Google+ …It’s like a circle

Não se sabe ao certo quantas pessoas usam o Google Reader mas o que consta é que o número de utilizadores activos anda na ordem das dezenas de milhões. O mais popular leitor de feeds do mundo deu origem a uma das comunidades silenciosas mais dedicadas e fiéis da rede. O motivo é simples: o Reader é o modo mais fácil e rápido de ler e partilhar posts, permitindo separar aquilo que é interessante da corrente de irrelevâncias que circulam na internet todos os dias.

Infelizmente, na guerra entre a plataforma social Google+ e o Facebook, os utilizadores do Reader tornaram-se as primeiras vítimas. A propósito da sua integração no G+, o Reader sofreu um upgrade visual mas perdeu uma das suas funções mais interessantes: a partilha. A partir de agora, partilhar posts passa a ser feito no stream do G+, um pouco à imagem do que acontece no Facebook. Como é que isto me afecta? De várias formas…

Em primeiro lugar significa o fim da minha página de itens partilhados, acessível logo na barra de topo do blogue, porque a partir de hoje é impossível adicionar novos shares. Deixo assim de poder seguir as listas de partilha das pessoas que me interessam – e elas deixam de poder seguir a minha lista. Por fim torna nulo o bloco de itens partilhados actualizado automaticamente que aparece no início da barra lateral do blogue (Shared / Referências).

A navegação no Reader torna-se agora uma experiência opaca, obrigando os utilizadores a partilhar no G+; é o que o Google quer afinal. E o que há de errado com isto? É simples. Se começamos todos a utilizar o stream do G+ para partilhar ligações aquilo tornar-se-á muito rapidamente numa torrente de spam. A listagem de shares do Reader tinha a vantagem de ser seguida de forma voluntária por quem a quisesse seguir. Mas o G+ obriga a escolher os círculos de partilha – ou seja, acarreta mais trabalho para o utilizador. Ou então resta partilhar sempre como Public e correr o risco de aborrecermos toda a gente com as nossas ligações favoritas, sejam grandes obras de arquitectura ou gatos fofinhos.

A integração do Reader no Google+ foi, afinal, uma desintegração. Grande parte do interesse do Reader era a facilidade de partilhar e a possibilidade de seguir as partilhas de quem quiséssemos – pessoas de interesse numa determinada área profissional, por exemplo. E o melhor desse sistema era tratar-se de uma comunidade voluntária de pessoas que decidiram subscrever o teu sharing feed, e vice-versa.
Agora passaremos a partilhar em círculos, ou seja, seremos levados a bombardear os outros com shares o que tornará o G+ num novo Facebook. E o problema do FB é esse mesmo, não haver subscrição e recebermos os shares de toda a gente que encontrámos na rede.

Contrariamente à paisagem aberta do Reader passaremos a transitar no espaço fechado do G+, mais um desses mundos de fronteiras que se está a erguer na rede. E, afinal, é disso mesmo que se trata. Estamos a assistir ao fim de uma era de internet aberta. Dentro de pouco tempo estaremos todos fechados em círculos. It’s like a circle…

6 comentários:

  1. Estava para pôr Share mas já desapareceu...

    Também não gostei do desaparecimento do Google Buzz que era onde seguia os feeds partilhados (entre os quais o seu) e os Posts de uma ou outra pessoa. Parece que querem tentar dar vida ao G+, mas podiam tê-lo feito sem cortar noutras funcionalidades, bastava por deixar estar o Share e adicionarem o +1. Não fica muito bem à Google este tipo de estratégia.

    ResponderEliminar
  2. Caro Daniel,

    Realmente assistimos a uma luta titânica pela informação. Também me parece que a concentração em círculo pode ter vários problemas. Sugiro que como alternativa experimentem o reader da bloglines, aquele que uso actualmente.

    Cumprimentos,
    Gonçalo Henriques

    ResponderEliminar
  3. Alguém que sabe do que fala... Parabens.
    E isso mesmo, Google entrou na batalha contra Facebook e deixou suas velhas armas. Acabou a Internet aberta.
    Eu tinha 8 feeds criados dede tags públicos que eram seguidos por os meus alunos e os pesquisadores das minhas equipes. Eram feeds criados pela coletividade, que ficavam para a coletividade, livres... Eu até mandava um deles para uma página do Facebook. Acho que isso não e de bom gosto para o Google...
    Acabou. O que vai para um circulo fica com Google.

    ResponderEliminar
  4. Acredito que esse post é muito pertinente, também fiquei muito triste com essas mudanças... Acompanho silenciosamente esse blog e muitos outros mais através do agora falecido Google Reader...
    Tentando colaborar com soluções, deixo aqui duas sugestões, uma para o presente e outra para o futuro. Estou usando atualmente o leitor FeedDemon(feeddemon.com) para sincronizar meus feeds do Google Reader e nele (que é um aplicativo para desktop, acredito que só Windows) ainda é possível compartilhar artigos, que continuam indo para página de compartilhados pessoal (como eu acabei de compartilhar esse)
    E para o futuro podemos esperar o HiveMined (hivemined.org) que está sendo produzido um ex usuário do Google Reader também insatisfeito com as mudanças. Em breve deve estar no ar...

    ResponderEliminar
  5. Obrigado pelos vossos comentários. Não restam muitas dúvidas que a Google está a alienar uma comunidade enorme de pessoas que eram fiéis ao Reader, tentando absorvê-los à força no seu Facegoogle; o Google+.

    Tenho estado a experimentar o G+ nestes dias e as limitações de partilha são evidentes. Partilhar artigos é agora feito através dos +1's - podem ver os meus seguindo o link que coloquei na barra de topo aqui no blogue, em alternativa ao desactivado "shared items". Os problemas com o novo sistema são vários. Em primeiro lugar eles não podem ser subscritos por feed. Ou seja, têm de ser acedidos "manualmente". Depois, não podem ser organizados por categorias ou tags. O mesmo para os posts colocados no stream do G+. O que significa que, sejam coisas de arquitectura, notícias, gatos fofinhos ou iconografia erótica da década de 40 (lol) vai tudo para o mesmo saco. Ah, e é ainda necessário que o utilizador torne os seus +1's visíveis - por default estão ocultos.

    Observando as reacções que circulam na rede o resultado parece previsível. Ou a Google corrige rapidamente as limitações da nova plataforma ou vai assistir ao êxodo dos utilizadores do Reader para outros suportes - ver comentário de Erica (obg).

    Entretanto, enquanto a coisa não se resolve, podem encontrar-me no Google+. Sim, eu sei, não é a mesma coisa... ;)

    ResponderEliminar
  6. Olá,
    Não conheço o +1, nem me animei a conhecê-lo.
    Mas a julgar pelo que li/ouvi até agora e pelo que está acontecendo com o facebook, acho que estamos ficando cansados de redes sociais...
    A solidão é humana.
    Até,

    ResponderEliminar