Casa do Vale – Guilherme Machado Vaz
Tive a oportunidade de assistir recentemente à apresentação do projecto da Casa do Vale, também conhecida como Casa de Cantelães, pelo Guilherme Machado Vaz.
O slideshow publicado acima, composto a partir de fotografias da casa e do vale, da atmosfera densa que o preenche, de pequenos detalhes interiores e exteriores e momentos da sua vida habitada, é um bom ponto de partida para se falar de arquitectura. Para se falar, em primeiro lugar, do exercício de intimismo que percorre o gesto de projectar, fora dos padrões de uma linguagem compartimentada em que se move tantas vezes a interpretação da arquitectura. Guilherme Machado Vaz apresentou um mosaico de referências, cruzando cinema, arte abstracta, música, literatura, para projectar através delas um gesto de cultura sobre o seu território. O resultado é quase esmagador de simplicidade. E partimos por isso à procura de palavras para explicar o seu fascínio – do silêncio da peça encastrada na pequena encosta; do monólito que se rasga ao ermo e espreita a montanha. Como sempre, os contrastes são o que surpreende na arquitectura. Do antigo muro romano, rude e sinuoso, ao extenso paramento de betão, de textura mais lisa e próxima. O jogo de rugosidades e escalas continua no interior, em que se assumem guarnições e peças pontuais que sobressaem da leitura mais limpa do edifício; espécie de berço para uma vivência que o preencha e lhe dê sentido. E é o sentido que nos revelam as fotografias, entre a arquitectura e a família; entre a massa mineral e a vida que a motiva.
Nota: para além do filme da Casa do Vale, recomenda-se a descoberta da Kinematic Grave, também por Guilherme Machado Vaz. Uma lápide cinética, um monólito espelho para preencher de nuvens; pequena metáfora sobre os limites da materialidade e da própria vida.
Guilherme Machado Vaz-Valley House
I was fortunate to witness a presentation of the Valley House, by Guilherme Machado Vaz. The slideshow published above, composed from photographs of the house and its surrounding valley, portraying its dense atmosphere, the little interior and exterior details and moments of its inhabited life, is a good starting point to talk about architecture. To talk, in the first place, of the exercise on intimacy that is carried through the act of project, beyond the patterns of a compartmentalized language that so often typifies the interpretation of architecture.
Guilherme Machado Vaz presented a mosaic of references, merging cinema, abstract art, music and literature, to clarify his gesture over the territory. The result is almost overwhelming in its simplicity. And one is driven to seek the words that can explain its fascination – the silence of the solid piece that is deepened in the hillside; the lying monolith that extends in the landscape and peaks towards the mountain. As always, contrasts are the surprising element in architecture. The old roman wall, rough and irregular, is dissimilar from the new concrete wall, of closer texture. The play of rugosity and scale continues inside the building, where constructed elements are distinctive from the simpler nature of its shell; a kind of cradle to shelter life and meaning. It’s that meaning that these images seem to reveal, the balance between mineral mass and the life that dwells within.
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esta é sem dúvida uma obra de arquitectura belíssima. Torna-se extremamente difícil olhar para a obra e não se sentir uma vontade de a tocar, de sentir a sua pele e o seu próprio calor. É uma arquitectura feita através da matéria. Não se trata de uma forma, da criação de vazios, mas da materialização efectiva de um espaço expressivo da arquitectura. É um espaço de vida altamente caracterizado.
ResponderEliminarAdoro a forma como este vídeo não mostra a casa vazia mas sim habitada, imperfeita, mostrando que não se trata de uma peça de museu, mas que tem vida própria.
Quanto à sugestão da lápide cinética, acho absolutamente fantástico em termos de ideia simbólica perante uma representação da alma de uma pessoa. A visão através do espelho da vida a passar, as nuvens que correm, as próprias pessoas que se revêem naquele cristal como se estivessem a ser vistas pelo seu ente querido. Acho fascinante como o arquitecto demonstra uma sensibilidade tal para tornar esta experiência realmente simbólica.
Mais uma vez os parabéns pelo blog e um incentivo para o seu desenvolvimento!
Does anyone knows how to cantact Guilherme Machado Vaz???
ResponderEliminarI couldn´t find any web page or contact of him...is he real???
He has a new website and a blog as well. Here are the links:
ResponderEliminarwww.guilhermemachadovaz.com
gmvnews.blogspot.com
gostava de saber onde fica lápide cinética ? acho mt interessante mas goataria de ver ao vivo não consigo sentir o material, de inicio o espelho pareceu-m água, e a envolvente? ferro? ...
ResponderEliminaralguem me ajuda ?
a obra esta bastante densa, mas a banda sonora, essa é o grande ponto de diferença entre as apresentaçoes que tenho visto, nirvana "something in the way" foi muito bom, adorei simplesmente a atmosfera transmitida com a musica.
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