[herr flick delgado]

Quinta-feira

A vitória não está na equipa, mas na forma como ela se vê, conduz, posiciona e trabalha em conjunto. E essa tarefa, essencial, pertence a um treinador, ou chefe de governo, ou presidente de câmara, ou "patrão" de uma empresa.

O impagável Luís Delgado escreve esta deliciosa homilia a José Mourinho. Ao seu melhor estilo, o Herr Flick português elogia a tarimba superior do treinador do Chelsea, promovido a gestor inquestionável de potencialidades humanas. É o fartote de rir do princípio ao fim. Não é por Mourinho, sem dúvida merecedor de todos os elogios, mas pela constante analogia à figura estereotipada do gestor de sucesso a culminar previsivelmente no que espera Delgado dos nossos políticos. Liderança, esforço, sacrifício e desejo inato de vencer, enfim, o mito sebastianista hipermoderno.
A piada, bom, a piada está na simplicidade de espírito deste suspiro jornalístico, reduzindo a receita para o sucesso ao estilo, forma e modelo de quem lidera. Fazendo a psicanálise nacional, é neste caldo cultural que nascem figuras como Santana Lopes, actores políticos do estilo, da forma e do modelo (perna aberta ó-pra-mim tão natural) a quem ninguém aponta o vazio de conteúdo e substância política, cultural ou humana.

E já que falo de vazio, recomendo a leitura do livro de Santana Lopes, “Palavras Escritas”, para saberem do que falo. Por dez euros, está no limite de uma aceitável relação qualidade-preço.

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