As Operações SAAL - Sessão Especial



Continua em exibição até ao dia 3 de Junho, no Cinema City Classic Alvalade, o documentário As Operações SAAL. O filme procura captar o espírito único que conduziu o processo participado de construção de habitação envolvendo arquitectos e população no período do pós-25 de Abril, momento histórico irrepetível cujo alcance extravasa para a problemática mais lata da participação democrática nos destinos da sociedade.
Destaque para a Sessão Especial a decorrer na próxima segunda-feira, dia 1 de Junho às 19h15, que contará com as presenças do realizador João Dias e do arquitecto João Luís Carrilho da Graça, recentemente galardoado com o Prémio Pessoa. A não perder.

«Está na presença de um Pritzker»



A primeira edição da nova série do Jornal Arquitectos (n.º 234), com direcção de Manuel Graça Dias, abre com o sugestivo tema de capa «Ser Populista». O editorial inicia o debate sobre a forma como a arquitectura é discutida no espaço público, lugar tantas vezes enviesado por argumentações demagógicas que, na sua aparência, se parecem revestir da legitimidade própria das evidências indiscutíveis.
Graça Dias faz uma breve referência à polémica que rodeou a proposta do edifício no Largo do Rato, da autoria de Frederico Valsassina e Manuel Aires Mateus. Vale a pena relembrar que, a respeito deste projecto em particular, autarcas da cidade de Lisboa utilizaram expressões como «excrescência urbana» e «ditadura da arquitectura da modernidade». No calor do momento até a intelectualmente insuspeita Clara Ferreira Alves exprimiu as suas perplexidades na sua crónica regular no Semanário Expresso: «(…) que os bairros antigos das cidades são para ser deixados em paz, reabilitados e mantidos longe das garras modernistas de arquitectos visionários que normalmente habitam bairros tradicionais, casas tradicionais, e jamais põem os pés como moradores e utilizadores nos monos que eles assinam».
A conflituosidade parece tornar-se registo recorrente do modo como se discute arquitectura, fora do meio estrito da profissão. O eco destas controvérsias repete-se em petições onde prevalece, na maior parte dos casos, o apelo à emoção sobre uma desejável busca argumentativa de base racional.

O problema que Graça Dias identifica tem, no entanto, duas faces distintas. Como o próprio refere: «(…) lutar contra todas as formas de populismo que cercam a nossa actividade, pressupõe, também, que consigamos, nós arquitectos, retirar o máximo de arbitrário que possa existir nos desenhos que propomos».
A este respeito importa dizer que, no caso do Largo do Rato, estamos perante um projecto de iniciativa privada sobre um terreno particular, cujos contornos jurídicos e financeiros são bem distintos daqueles que rodeiam as obras de promoção pública. Nesse âmbito ganham ainda mais sentido as palavras seguintes do editorial do JA. Escreve Graça Dias:
«Dito de outro modo, o populismo ganha maior amplificação e capacidade de sedução se, do outro lado, o trabalho do arquitecto não conseguir provar a fundamentação das diversas opções; se, realmente, a carga de arbitrariedade for de tal modo evidente que a defesa das escolhas fique encurralada no pântano dos “gostos”.»

O debate que se desenvolve nos vários artigos que compõem esta edição do Jornal de Arquitectos enferma da dificuldade em extravasar a discussão do plano da generalidade. É mais difícil dissecar estes problemas quando falamos de projectos específicos, nesse território ingrato onde as pessoas têm nome. Onde as palavras, mesmo se assertivas, ferem a susceptibilidade e podem magoar colegas que nos são próximos ou que sabemos serem profissionais de percurso esforçado e reconhecidamente sério.
Mais difícil se torna quando o ambiente da discussão pública que nos rodeia não é regido pelo princípio da boa fé – num exercício constante de desmontagem das intenções ocultas, mesmo quando elas não existem, do ângulo político, das invejas ou da mesquinhez de quem mais não quer do que ser ouvido. Acima de tudo torna-se impossível o debate dessa desejável «cidadania» quando tudo nos arrasta para o domínio da suspeição – esse anátema bem traduzido na frase do Gato Fedorento: «o que tu queres sei eu».

