O mundo soalheiro da fotografia de arquitectura

O sol está sempre a brilhar no mundo da fotografia de arquitectura, diz o Michiel van Raaij no seu blog Eikongraphia. No BLDGBLOG Geoff Manaugh especula ainda mais, perguntando-se se os edifícios são “feitos para parecerem bonitos, e bem fotografados, apenas no Verão”. O que me fez recordar o registo do Fernando Guerra para a View Pictures, descrevendo os dias chuvosos que enfrentou para documentar o Pavilhão de Anyang de Álvaro Siza.

The sunny world of architectural photography
The sun is always shining in the world of architectural photography, states Michiel van Raaij on Eikongraphia. Geoff Manaugh speculates even further, wondering if buildings are “meant to look good, and photograph well, only in summer?” Which reminded me of Fernando Guerra’s account for View Pictures, describing his rainy experience documenting Álvaro Siza’s Anyang Pavilion in South Korea.


When we travel to the other side of the world, we cannot postpone a session due to poor weather or insufficient conditions. We have to create the images with no excuses. During the summer of 2006, I went to Anyang to photograph the small pavilion built on an open square carved into the mountain, and I was greeted by a week of incessant rain. It was one of my first projects for the studio and I could not and did not wish to make excuses for an incomplete or insufficient piece of work. Filled with anxiety, I did what I had to do: I took pictures...
And it was worth it: The rain became part of the session, providing an unusual atmosphere. The fog ended up hiding some of the less interesting buildings nearby, and the gushing water created cascades that I have not seen since during recent visits to the building. (…)

6 comentários:

  1. Gostei muito do post de hoje. Pois convencer um cliente que apesar do mau tempo é possível fazer fotos bonitas não é nada fácil.

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  2. Há muito tempo que me fazem essa pergunta. Há muito que respondo que cada um vê aquilo em que quer acreditar.

    A verdade é que as críticas dos não -arquitectos (estas preocupam-me mais que a dos próprios arquitectos) vão sempre no sentido de que vivemos num mundo de fantasia. E eu prefiro sempre a realidade.

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  3. já ouvia eu outro dia na Antena 2 que um bom músico não inventa desculpas no dia do concerto.

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  4. Uma boa foto de arquitetura, é consequencia de um bom projeto, algo que se torne fotogenico, não esta ligado a chuva, sol, lua, noite ou dia. Embora algumas fotos valorizem alguns aspectos de um edificio, não acho certo dizer que projetamos algo para ser fotografado, com sol ou não. Ninguem projeta um edifico para ser fotografado, apesar de pensarmos plasticamente na beleza dele, projetamos para aquele espaço ser vivido, ser sentido e principalmente para funcionar corretamente de acordo com as necessidades humanas.

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  5. A representação fotográfica de uma obra arquitectónica é à partida um trabalho condicionado pelo discurso resultante do produto em questão. O autor concebeu e criou um produto que se pretende em diálogo com o lugar em que é implantado. Ora esse lugar irá dialogar com as diferentes horas do dia e com as diferentes épocas do ano. Assim sendo se ao longo do dia proporcionará uma leitura fácil de observar por quem deambula pelo lugar e se relaciona com a variável que é determinada pela hora do dia já no que aos momentos climatéricos diz respeito a observação poderá passar despercebida pela maioria.
    Como fotógrafo e professor de Fotografia de Arquitectura, defendo que o meu trabalho deve repercutir o pensamento do autor que concebeu um volume que tendo em principio vários pontos de vista não servirão na sua totalidade para amostragem da obra. A obra arquitectónica vai viver com sol e com chuva mas a sua representatividade depende do discurso a que está ligado. Surgindo a encomenda por parte de um cliente a satisfação desse cliente estará intimamente ligada à razão de utilização do produto final.
    A “não” existência de Fotografia de Arquitectura em tempo de chuva é da responsabilidade do cliente. Quando digo que a primeira observação é a hora do dia para que as condições de iluminação sejam favoráveis à realização de um trabalho que vá ao encontro do pedido do cliente e que a época do ano será mais ou menos favorável a essa realização, tal não invalida que a relação Fotógrafo/Cliente crie uma abertura para uma maior liberdade na concretização do trabalho.
    O discurso da Arquitectura é ele mesmo o discurso do seu volume, do seu cromatismo com a envolvência. E a Luz em Lisboa não é a de Londres como não será a de Kualalumpur ou Sidney. Saber ler essa Luz é saber representar a obra e por vezes o Fotógrafo gostaria de liberdade para um discurso diferente, o que por certo o Arquitecto antecipadamente sentiu quando criou a obra a fotografar. Quantas vezes um lugar foi só por si desafio para uma obra diferente. Pois se a chuva é só por si elemento de representação, com luminosidade própria, com movimento, com som com corpo de um volume elástico e que por isso mesmo passível de ser parte integrante da obra arquitectónica.

    António Campos Leal
    03022009

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  6. acrescento o que será talvez a razão principal do meu pensamento.

    P.S. – Devo acrescentar que cresci na cidade do Porto e assim a chuva, o nevoeiro a “falta” de Luz faz parte da minha forma de ver e portanto é parte integrante da minha cultura e do meu sentir.

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