor entre as pessoas, talvez seja mesmo dos poucos lugares onde se podem encontrar forças para crescer. Solte-se o beijo, então...

Sky Nights



Ilustrações de Rasmus Poulsen.

(via)

I'll Be Home For Christmas



I'll be home for Christmas
You can count on me
Please have snow and mistletoe
and presents on the tree

Christmas Eve will find me
Where the love light gleams
I'll be home for Christmas
If only in my dreams


Kim Gannon, Walter Kent, 1943.

(imagem via)

Estudos para o novo aeroporto internacional (OTA)

Estão disponíveis no sítio web da NAER, Novo Aeroporto S.A. os estudos para o novo aeroporto internacional.

Ambiente construído



The Built Environment é uma exposição interactiva acessível no ScottishArchitecture.com. Um conjunto de painéis animados dão a conhecer os muitos elementos que compõem o ambiente que edificamos à nossa volta e a que somos por vezes tão indiferentes. O objectivo da iniciativa é sensibilizar para a postura corrente dos cidadãos tão despertos para aquilo que é culturalmente tido como “natural” e no entanto tão alheios à constante experiência do mundo “artificial” que as envolve e anima no dia a dia.

Nota: aceder aos dois painéis da exposição no índice do lado direito, sob o título Featured Resources: The Built Environment Exposed e The Digital Built Environment.

Dusso



Yanick Dusseault é um extraordinário artista gráfico que trabalha na área do cinema. A sua carteira profissional inclui títulos tão sonantes como a trilogia O Senhor Dos Anéis, Piratas das Caraíbas e Star Wars (Episódio III: A Vingança dos Sith), entre outros. Em Dusso, o seu site oficial, dá a conhecer algumas das suas impressionantes pinturas Matte, trabalhos de grande riqueza plástica e enorme detalhe. Muito eye candy para deslumbrar o olhar.

Nota: em cima, uma vista geral de Naboo. A não perder os cicloramas ampliáveis de Coruscant, disponíveis na secção dedicada ao filme Star Wars (Ep. III).

Playmate da semana


The Stool, Steven Stahlberg, 2004.

Com os parabéns (atrasados) ao Quase Em Português de Lutz Brückelmann por dois bons anos de blogging.

Geografismos.com

Luís Palma de Jesus começou há dois anos um dos mais exemplares ensaios de relacionamento entre blogs e ensino escolar. Hoje o Geografismos é bem mais que uma experiência; é uma certeza e uma referência de boas práticas na divulgação educativa e da riqueza da comunicação em rede.
Agora, o seu dedicado autor dá corpo ao portal Geografismos.com, uma página sólida com conteúdo imenso na sua e em outras áreas. Mapas, imagens satélite, jogos, reportagens; são muitas as razões para conhecer este novo site que é também um bom ponto de partida para tantas descobertas.

Muros de palavras

Entrei para a faculdade sem saber grande coisa de arquitectura. Cruzei por ali aqueles primeiros anos iludindo a minha ignorância com o manto da linguagem académica. Na escrita criava as minhas ideias e inundava-me em poética. Diziam-me que escrevia bem e eu acreditei.
A arquitectura aprende-se muito lentamente. No entanto, na faculdade, aprende-se muito rapidamente a falar dela. Porque temos predisposição para verbalizar a cultura pensamos que conseguimos abarcar na linguagem toda a compreensão de uma realidade, de uma forma de expressão. Podemos conceptualizar teoria em torno do espaço. Traduzir arquitectura em conceitos, ali belo, aqui austero, teatral, opressivo, libertador. Podemos fazer uma teia de referências, uma colagem de abstracções complexas. Ou exprimir a beleza das formas em escrita cheia de lirismo, como vazia de arquitectura.
Um dia percebi que nada naquela linguagem me fazia aproximar um pouco de compreender arquitectura e muito menos de fazê-la. Comecei um processo de despir a pele daquela linguagem, desmontar as teias de um academismo tão cheio de si quanto ausente de consequência.
Não sendo dado a seguidismos apatetados, aprendi a valorizar a forma como Siza fala dos seus projectos. Para um homem tão carregado em base teórica é sempre divertido vê-lo perder-se nos pormenores para dissertar sobre aquele saguão, o encosto daquele gaveto, a reflexão da luz num paramento de pedra. Como toda aquela doutrina resvala sobre o concreto, como todo aquele saber dá de beber à arquitectura.
Difícil não é assim complicar sobre o vazio mas erguer simplicidade sobre a mais complexa das coisas. Poucas obras são mais exemplares dessa mestria do que as suas Piscinas de Leça. Ali sobre uma massa de rocha assentam os seus muros contínuos, encastrados na topografia para se tornarem parte desta. Nada é espectáculo. Tudo é subtil. Divino. Para lá das palavras.

Nota: reportagem fotográfica das Piscinas de Leça da Palmeira (Álvaro Siza, 1961-66) disponível em Últimas Reportagens.

Para desanuviar



Muito divertida esta casinha para gatos, da autoria de Jane Hamley Wells. Disponível entre muitas outras peças de mobiliário para exterior com um design surpreendentemente sóbrio. Para ver e desanuviar um pouco destes primeiros dias frios do Inverno.

(via)

Uma casa para pessoas que se amam

A ler O Ramo Que Semeia Raízes por Júlio Machado Vaz. Porque falar de arquitectura também é falar de pessoas.