Um caso paradigmático da dificuldade em travar este tipo de discussão é o procedimento em torno do novo Museu dos Coches. Valerá a pena relembrar um episódio que teve lugar na sessão de apresentação pública do projecto, nas instalações da Ordem dos Arquitectos em meados de Outubro do ano passado, em que esteve presente o arquitecto Paulo Mendes da Rocha. Aberta a fase de intervenções, um espectador ergueu-se para expor as suas críticas à proposta, sendo interrompido por um colega presente na sala que lançou essa fatídica frase: «Está na presença de um Pritzker».
Trata-se de uma demonstração exemplar da negação do diálogo, sustentada num pretenso dever de submissão para com a superioridade intelectual do autor. Fazendo caricatura, mais será dizer que não se pode criticar um novo filme de Steven Spielberg por se tratar de um vencedor do Óscar.

Esta deslocação do debate sobre a obra concreta, na complexidade das suas circunstâncias, para o plano pessoal, mais não faz do que dirigir a reacção pública para uma esfera de não-discussão. O fenómeno repete-se na forma como agentes políticos e promotores públicos utilizam o nome de arquitectos reconhecidos para legitimar à partida os projectos que dirigem, esmagando as resistências de um eventual debate público.
Mais grave se torna quando, no caso do novo Museu dos Coches, um colectivo de arquitectos de reconhecido mérito subscreve uma petição alheia ao contributo argumentativo sobre a obra para exercer a defesa do autor que, na sua pessoa e na sua obra, não está em causa. Eis uma passagem dessa subscrição: «Considerando, assim, que o novo edifício do Museu Nacional dos Coches, da autoria do arquitecto brasileiro Paulo Mendes da Rocha, há muito militante de uma arquitectura de causas públicas, resultará num edifício de cidade e dos cidadãos com inegável interesse público, para além do valor intrínseco da sua qualidade estética, ética e cívica.»
Podemos interrogar, com igual legitimidade, quais os argumentos de razão que ali se encontram. Podemos, afinal, questionar se as boas intenções que ali se enunciam não são tão vagas quanto as asserções dos descontentes que, do outro lado da barricada, sem pudor rotulamos de populismo.

O traço que se parece repetir nos casos mais notáveis e controversos de obra pública em Portugal é uma ausência de substância programática que torne claras as razões que sustentam os projectos e as soluções encontradas. Ainda que essas razões possam existir, os projectos são apresentados sem que se dê a conhecer o enquadramento do que se pretende realizar, dos seus objectivos, dos seus desígnios.
Temos, como exemplo mais recente, o debate sobre a proposta de reformulação do Terreiro do Paço / Praça do Comércio. Perante um dos lugares mais simbólicos da cidade temos a obrigação de discutir a nossa “visão” da cidade contemporânea. Que expectativas temos, que funções desejamos, que valores buscamos? Que vida humana queremos instituir naquele lugar – que, bem entendido, já não é um Terreiro do Paço, e também já não é uma Praça do Comércio. Que contributo tem esta geração – todos nós, afinal – neste tempo histórico, a dar à cidade de Lisboa?
Perante a grandeza do feito que ali poderá ter lugar, discutir o atrevimento dos losangos ou dos degraus é um pouco como querer discutir uma casa começando pelo papel de parede.

No fundo, no modo como a promoção pública destes procedimentos é politicamente representativa do que somos, revela-se a omissão de uma geração com medo – ou desconhecimento – da sua cultura, do seu lugar, do seu sentido. Perante a ausência de um desígnio, transposto em objectivos concretos e traduzido em conceitos programáticos, avançamos em discussões “compartimentalizadas” sobre pequenos nadas. Acabamos nós, arquitectos, a reduzir a grandeza da arquitectura na sua dimensão urbana ao papel de decorador sensível, de lirismo em lirismo, cada vez mais distante desse público que desejávamos conquistar.

Correndo o risco de me repetir, importa dizer que o processo da arquitectura começa a montante do desenho. Os intervenientes da arquitectura e do urbanismo – promotores e autores – devem compreender que o projecto não é um objecto mas um meio para materializar objectivos, conceitos, valores, em obra física. E que um mau processo, mal planeado e mal pensado, nunca resulta num bom projecto. Seja quem for o autor.

