A arte pode matar

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“Eres lo que lees”. A frase, escrita com biscoitos de ração para cães, foi colocada na parede branca de uma galeria de arte. Junto a essa parede, preso por uma corda e um fio de arame, foi deixado ao desprezo um cão de rua, abandonado e doente. A alguns metros foi colocado um incensário onde, alegadamente, se queimou crack e cannabis durante a inauguração. Sem água e alimento, o animal morreu na própria galeria durante o dia seguinte.
Passou-se na Nicarágua. Tratava-se de uma “instalação” do artista costa-riquenho Guillermo Vargas, conhecido como Habacuc.
A situação, denunciada pelo El País e documentada em várias imagens, tem merecido enorme divulgação na web e deu origem a uma petição online contra o seu autor que reúne, no momento em que escrevo estas palavras, perto de 50.000 assinaturas.

O assombro generalizado por este gesto cometido em nome da arte lançou uma discussão acesa sobre os seus limites. A questão não é nova. Desde que Duchamp assinou um urinol e o intitulou de “La Fontaine” que se debate o que é, afinal, a Arte. A piada centenária parece entretanto ter perdido a graça. Na sociedade do relativismo cultural o grotesco tornou-se uma demanda crítica. De vacas serradas ao meio conservadas em monólitos de fibra acrílica a diamantes encastrados em caveiras humanas, a produção artística contemporânea vive refém das lógicas do seu tempo. A arte tornou-se lugar para a execução de função do gesto estético. Tudo se submete à performance.
Que a arte se tenha de submeter a todo o tipo de degradação é uma triste consequência do desespero em ser visível. Uma arte demitida de qualquer desígnio que não seja a captura de atenção. De tanta pedrada no charco, os “artistas” tornaram-se patéticos denunciadores da hipocrisia alheia. Sob o manto da irreverência e a crítica não resta mais que moralismo seguidista.

Eis, então, Habacuc, o grande moralizador. Pelas suas próprias palavras afirma que “o importante para mim era a hipocrisia do povo: um animal torna-se o foco de atenção quando o ponho num lugar branco onde as pessoas vão ver arte, e não quando está na rua morto de fome”.
Quando questionado sobre a razão para não utilizar outra forma de exprimir a sua mensagem, a desumanidade é total. “Recordo o que vejo… O cão está mais vivo do que nunca porque continua a dar que falar”.

Não é preciso ser defensor dos animais para perceber o grotesco intelectual em que tudo isto vive. A exibição da morte de um qualquer animal em nome de mais uma pedrada no charco inútil. Habacuc contra o mundo, aos seus olhos carregados de preconceito onde todos seremos hipócritas.
Em nome do desígnio de mudar o mundo, ou de nos mudar a todos, célebres tiranos promoveram os maiores genocídios da história. A Habacuc, em nome de atentar contra a nossa hipocrisia, restou o poder de matar um miserável cão das ruas de Manágua. A arte, essa, já morreu há muito.

Petição online contra Guillermo Habacuc Vargas.

ACTUALIZAÇÃO: 24 de Outubro, 2007.
Novos dados relativos à exposição de Guillermo Vargas foram apresentados desde que o caso foi inicialmente tornado público na web. Justin Anthony chamou-me a atenção para um conjunto de reflexões interessantes de Edward Winkleman. A Galeria Codice, onde a instalação teve lugar, avançou uma declaração de imprensa contendo informação relevante. Aqui estão os factos, tal como adiantados pela directora da galeria Juanita Bermúdez:

