Carrilho da Graça vence Prémio Pessoa

Talvez o maior elogio que se possa fazer a João Luís Carrilho da Graça seja reconhecer nos seus mais recentes projectos uma recusa em se sujeitar a um espartilho de estilo ou linguagem. No novo edifício da Escola Superior de Música de Lisboa encontramos um extraordinário entusiasmo pela arquitectura, uma expressividade coerente de raiz mais programática que formal, um carisma mediterrânico traduzido na ascensão hierárquica do espaço comunitário, no sentido de convergência do lugar, dos pátios, da luz, da privacidade. Se Carrilho da Graça mantém a firmeza elegante do traço, a doutrina que a motiva é agora muito mais implícita do que explícita e as formas que dela nascem tornaram-se mais livres e exploratórias. Também no recente Théâtre & Auditorium de Poitiers Carrilho da Graça assume a clareza da textura dos materiais e a presença saturada da cor para desenvolver uma obra coesa - da dimensão urbana à escala arquitectónica, para se prolongar no detalhado design do interior, na plasticidade expressiva da sinalética e na exposição sem pudor da infra-estrutura.

Não será a investigação conceptual do grande palco de Poitiers a razão para a presente atribuição do Prémio Pessoa. Estará certamente na base dessa distinção um sentido mais magnânime de encanto pela solenidade da obra de Carrilho, cujo exemplo maior será o Pavilhão do Conhecimento dos Mares e que hoje se apura no seu regresso ao Alentejo, materializado na nova Igreja de Portalegre. Mas um mestre não é apenas um autor com longa prática e estilo coerente. Um mestre é alguém que se desafia a cada obra e nos ensina a descobrir a dimensão transcendente da arquitectura que transforma o inerte em forma de arte. A obra recente de Carrilho da Graça revela isso mesmo, resistindo ao fluxo transitório da imagem para construir lugares com memória e sentido humano. Eis, por tudo isso, um justo reconhecimento.

Prémio Pessoa is one of the most prestigious awards delivered in Portugal, being attributed yearly to a “Portuguese personality that has distinguished him or herself in the artistic, literary or scientific fields”. This year, the jury has honored the architect João Luís Carrilho da Graça for his work of great clarity and coherence and his contributions to the formation of young architects. This prize is named after the famous Portuguese poet Fernando Pessoa.





João Luís Carrilho da Graça: Théâtre & Auditorium de Poitiers. Image credits: Fernando Guerra.



João Luís Carrilho da Graça: Museu do Oriente. Image credits: Fernando Guerra.



João Luís Carrilho da Graça: Igreja de Portalegre. Image credits: Fernando Guerra.





João Luís Carrilho da Graça: Escola Superior de Música de Lisboa. Image credits: Fernando Guerra.

Here’s looking @you kid



Então parece que está toda a gente no Twitter por estes dias, e quero mesmo dizer toda a gente. Do Darth Vader ao Frank Lloyd Wright, o Twitter é “a cena”. Entendamo-nos, o Sr. Lloyd até está a usar o Tweetie, o que quer dizer que o tipo anda a usar iPhone. Isto já vai para lá de pós-moderno…

Assim sendo tenho andado a experimentar o Twitter com sentimentos altamente contraditórios. Esta coisa do micro-blogging andava a confundir-me mas ao que parece pode ser uma bela ideia. O Twitter tem um limite máximo de 140 caracteres por “post”, o que quer dizer que é tudo um exercício de pontaria. Não há elaborações, só célebres tiradas finais. Parece muito simples mas a coisa complica-se quando se começa a pensar no que fazer com aquilo [10 Twitter Agendas – What’s yours?]. Ora há pessoas [Twitter is going to die] que recomendam ficar por perto dos amigos, outras [Using Twitter… ‘The Smart Way’] dizem que o melhor é ter uma estratégia para a dominação mundial. Tenho algumas dúvidas quanto a isto. Acho que vou tentar começar uma Festa do Tupperware enquanto me oriento por aquelas bandas…

So everybody’s on Twitter these days, and I do mean everybody! From Darth Vader to Frank Lloyd Wright, that’s where the action’s happening. Let’s face it, Mr. Lloyd is even using Tweetie, meaning he’s carrying an iPhone. That’s just beyond postmodern…