Portuguese-architects.com



A rede internacional de arquitectura www.world-architects.com lançou recentemente o seu novo portal: www.portuguese-architects.com.
A plataforma internacional World Architects visa a criação e manutenção de uma biblioteca de arquitectura contemporânea à escala global, reunindo trabalhos seleccionados de nomes bem conhecidos e talentos emergentes das áreas de arquitectura, paisagismo, design de interiores, fotografia de arquitectura e demais áreas relacionadas com a produção de arquitectura a nível internacional.
Actualmente estende-se através de 16 portais regionais, tendo vindo a ganhar visibilidade como ferramenta de trabalho na promoção de estúdios de arquitectura bem como na divulgação cultural do que se vai fazendo de relevante pelo mundo fora. Entre as várias funcionalidades disponíveis destacam-se a selecção de edifício do mês, a bolsa de emprego e mais recentemente a criação de uma biblioteca de materiais. Vários eventos internacionais no domínio da arquitectura, design e construção - congressos de arquitectura, bienais, exposições e prémios internacionais, feiras de construção - usam a plataforma como veículo de promoção e divulgação das suas actividades. Mensalmente, cerca de 500.000 visitantes percorrem os mais de 1.800 perfis representados nos 17 sites existentes.
A newsletter actualiza bimensalmente toda a informação e chega a mais de 80.000 subscritores.
O site regional www.portuguese-architects.com já está online e espera-se que venha a representar uma mais-valia na divulgação da arquitectura portuguesa e dos seus vários intervenientes.

The international architecture network www.world-architects.com has recently released its latest portal: www.portuguese-architects.com.
World Architects is both an internet portal and a platform for contemporary architecture, featuring a range of work from successful and emerging talents in architecture, landscape architecture and supporting design professions. It currently expands through 16 regional portals, includes a project gallery of 18.000 selected buildings worldwide and receives an impressive figure of 500.000 monthly visitors.
Visit Portuguese Architects for additional information and subscribe the world-architects newsletter to keep in touch with the newest entries and updates.

Bairro sitiado



Os episódios recentes de violência que tiveram lugar no Bairro da Bela Vista motivaram algumas considerações sobre a falência do modelo urbanístico do “bairro social”. Vale a pena reflectir sobre esta ideia de causalidade entre criminalidade e urbanismo que é recorrentemente trazida a debate por certos sectores da opinião pública e pelos meios de comunicação.
Não se trata de negar que o ambiente construído favorece tipos específicos de comportamento social, em especial nos grandes meios urbanos dominados pelo anonimato e a massificação. No entanto, quando falamos de falência de um modelo urbanístico enquanto causador de fenómenos de criminalidade violenta, estamos a presumir que um outro modelo, alternativo e “bom”, os poderá combater. No fundo, trata-se de alimentar uma ideia determinista do urbanismo que carrega consigo toda uma visão da acção do Estado sobre o fazer social. O que está então em causa são conceitos de fundo, ideológicos, matriciais do nosso pensar político e que ninguém presume questionar.

Aquilo que devíamos ter presente é que o urbanismo – a cidade material – não vive alheia da realidade social que nos cerca. Não há “modelo” que funcione se rodeado de debilidade económica, de desemprego, de desagregação da vida familiar, de decadência da instituição escolar, de ausência de cultura de comunidade. Ou seja, não há bom urbanismo, por mais Polis que seja, capaz de combater por si a pobreza imaterial que bem descreve José Charters Monteiro: «(…) este tipo de acções, sobretudo a vertente imaterial - a educação, a formação, a criação e oferta de emprego de que tanto ouvimos falar - não tem merecido da parte do Governo Central a necessária atenção nem importância. E enquanto isto não acontecer não aparecerá uma primeira e diferente geração de cidadãos na Bela Vista. Entretanto, vamos na terceira geração de excluídos. Esta, a pobreza material e imaterial, é a questão central para as populações, qualquer que seja o seu bairro. Com a actual crise de modelo social e económico e perante a ineficiência das medidas da governação, infelizmente, estaremos a caminho do alastramento de processos como os da Bela Vista que se estenderão a muitas outras áreas urbanas empobrecidas e sem futuro viável. A Bela Vista é apenas o sinal; precursor porque acumula uma súmula de condições. Neste sentido, o seu plano e os seus edifícios, são o cenário de um processo onde a miséria da população a leva às mais graves consequências. Seria bom que políticos e Administração compreendessem realmente do que se trata e não se deixassem confundir e não nos queiram confundir apresentando os efeitos como sendo as causas destes processos sociais.» Ler texto completo aqui.