- A exposição de Guillermo Vargas teve lugar a 16 de Agosto.
- Um dos trabalhos presentes consistia na “exibição de um cão faminto que o artista recolheu da rua e que durante a exposição apareceu atado a uma corda de nylon, corda essa ligada a uma outra pregada a uma parede a um canto da galeria”.
- “Habacuc baptizou o cão de “Natividad”, em homenagem ao Nicaraguense Natividad Canda (24 anos) que morreu devorado por dois cães Rottweiler numa fábrica de San José, Costa Rica, na madrugada de Quinta-feira, 10 de Novembro de 2005”.
- “O cão esteve nas instalações durante três dias (…). Esteve solto no pátio interior durante todo o tempo, com excepção das 3 horas da exibição, e foi alimentado regularmente com comida trazida pelo próprio Habacuc”.
- O cão escapou da galeria durante o terceiro dia.
- Juanita Bermúdez afirma que tinha a intenção de adoptar o animal no final do evento.
- A Galeria Códice lamenta as declarações feitas por Habacuc, “em que ele afirma que era sua intenção deixar o cão morrer à fome, o que é da sua inteira responsabilidade”.
- O documento conclui com a seguinte afirmação: “Ao cumprir com informar a verdade dos factos, espero que todas essas mesmas pessoas tivessem elevado também a sua voz de repúdio quando Natividad Canda foi devorado pelos Rottweiler (Al cumplir con informar la verdad de los hechos, espero que todas esas mismas personas hayan elevado también su voz de repudio cuando Natividad Canda fue devorado por los Rottweiler)”.

A declaração de imprensa da Galeria Códice entra em contradição com as afirmações de Habacuc, tal como foram referenciadas pelo jornal costa riquenho La Nación; em que o artista recusou confirmar se o cão havia sido alimentado ou se tinha efectivamente morrido.
Uma vez que os factos reais são impossíveis de aferir, qualquer especulação é inútil. Isso, no entanto, não retira legitimidade às críticas que recebeu, em particular no que refere à falta de ética do evento. O cão em questão apresentava não apenas sinais de malnutrição mas também de doença de pele. Áreas de pele ulceradas são sintomáticas de possíveis doenças graves nos cães, por vezes contagiosas e em alguns casos indicadoras de condições fatais como a Leishmaniose – ainda mais prováveis em cães abandonados sem medicação.
Em conclusão, quando alguém toma um animal à sua guarda, é igualmente responsável pelos seus cuidados. Que tal animal tenha sido usado como objecto de exposição é eticamente inaceitável. O contexto da instalação – um tributo a um homem morto por dois cães – torna-o ainda mais incompreensível. A pretensa associação dos dois factos pelo autor e pela directora da galeria retratam a hipocrisia moral por detrás deste suposto gesto de denúncia.

Quanto às afirmações de Guillermo Vargas, são ou um testemunho da sua crueldade ou uma aspiração por publicidade a qualquer custo. Ambos são inaceitáveis e a consequente reacção esmagadora resulta da sua inteira responsabilidade. O direito à liberdade de expressão, na arte como em tudo o resto, não torna ninguém inimputável. Os fundamentos para a petição em curso permanecem, como tal, igualmente válidos.


Art can kill
“Eres lo que lees”. You are what you read. The sentence, written with dog food, was displayed on the white wall of an art gallery. Close to that wall, an abandoned and diseased street dog was left tied to a rope and a wire string. An incense burner was placed nearby where, allegedly, crack and cannabis was burnt during the inauguration. Without food and water, the animal died in the gallery during the next day.
It happened in Nicaragua. It was an “installation” by artist Guillermo Vargas, known as Habacuc.
The situation, documented with several images, received a lot of attention on the web and originated an online petition against it’s author that gathers, as I write these words, close to 50.000 signatures.

The widespread perplexity for this gesture committed in the name of art launched a fiery discussion about its limits. The question isn’t new. People have been debating what art is since Duchamp signed an urinal and entitled it “La Fontaine”. The centennial joke seems, however, to have lost its funniness. In the society of cultural relativism the grotesque has become a new critical endeavour. From cows cut in half and conserved in monoliths of fibberglass to diamonds engraved on human skulls, contemporary art production lives hostage to the trends of time. Art has become a place for the execution of function and aesthetic gesture. All is performance.
That art has to submit to all kinds of degradation is a sad consequence of its desperation for visibility. An art acquitted of any design other than the capture of attention. Moralism cloaked as irreverence and critique.