Well, I’ve been experimenting Twitter these days with seriously mixed feelings. This micro-blogging stuff had me puzzled for a while, but as it turns out it seems pretty clever. Twitter has a 140 character limit for every post, meaning it’s all about sharp shooting. No elaborations, just punch lines. Seems pretty straightforward but it gets a bit tricky when you start wondering what you plan to do with it [10 Twitter Agendas – What’s yours?]. Now some people [Twitter is going to die] say it’s best if you stick with your friends, others [Using Twitter… ‘The Smart Way’] say you should strategize for world domination. Don’t know about that. I’ll think I’ll try getting a Tupperware Party started while I get my bearings…

Van Gogh on steroids



Vincent Van Gogh à solta no Counter-Strike. Quer-me só parecer que ele não aprovaria a metralhadora… Via Capítulo 0.

Vincent Van Gogh meets Counter-Strike. I don’t think he would approve the machine gun though… Via Capítulo 0.

Building upon the ruins of the future


Image credits: David Hobcote, via IconEye. Scroll down to read this text in English.

The Ruins Of The Future é um artigo de Sam Jacob, autor do blog StrangeHarvest. A incerteza global gerada pela actual crise económica deixou exposto o esvaziamento ideológico da grandiosa arquitectura praticada em algumas economias emergentes.
Ainda que possamos apenas especular quanto ao modo como estes ambientes urbanos vão sobreviver ao declínio da economia do petróleo, parece acertado supor que estas manifestações arquitectónicas mantenham a sua intemporalidade pelo exotismo fluído e carácter monumental. No entanto, existe em si algo de perturbador e distópico, como se esta intemporalidade fosse não uma medida de perenidade mas de desagregação. Uma arquitectura desconectada, atemporal, cuja verdadeira natureza reside na ausência em pertencer a um tempo e um lugar particular. É a derradeira arquitectura representativa, tributo a um poder económico abstracto, sem precedentes na história conhecida. Estas podem muito bem vir a tornar-se as mais notáveis ruínas da globalização.

The Ruins Of The Future is an interesting article by Sam Jacob on StrangeHarvest. The global uncertainty generated by the current economic crisis has exposed the ideological placelessness of the grand architecture being practiced in certain emerging economies.
As much as we may only speculate about how these urban settings will survive the aftermath of the post-oil economy, it seems reasonable to believe that these architectural manifestations will retain their timelessness through monumentality and fluid exoticism. And still, there’s something disquieting and dystopic about it, as this timeless quality appears not as a measure of perennity but of detachment. An architecture disconnected, whose true distinction lies in its absence to belong to a particular time and place. It’s the ultimate representational architecture, a tribute to abstract economic power without precedent in history. These may well be the long-lasting ruins of globalization.

Aniversário da Livraria A+A



Livraria A+A, 12 de Dezembro, Sexta-feira, das 10h00 às 24h00.

This Is Where We Live



This Is Where We Live. Os livros ganham vida neste belíssimo filme de animação criado pela Apt Studio, celebrando o vigésimo quinto aniversário da editora Fourth Estate, uma extensão independente da Harper Collins. Via Coudal.

This Is Where We Live. Books come to life in this wonderful stop-motion video created by Apt Studio, celebrating the 25th anniversary of Fourth Estate, a branch of Harper Collins book publishers. Via Coudal.

ArteCapital entrevista Pedro Gadanho

Há cerca de um ano Pedro Gadanho motivou alguma turbulência, também entre os blogues, ao questionar Onde páram os arquitectos portugueses? Agora, em entrevista à ArteCapital, este arquitecto volta a lançar para o espaço público um conjunto de questões que merecem reflexão atenta por parte dos diversos intervenientes da área da arquitectura.
Ás naturais dificuldades que se apresentam aos novos profissionais num mercado constrito, em resultado de uma economia fragilizada, somam-se outros factores próprios de um contexto cultural pouco aberto à inovação e ao exercício de práticas experimentais. De certo modo, a produção de “arquitectura contemporânea” em Portugal parece afunilar-se na padronização de um certo conservadorismo minimalista, cuja afirmação de qualidade se parece rever mais segundo lógicas de promoção imobiliária do que de um verdadeiro reconhecimento de qualidades arquitectónicas.
Gadanho questiona também as estruturas académicas enquanto plataformas de resistência e estabilização de certas correntes formativas, não se assumindo como veículos para a experimentação programática. Trata-se de um repto lançado às escolas e demais instituições sobre a necessidade de romper com actuações estanques, de consumo interno, para promover outras formas de fazer chegar o seu contributo ao espaço de debate colectivo. Provocador e polémico, a merecer uma leitura assertiva e crítica.