Não devemos cair na tentação fácil de colocar no banco dos réus o “bairro social” dos anos setenta pelos problemas da sociedade que entretanto temos vindo a construir. Sem querer alimentar complacência pelos protagonistas dos actos de violência que nos foram dados a assistir nos últimos dias, temos de compreender que eles são também produto de uma realidade sociológica mais complexa de que fazem parte as políticas de subsidiamento de subsistência, a falta de instrução e formação profissional. E, já agora, uma generalizada condescendência com a cultura de violência – tantas vezes veiculada pela televisão – que faz parte do código identitário destes grupos que a terminologia mediática agora se apressa a transitar de “jovens” para “bandos armados” – porque as palavras nunca são inocentes.

Os bairros sociais que hoje nos damos ao luxo de desconsiderar são o testemunho de um esforço de integração de populações que viviam em condições habitacionais de grande carência, a que se somaram os milhares de retornados das ex-colónias. Sucede que a estas acções de integração de primeira geração não se sucederam estratégias políticas dirigidas às gerações seguintes. Aquele urbanismo degradado é apenas a face visível de um problema não resolvido, que entretanto se vem debelando com políticas de rendimento social. Em resumo, trata-se de deitar dinheiro em cima do assunto na esperança que ele não nos venha perturbar, em directo na televisão.

Temos hoje um trabalho inteiro por fazer no sentido de promover uma realidade comunitária saudável em meios sociologicamente difíceis – e que deverá envolver e apoiar membros influentes dessas comunidades, incluir famílias, escolas, acção social, polícia de proximidade. Um trabalho tão mais difícil num momento de atrofiamento económico e em que o Estado vai perdendo capacidade e influência, mas que tem de ser assumido pela simples razão que a alternativa – esperar pelo inevitável – é simplesmente insustentável.
De resto, já temos anos suficientes de democracia para compreender que questões desta natureza não se resolvem com medidas milagrosas, antes dependem de um esforço de longo curso e de uma monitorização acompanhada. É um trabalho sem fim. Começá-lo talvez fosse por isso uma boa ideia.

Jacques Herzog on TateShots


Herzog & de Meuron: New Development of Tate Modern, view from the South at dusk. Image credits: Hayes Davidson.

Jacques Herzog fala do processo de desenho da nova extensão do Tate Modern. O edifício assume a forma de uma superfície multifacetada de expressão escultural, conjugando a definição resultante da parcela de implantação com a mais complexa distribuição de funções no seu interior.
Talvez o aspecto mais interessante do projecto seja o evidente gesto de descolamento entre aquela pele exterior de forma piramidal e as suas massas internas de definição mais racional – uma abordagem que parece ter ressonância com outros trabalhos recentes da dupla Herzog e De Meuron. Este vazio intersticial é usado como espaço apropriável pelos visitantes, enfatizando uma ideia de conexão e proximidade do público ao edifício.
O resultado é quase arcaico na expressão daqueles planos de alvenaria de tijolo, revelando um sentido forte de materialidade e contraste com o exterior. O novo Tate Modern parece questionar afinal a própria natureza da forma, destacando-se da imagem limpa e fluída de uma certa arquitectura contemporânea de ambição icónica.


Herzog & de Meuron: de Young Museum, Golden Gate Park, San Francisco, USA, 1999–2005. Image credits: Mark Darley.


Herzog & de Meuron: CaixaForum Madrid, Madrid, Spain 2001–2008. Image credits: Iwan Baan.


Herzog & de Meuron: Elbe Philharmonic Hall, Hamburg, Germany, 2003-2010.

