Visita a Santiago

No recinto do castelo de Montemor-o-Novo está em curso a obra de recuperação da Igreja de Santiago. A construção original da igreja está documentada em mais de setecentos anos tendo sofrido várias alterações ao longo do tempo, a mais importante em 1533 que lhe conferiu a sua forma actual com a construção das capelas e corpos laterais e o encerramento da entrada lateral original.
O edifício encontrava-se bastante degradado tendo sido determinada a sua reutilização para o uso bastante feliz de ocupação por parte do Centro Interpretativo da antiga vila medieval. Depois de renovada a igreja, o centro irá reunir ali um conjunto de material arqueológico muito rico que, acompanhado de suportes informativos e multimédia vai oferecer ao visitante um contacto pedagógico com a história do castelo e as diversas fases da sua evolução. O projecto foi promovido pela Câmara Municipal e realizado pelo Gabinete do Centro Histórico sobre a direcção do Arquitecto José Garret, entretanto falecido.
Neste momento tenho o prazer de acompanhar a obra que está em bom andamento. Foi feita uma picagem das argamassas salitrosas, com grande cuidado para preservar as áreas onde existem vestígios de pinturas murais. Também foram realizados vários trabalhos de consolidação estrutural, bem como refeita uma parte das nervuras do tecto que já não existia.

Image hosted by Photobucket.com
Image hosted by Photobucket.com
Image hosted by Photobucket.com

Uma das preocupações que estão sempre presentes na intervenção neste típo de edifícios é a adequação dos novos materiais à construção existente. Neste caso, os paramentos estão a ser protegidos com uma cal fraca, à qual se misturam pozolanas para conferir à argamassa um melhor comportamento. Os antigos romanos utilizavam nas suas argamassas cinzas pozolânicas provenientes do vulcão Vesúvio, que lhe conferiam uma melhor plasticidade e capacidade de agregação, e também a tonalidade levemente acinzentada. No presente, tentamos reproduzir este tipo de materiais com o uso de pozolanas sílicas, argilas calcinadas e cinzas volantes, de modo a oferecer aos novos revestimentos a mesma capacidade de resistência à humidade, aos sulfatos e a outros agentes agressivos que estão quase sempre presentes neste tipo de edifícios antigos.
Os trabalhos de restauro das pinturas murais também são um trabalho muito delicado que está em andamento. Sob a supervisão do IPPAR e executado por pessoas especializadas, serão recuperadas várias pinturas que irão manter a memória visível daquele espaço, fazendo a ponte da nova intervenção com o passado que se pretende hornar e respeitar.
Apesar de ainda termos vários meses de trabalho pela frente até à conclusão da obra, já começa a ser visível que, quando estiver terminada, nascerá ali um espaço nobre da cidade e um exemplo de boas práticas de intervenção que nos irá orgulhar bastante.

3 comentários:

  1. O novo header está mais bonito. Este blog tornou-se um vicio.
    Um abraço.
    ZM

    ResponderEliminar
  2. O novo header (temporário) tem como fundo uma imagem roubada do construtor de níveis do jogo Half Life 2. É um teaser para um texto que ando a escrever sei lá há que tempos... talvez seja uma forma de me obrigar a acabá-lo.
    Abraço.

    ResponderEliminar
  3. porque estamos sempre à procura, hoje cheguei aqui e proponho www.cultour.com.pt

    ResponderEliminar