«Gente da Casa» - Qual o Lugar do Arquitecto na Arquitectura?

A última sessão do ciclo de debates do projecto Gente da Casa tem lugar na Fábrica do Braço de Prata (Sala Visconti), na próxima quarta-feira, 10 de Dezembro, às 18h30. Com o tema «Qual o Lugar do Arquitecto na Arquitectura», esta conversa conta com participações dos arquitectos Jorge Spencer, Ricardo Carvalho e Manuel Mateus. A sessão terá apresentação e moderação do arquitecto Carlos Gomes.



A exposição Gente da Casa – Monitorização de Uma Obra de Arquitectura chega também à sua última semana de exibição, podendo ser visitada na LX Factory até ao próximo dia 14 de Dezembro. Fica a chamada de atenção, deixando-vos com algumas imagens.




Helvetireader, an architect-friendly interface for Google Reader



ACTUALIZAÇÃO: Isto é que é ter mau timing. Os senhores simpáticos do Google decidiram renovar radicalmente o interface do Reader, por isso o Helvetireader já não está a funcionar conforme esperado. A recomendação oficial é desactivar o estilo até que o Hr seja actualizado para o novo Google Reader. Acho que a vida na internet se está a tornar demasiado rápida…

UPDATE: Talk about bad timing. Those nice folks at Google have just decided to update the Reader interface quite radically, so Helvetireader is no longer working as it should. The official recommendation is to disable the style until Hr is updated for the new Google Reader. Life’s too fast on the web I guess…

Já não conseguem viver sem o Google Reader mas estão cansados do estilo de página habitual? Nesse caso, se forem utilizadores do Firefox, podem passar a acompanhar os vossos “feeds” em grande estilo com o Helvetireader. É o interface ideal para satisfazer o arquitecto minimalista que há em cada um de nós. A instalação é simples mas leiam atentamente as instruções, uma vez que precisam de activar previamente o plug-in Greasemonkey para o Firefox. Via Swissmiss.

Can’t live without Google Reader but you’re getting tired of that old-fashioned default theme? Well, if you’re a Firefox user you can bling it up with Helvetireader. Installation is pretty straightforward but please read the instructions as you’ll need to have the Firefox plug-in Greasemonkey activated. Via Swissmiss.

«Gente da Casa» - Coreografias da Obra

É já amanhã a segunda sessão do ciclo de debates sobre arquitectura, integrada no âmbito da exposição do projecto Gente da Casa. Com o tema “Coreografias da Obra” esta conversa conta com as seguintes participações: Rui Horta (coreógrafo), Ruy Otero (realizador), João Mendes Ribeiro (arquitecto/cenógrafo), Gil Mendo (programador de dança da Culturgest), Manuel Graça Dias (arquitecto), Luís Francisco (pedreiro), e os moderadores Carlos Gomes (arquitecto) e Nuno Nabais (professor do departamento de filosofia da Faculdade de Letras de Lisboa).
Esta segunda conversa, partindo da expressão própria de uma obra de construção, em função dos seus intervenientes, das preocupações, movimentos, tensões e tipo de ligações próprios desta actividade económica, abre-se ao conceito de obra mais vasto; como processo evolutivo resultante de um conjunto de ideias, decisões e acções que produz um resultado que tanto pode ser um edifício, um cenário, uma coreografia ou uma peça de teatro, só para referir aquelas em que o paralelo é mais óbvio.
Da mesma forma que os performers de um espectáculo, ao ensaiarem repetidamente movimentos e expressões, pausas e mudanças de velocidade, intensidades e intenções, geram uma determinada atmosfera capaz de revelar ao espectador o significado e o sentido das acções a que assiste, também numa obra de edificação, e em cada obra em particular, os seus diversos intervenientes, de acordo com a experiência própria de cada um, posição na hierarquia da obra e contexto em que esta se desenvolve, geram uma coreografia de comportamentos plena de significado e distintos planos de leitura – cultural, social, político e económico.
Pode o movimento gerado pelo trabalho numa obra ser visto como uma coreografia e uma coreografia ser vista como uma arquitectura do movimento?

Quarta-feira, 3 de Novembro, pelas 18h30 no auditório da Ordem dos Arquitectos (Banhos de São Paulo), em Lisboa.