Jacques Herzog talks about the process of designing the extension to Tate Modern. The new addition is conceived as a multi-shaped surface, revealing a sculptural form that merges the defining boundaries of its land parcel with the more complex distribution of functions inside the building.
Perhaps the most interesting aspect of the project is a noticeable gesture of detachment between the external skin of pyramid-like form and those internal masses of rational nature – an approach that resonates with other recent works of Herzog and De Meuron. This ‘space between’ is used as an intermediate void, a public gathering space that emphasizes an idea of proximity and connection.
The building is almost archaic in its expression, as the brickwork of the façade delivers a strong sense of materiality and contrast with its surroundings. The new Tate Modern seems to question the very nature of form, detaching itself from the clean, fluid expression of certain contemporary buildings of iconic ambition.

Hortas de lata



O fenómeno das hortas urbanas é sintoma de um certo vazio doutrinário no planeamento das cidades. Porventura tão antigas como os primeiros subúrbios, as hortas espontâneas – ou hortas de lata – traduziam as necessidades de uma população vinda para o mundo urbano em busca de mais oportunidades de emprego e melhores condições de vida, carregando consigo os laços de proximidade com a vida rural.
Algumas destas pessoas, hoje idosas, persistem ainda teimosamente activas em franjas de ruralidade que contrastam com a massa anónima de construção em que se foram tornando as cinturas das principais cidades Portuguesas. A esta população somam-se agora outros grupos de cidadãos, em particular imigrantes com origem Africana e da Europa de Leste.
Da sua actividade podemos testemunhar o aproveitamento dos vazios deixados pelo atravessamento de grandes infraestruturas rodoviárias, terrenos marginais ou expectantes, margens de linhas de água, taludes sem vocação urbanística. São espaços de ninguém, sem função e sem valor no fazer da cidade planeada.
Planeia-se, afinal, aquilo que se dramatiza como importante, aquilo que tem interesse. Planeia-se a construção, planeiam-se as vias e as infraestruturas. E, de algum modo, foi-se planeando uma cidade anónima para pessoas anónimas, um «locus» abstracto onde estes cidadãos não parecem existir ou ter lugar.
Hoje podemos testemunhar o trabalho de teimosia desta gente que imprimiu, ao longo dos anos, uma «layer» de parcelamento espontâneo sobre esta outra cidade. O traçado destas hortas invade os locais mais singulares, tornando de forma persistente em útil o que antes parecia inútil.
Numa altura em que os municípios começam a olhar para estes espaços com renovado interesse será importante questionar porque razões se mantiveram as hortas urbanas tão afastadas da dialética do urbanismo erudito. Esta pequena ruralidade, tomada como curiosidade folclórica ou, no melhor dos casos, com paternalismos pedagógicos, só agora começa a ser entendida na sua dimensão social e ecológica, bem como pelo seu valor enquanto auxílio económico de famílias com maiores limitações financeiras.
É interessante pensar que, vistas no seu potencial de equipamento comunitário, as hortas urbanas representam uma infraestrutura de custos extraordinariamente reduzidos. Algo que se torna ainda mais notório perante o potencial retorno que podem representar na vida efectiva das pessoas. Por outro lado, estamos na presença de uma actividade que permite conferir sentido a áreas antes negligenciadas e de difícil manutenção. Importa assim repensar estes espaços como uma grande oportunidade para a inovação urbana, definindo estratégias e implementando soluções de integração com outros usos – de circulação, de lazer, de convívio comunitário – que enriqueçam a vida das cidades e resgatem esta gente do esquecimento a que, durante tanto tempo, foram deixadas.



A propósito deste tema valerá a pena descobrir um «estudo de caso» real (que desconhecia) de uma grande horta comunitária em Los Angeles presentemente envolta num conflito de interesses em torno do seu aproveitamento para fins de construção. O documentário The Garden revela a história apaixonante de um grupo de agricultores urbanos a braços com um ultimato de expropriação, enredados nas contradições entre o discurso político dominante e os interesses económicos que se parecem sobrepor aos valores humanos que deviam prevalecer no fazer da cidade.

Blog Release

Algumas iniciativas e eventos em divulgação.