Here is, then, Habacuc, the great moralizer. On his own words, he states that “the important to me was the hypocrisy of the people: an animal becomes the focus of attention when I put it on a white place where people go see art, not when he’s on the street dying of hunger”. Questioned on the reason why he didn’t use a different form of expressing his message, the inhumanity is complete. “I remember what I see… The dog is more alive now than ever because people are still talking about it”.

It doesn’t take an animal lover to understand the intellectual grotesque of the whole thing. The display of a dog’s death in the name of a useless gesture. Habacuc against the world, in his prejudiced eyes where we are all hypocrites
Intending to change the world, and change us all, famous tyrants promoted the greatest genocides in history. To Habacuc, against our hypocrisy, was left the power to kill a miserable dog of the streets of Managua. As for art, well, maybe it died a long time ago.

Sign the online petition against Guillermo Habacuc Vargas.


UPDATE: October 24, 2007.
New data regarding the Guillermo Vargas dog exhibition has been presented since it was first made public on the web. Justin Anthony referred me to an interesting set of reflections by Edward Winkleman. Galeria Codice, where the installation took place, advanced an official press release containing relevant information. Here are the facts, according to the gallery director Juanita Bermúdez:

- The Guillermo Vargas exhibition took place on August 16th.
- One of the featured works consisted of “displaying a hungry dog that the artist gathered off the street, and during the exhibition he appeared moored with a nylon cord, that was subject as well to another cord that hung of two nails in a corner of the gallery”.
- “Habucuc named the dog "Natividad" in tribute to the Nicaraguan Natividad Canda (24 years) that died devoured by two Rottweiler dogs in a factory of San Jose, Costa Rica, the dawn of Thursday 10 of November of 2005”.
- “The dog remained in the premises for three days (…). He was loose all along in the inner patio, except for the 3 hours that the sample lasted, and was fed regularly with dog food that the same Habucuc brought”.
- The dog escaped from the gallery on the third day.
- Juanita Bermúdez states she had the intention of keeping the dog herself after the exhibition.
- Galeria Codice regrets the declarations offered by Habacuc, “in which he maintained that its intention was to let the dog die to starvation, which is of its absolute responsibility”.
- The press release concludes with the following statement: “As we fully inform the truth of the facts, we wish all those people would have elevated their voices of disgust when Natividad Canda was devoured by the Rottweiler (Al cumplir con informar la verdad de los hechos, espero que todas esas mismas personas hayan elevado también su voz de repudio cuando Natividad Canda fue devorado por los Rottweiler)”.

Galeria Codice’s press release is contradictory to Habacuc’s statements, as they were presented by Costa Rican newspaper La Nación; in which the artist refused to corroborate if the dog had been fed or if he had indeed died.
Since the real facts cannot be ascertained, speculation is useless at this point. That, however, takes no legitimacy to the criticism it received, particularly on the unethical extent of the display. The dog in question presented not only signs of malnutrition but also of skin disease. Ulcerated, crusted areas of skin are symptomatic of several serious health conditions in dogs, often contagious and sometimes an indication of fatal afflictions like Leishmania – even more probable on a stray, unmedicated dog.
The bottom line is that when someone takes an animal into his guard, he should take full responsibility for its care. That such an animal was used as an object of display is ethically unacceptable. The context of the installation – a tribute to a man killed by two dogs – makes it even more incomprehensible. The association of the two facts by both the author and gallery director reveal the moral hypocrisy behind this alleged gesture of social denunciation.

As for Guillermo Vargas’s statements, they are either a testimony of his cruelty or an aspiration for publicity at all costs. Both are seemingly unacceptable, and the consequent overwhelming reaction is of his own responsibility. The claim for a right to free speech, in arts as in everything else, doesn’t exempt one from accountability. The grounds for the online petition remain, therefore, just as valid.

38 comentários:

  1. Thanks for pointing this out. I signed the petition. What else can we do?! I'm positively appalled and rendered speechless.

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  2. Excelente análise. Porém, entre o urinol subversivo de Duchamp e essa espécie de performance cruel e grotesca, há um abismo que conviria explicitar.

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  3. Que argumento tão idiota, esse do Habacuc.

    Assinado.