Anúncio urgente: cães para adopção

Estão recolhidos no Canil Municipal de Évora um conjunto de cães que vão ser abatidos (em 6 dias úteis) se não forem adoptados rapidamente.
Nasceram há seis meses perto do Bairro da Malagueira e eram tratados pelos habitantes das redondezas. Para além dos cachorros, foram apanhados também o pai (de tamanho e pêlo médio; côr mista: preto, branco e castanho; cauda comprida) e a mãe (tamanho médio/grande, tipo Spring Spaniel, pêlo médio; côr preta e branca), encontrando-se todos no canil da câmara. Os cães são também brancos com malhas pretas e estão bem tratados.
Pede-se a todos os que estejam interessados em adoptar algum(ns) destes cães que entrem em contacto rapidamente com o Canil Municipal de Évora. Peço igualmente a todos os blogs da região de Évora que ajudem a divulgar este caso durante esta semana. Obrigado pela ajuda possível!

Escombros ou a vitória da ignorância



Sempre as mesmas pequenas receitas para explicar a complexidade das coisas. Sempre o mesmo “duque de trunfo” para cortar com qualquer réstia de honestidade intelectual. O que dizer então do maniqueísmo pobre com que se trata a questão das noites de violência em França no Abrupto: ou se está com “os valores” ou se chafurda na “complacência sociológica”. Não há meio termo.

Uma sociedade que olha o seu próprio vazio é o retrato desta França fragmentada por noites de motim. Desta vez não é “lá na América” onde é suposto que tudo aconteça mas no coração da Europa civilizada. Agora, depois de anos de sinais de alarme ignorados chega a crónica de uma crise anunciada. Que ninguém faça ares de surpresa. A história da violência urbana nos arredores de Paris já tem pelo menos duas décadas de existência. O estranho é como conseguimos viver, nestas nossas cidades e sociedades organizadas, neste convívio podre com a exclusão, fechados nos pequenos perímetros das nossas vidas privadas. Não ameaçados, tudo ignoramos. Lá como cá os brandos costumes do comodismo mais cego, mais insustentável, sempre regressam para acertar contas.
Temos e teremos, também cá, aquilo que merecemos. A proporção inédita que começa a tomar o fenómeno dos motins nocturnos de Paris é o retrato da nossa própria falência, da nossa incapacidade em produzir sociedade - e também cidade, porque o urbanismo também passa por aqui.
É evidente que a defesa da democracia exige a reposição da ordem, que o crime seja tratado como crime e os criminosos punidos como tal. É evidente que existem aqui múltiplos fenómenos em acção que o extremismo religioso contribui para incendiar. Mas levantar o discurso “dos valores” como se estes fenómenos fossem externos ao tecido da sociedade contemporânea é pactuar com o arranque já inevitável das rodas dentadas do extremismo: os de dentro, “dos valores”; e os de fora, “eles”, os outros.

Neste mundo globalizado nada é estanque. Tivessemos nós nascido nesses bairros, filhos dessa pobreza, atingidos porventura pelo desemprego e a exclusão, com poucos incentivos para continuar uma educação que nada nos diz, encontrado no crime e na droga o caminho da independência, pergunto-me se não andaríamos estas noites por aquelas ruas atirando pedras e incendiando lojas. Não estou a desculpabilizar. Digo apenas que me repugna tanto o criminoso como aquele que enche a boca na sua superioridade moral, nos seus valores. Onde estão eles? Onde se fazem representar nestas cidades, nestes subúrbios massificados onde se encaixotam estes imigrantes e aqueles que tem um pesado peso a pagar pela sua integração social, económica e cultural. Onde estão esses valores representados no ensino a que entregamos esses e todos os outros jovens; onde estão esses valores nos media, nos nossos comportamentos pessoais e na nossa interacção social. Ou reduzem-se esses valores a uma espécie de botões de punho com que alguns pretendem mostrar a sua elevação moral.

Iremos, como sociedade, reflectir sobre estes problemas e procurar respostas aplicáveis, na política, na economia, na educação, no urbanismo? Ou vamos persistir na mesma indiferença sobranceira e esperar pelo dia em que nos venham partir o carro, incendiar o negócio, agredir os nossos amigos ou sermos nós próprios a ir parar ao hospital?

Linky, linky

À falta de tempo para escrever resta-me enviar-vos para melhores paragens. A saber:

O site/blog de Dila Moniz com uma excelente colecção de quadros e ilustrações (via Zarp);

Almamate, fotografias com arquitectura lá dentro;

Good Residential Design Guide, um guia técnico sobre casas ambientalmente sustentáveis. Não se esqueçam de que é feito na Austrália o que significa que as especificações de aproveitamento solar podem estar viradas do avesso. O que importa é conhecer os bons princípios e ficar a perceber o que é essa coisa do know-how;

The Apartment, design gráfico e de interiores por uma agência de criativos sediada em Nova Iorque com aquela frescura de espírito que dá gosto ver;

Daydreaming Of Worlds Unseen, os devaneios antigos de Michael Heilemann sobre tecnologia e jogos, muitos jogos;

Aires Mateus, o novo sítio web de Manuel e Francisco Aires Mateus;

Grupo3, atelier de arquitectura sediado no Porto.

Se não vos chegar, resta-me recomendar a lista de últimos links na barra lateral com alguns novos blogues e outros destinos. Os mais corajosos podem tentar seguir por aí abaixo.