Exposição e Seminário «Habitar em Colectivo» - de 13 de Maio a 22 de Junho.
«HABITAR EM COLECTIVO – Arquitectura Portuguesa antes do SAAL» é uma exposição realizada pelos alunos do 4º ano do Departamento de Arquitectura e Urbanismo do ISCTE. O objectivo é mostrar os trabalhos realizados no âmbito da UC “História da Arquitectura Portuguesa”, 1º semestre, tendo por objecto o desenvolvimento dos programas de habitação colectiva a partir do I Congresso Nacional de Arquitectura de 1948 até à Revolução de 1974. A ideia é reunir uma série de casos exemplares dentro da produção doméstica em Portugal inquirindo experiências que antecedem as Operações SAAL (Serviço Ambulatório de Apoio Local) responsáveis pela internacionalização da arquitectura portuguesa após o 25 de Abril.
Seminário: 13 de Maio, com as presenças de Francisco Castro Rodrigues, Pancho Guedes, Fernão Lopes Simões de Carvalho, Sergio Fernandez, Pedro Viana Botelho, Carlos Loureiro, Nuno Teotónio Pereira, José Charters Monteiro, Pires Martins e Gonçalo Byrne. Organização e coordenação de Ana Vaz Milheiro, Pedro Viana Botelho e Paulo Tormenta Pinto.
Exposição: de 14 de Maio a 22 de Junho.
Mais informações na página do ISCTE – Núcleo de Arquitectura e Urbanismo.




Ciclo de Conferências «Escala de Intenções» - até 28 de Maio.
O Núcleo de Arquitectura da Universidade Lusíada e a Associação de Estudantes estão a organizar um ciclo de conferências com a temática «Escala de Intenções». Fica o programa das próximas sessões:
15 de Maio: João Luís Carrilho da Graça;
18 de Maio: Manuel Aires Mateus;
25 de Maio: Pancho Guedes;
28 de Maio: Nuno Portas, Tobias Goevert.
Mais informações no blogue do NAUL.




Conferência «Luz Invisível» - 22 de Maio
Aires Mateus, Mario Nanni, Raul Serafim e Souto Moura em conferência no CCB.
No próximo dia 22 de Maio vai realizar-se, na Sala Almada Negreiros no CCB, a conferência “Luz Invisível”, onde o tema em destaque será a luz na arquitectura. A conferência será moderada pelo arquitecto Nuno Brandão Costa (prémio Secil 2008) e terá como oradores os arquitectos Manuel Aires Mateus e Eduardo Souto Moura, o projectista italiano Mario Nanni e o light designer Raul Serafim.
Os bilhetes custam 55 euros e estão à venda através da Ticket Line (Fnac, Worten, Dolce Vita, Bulhosa, Agência Abreu, Mega Rede).




«Festival Silêncio!» - de 18 a 27 de Junho.
Em Junho, Lisboa vai ser a capital da palavra; vem aí o Festival Silêncio!
De 18 a 27 de Junho, Lisboa será palco de um evento em torno da palavra dita: o Festival Silêncio! Trata-se de um evento internacional dedicado às novas tendências artísticas e novas expressões urbanas que cruzam a música com a palavra: dos concertos à poetry slam, dos debates às conferências, dos audiolivros às leituras encenadas e aos espectáculos transversais e de spoken word.
Rodrigo Leão, José Luís Peixoto, Olivier Rolin, Adolfo Luxúria Canibal, Rogério Samora, JP Simões, Francisco José Viegas, Sam the Kid, Jorge Silva Melo, DJ Ride, Filipe Vargas, John Banzai, Mark-Uwe Kling, Maria João Seixas, Alex Beaupain e Wordsong, entre muitos outros, para que Lisboa dê lugar à palavra, aceitando o silêncio quando ele se impõe.
Promover encontros entre poesia, música e vídeo, reunindo alguns dos mais conceituados artistas portugueses, franceses e alemães. Debater o futuro de novos suportes como o audiolivro convocando escritores, jornalistas e editores. Dar a conhecer as mais recentes tendências artísticas nesta área é o objectivo do Festival Silêncio!
O Festival Silêncio! é um projecto integrado nas Festas de Lisboa e desenvolvido por 101 Noites, MusicBox, Goethe-Institut Portugal e Instituto Franco-Português.
Para ver o programa completo, clique aqui (formato PDF).