Quarta-feira
É um dos meus blogs favoritos. A história de uma família portuguesa como nenhuma outra que eu conheça. A história do abandono da cidade grande. Uma história de descoberta. Sejam benvindos à Quinta Do Sargaçal.
Porque por vezes, o melhor que há em Portugal são mesmo os portugueses...
Somos um casal normal numas coisas e anormal noutras. A nossa vida, vista de fora parece "acertada e no bom caminho", segundo vários amigos. Mas, não sabemos se é ou se está e muito menos onde esse bom caminho nos levará.
Digamos que temos uma vida calma que podia ser ainda mais calma, se por exemplo, não fosse este Sargaçal. Temos uma livraria especializada em banda desenhada (Mundo Fantasma) e uma micro editora (MaisBD) e às vezes também fazemos algum design gráfico. Temos uma filha nada menos que espectacular e esperamos um filho em Outubro.
O Sargaçal fica em Cinfães, mesmo ao lado de Vila de Muros. Tem 5 hectares ou coisa que o valha. Dá muito trabalho e despesa. Mas isso seria o menos. Há também o Sr. Cristóvão num crescendo de incomodação, ao ponto de esta semana estarmos a repensar tudo.
A ideia do Sargaçal, vem na sequência da total insanidade da vida nas cidades de hoje. Viemos para aqui porque gostamos do local, tem o Rio Bestança -- um dos rios menos poluídos da Europa, uma associação de defesa do vale e em última análise o Sr. Cristóvão, sempre de lagriminha no canto do olho, acabou por nos convencer.
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Obrigado pelo comentário, que se calhar peca por excessiva generosidade. Principalmente não queria que ficasse com a ideia errada que abandonamos tudo para efectivamente morarmos no Sargaçal. Pode vir a acontecer, mas continuamos a morar na Senhora da Hora, Matosinhos e a nossa vida continua a ser principalmente no Porto.
ResponderEliminarNós chamamos "quinta", mas de quinta só o tamanho. Juntamos três terrenos, que entre si já foram 18 ou mais à boa maneira do "microfúndio" do norte. Passamos a vida a limpar e a plantar árvores. Eventualmente um dia vamos mesmo morar lá. -- JRF
Pronto! Eu aqui a imaginar-vos assim como que uma família ao estilo Casa da Pradaria... eu quase que podia filmar o genérico da série... Quinta do Sargaçal! Até o título é bombástico... e vocês deitam por terra esta minha fantasia...
ResponderEliminarAgora falando a sério, o vosso blog é muito interessante, diferente de todos os outros. Só mesmo esta minha vida desorganizada me tem impedido de acompanhar melhor os vossos escritos, e daí este lapso de ter ficado com a ideia que vocês viviam lá. Seja como fôr desejo-vos a melhor sorte com esse projecto da Quinta e para toda a vossa família (incluindo cão e gato, ah pois, eu também sou maluco com a bicharada)... Abraços!
Cão e seis gatos! Os outros ainda não tiveram oportunidade de aparecer -- vamos remediar isso rapidamente.
ResponderEliminarVou desenvolver um pouco mais a questão das motivações e razões do Sargaçal:
Já há uns anos que gostaríamos de nos mudar para um local no interior, mais sossegado, sem o stress e poluição da cidade, ainda com alguns valores... E não quer dizer que não o conseguissemos, isto é, não se trata propriamente de voltar ao século XVII. Neste caso concreto, estamos a uma hora e um quarto de casa (porta a porta) e se lá vivessemos, o que nos impedia de ir ao cinema, ou a Serralves, ter computador, internet... Claro que haveria sempre uma âncora no Porto, porque sair e viver exclusivamente de uma actividade no interior é que seria algo praticamente impossível, embora não devam faltar bons exemplos nesse sentido.
Algum tempo antes de resolvermos adquirir o Sargaçal e o resto, nasceu a Luisa e as coisas obrigatoriamente foram mudando. Não que os filhos não estivessem nos planos, é que entretanto o conhecimento de causa de alguns factores, influenciaram muito a nossa forma de ver as coisas. -- Por falar em filhos, a Luisa faz hoje (dia 7, escrevi isto offline) dois anos e a Susana acabou de ter o Pedro no Hospital de Pedro Hispano. Nascerem os dois no mesmo dia é nada menos que extraordinário. A Luisa vai perder a festa de anos, mas para o ano tem uma a dobrar.
A grande questão é que não nos faz sentido privar os nossos filhos de algumas coisas que nós próprios usufruimos, designadamente, boa educação, crescer com outras crianças, praticar desporto, estar perto da família (avós principalmente) e assim por diante. E encaremos os factos: o país anda a três ou quatro velocidades e nenhuma delas é digna desse nome. Primeiro e acima de tudo, há Lisboa e não haveria nada a dizer se o resto do país fosse, digamos, como a Alemanha. Mas não é evidentemente, cada vez mais longe disso. Depois vem o Porto e o Litoral. Depois o interior, onde há também as regiões totalmente esquecidas. Para colocar as coisas em perspectiva, digo só que em Vila de Muros, onde fica o Sargaçal, não existe sequer um contentor para o lixo. Na televisão costuma aparecer um macaco a separar lixo para baldes coloridos e às vezes pergunto-me o que sentirão as pessoas que nem um contentor verde têm. Em Resende, em 1998, ano de famosa expo, apagavam-se as luzes públicas às 21h00 (se me lembro) porque a autarquia não tinha dinheiro para pagar à EDP. O nosso primeiro, gastava mais em cartazes balofos quando estava na CML, do que Cinfães tem de orçamento global.
Mas, voltando ao Sargaçal, a verdade é que os nossos recursos são limitados e temos de considerar como um trabalho em progresso que vai dar para muitos anos. Limpar (e manter limpo) era fundamental devido aos incêndios; plantar árvores o mais rapidamente possível também, porque uma árvore não se compadece com o ritmo frenético das pessoas e demora sempre o seu tempo a crescer; construir um "refúgio de montanha", restaurando um palheiro, para nos permitir passar lá mais tempo seguido; mais inúmeras coisas e se tudo resultar e existirem possibilidades, construir uma casa; entretanto os filhos crescem, vão para a universidade e eventualmente nós mudamos para lá. O facto de os recursos serem limitados e de se trabalhar arduamente, também dá mais valor ao que se vai conquistando.
É engraçado ter falado na Casa na Pradaria, uma série que via com gosto quando era pequeno e que revejo agora quando posso. A Susana acha que é demasiado lamechas, mas eu adoro. É certo que exageram "ligeiramente" nas tragédias, mas os valores da família, da amizade, da lealdade, da unidade, do trabalho, da igualdade... estão todos lá e aprende-los nunca fez mal a ninguém.
Concluindo, por um lado gostaríamos de viver mais como na casa na pradaria, mas por outro sabemos que esse tempo já lá vai e as exigências dos dias de hoje, são complicadas demais, mesmo para quem vive no campo. E na verdade também nós estamos irremediavelmente demasiado "civilizados".
Descobri hoje este blog.Falar sobre plantas e espaços para dar voz a natureza é sempre um prazer.Vivo também em matosinhos e também tenho um espaço no minho onde ao longo dos anos tenho plantado várias espécies.
ResponderEliminarvoltarei.
traço azul