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  4. Abaixo-assinado assinado... Estou chocado em como alguém pode matar um animal desta forma, tirando-o da liberdade da rua, onde por mais que estivesse mal podia buscar seu próprio alimento, para assassiná-lo cruelmente desta forma... Isso Não é arte, é deixar de ser humano.

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  5. já me fartei de falar no meu blog(www.egoconfession.zip.net) sobre a "problemática" da arte contemporânea e o caso das instalações... Mas saber de uma coisa assim me faz querer voltar ao assunto... Nao chamaria essa figura de artista, assim como acho errado dar nome a isso de arte...e por outra de estar em uma galeria... mas não culpo o autor, culpo o sistema de galerias, as curadorias atuais e até a mídia... O público pra mim é o que anda mais alheio... na verdade, o é público o mais alienado nisso tudo... ainda bem!

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  6. assinei liminarmente ... mas e os outros cães de rua ... o choque não será hipócrita se todos os dias os vemos morrer um pouco tb?

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  7. Assinado!- sem comentários a tal acto de boçalidade!

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  8. After freaking out for a while, and then calming down, I did a little research into this: read the October 23 and 22 entries by Edward Winkleman on his blog -

    http://edwardwinkleman.blogspot.com/

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  9. Justin, thanks for the info. I'll be updating on this issue soon, as I believe some things still deserve to be said.

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  10. Percebo que o autor deva ser punido pelo crime que cometeu.. para que sirva de exemplo a todos que o queram repetir.. uma vez chega..
    Não assinei nem vou assinar, não estaria a ser eu se assim o fizesse. Todos os dias passo por mendigos deitados no chão, aparentemente mortos, "os cães" da nossa sociedade, tal como toda ou quase toda a gente, não faço nada, e tento passar um pouco afastada.. com pena, mas mesmo assim passo afastada. Esses "cães" vivem presos à sua realidade, realidade cruel de drogas, doenças... uma realidade morta, que não tem mais volta. Habacuc, usou uma forma terrível de nos mostrar essa realidade, uma forma real e fora de contexto, e foi esse "fora de contexto" que chocou.
    Concordo com todos aqueles que assinaram, porque condenam alguém que "matou" um animal, mas sobretudo concordo com aqueles, que tal como eu acham que não têm o direito de o condenar porque fazem o que ele fez todos os dias quando passam por um mendigo, permitem que o "cão" continue preso ao fio de arame, doente, sem comida, nem bebida.. a morrer aos olhos de todos...

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  11. inacreditável... obrigado pela divulgação desta triste notícia.

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  12. Eu assinei, e espero sinceramente que esta criatura seja castigada, seja de que maneira for, pelo acto repugnante que tomou assim como gostaria que todos os que maltratam e torturam os animais o deviam ser. Quanto á questão que alguns aqui levantam sobre os outros casos e do que nada se faz para os ajudar...desculpem mas isso está ao alcance de cada um e se nada fazem é porque não querem. Eu não passo afastada dos casos que me assustam ou metem pena, muito pelo contrário muitas vezes deixo de usufruir de algumas pequenas mordomias que a minha condição económica me permitiria para poder ajudar neste caso animais em situações críticas. Faço-o porque acho que pelo menos posso ajudar aqueles seres, ainda que não os consiga ajudar a todos. Se todas as pessoas fizessem um pouco que fosse para ajudar, seja um caso específico ou uma instituição de solidariedade (e ás vezes basta uma "migalha", que a juntar a outras tantas faz um "pão") se calhar podia ser uma grande ajuda para muitos seres em desespero e risco de vida. Em vez de lamentarem que nada se faz pelos outros animais façam-no vocês! Metam mãos á obra e ajudem alguém, se não souberem de nenhum caso próximo procurem na Internet, vão ver que existem muitas associações a precisarem de ajuda, da vossa ajuda.

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  13. De momento não tenho nenhum amigo de 4 patas,mas todos foram super bem tratados e deixaram muitas saudades...é muito triste esta notícia,há mesmo pessoas sem sentimentos!!!

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  14. Já conhecia o "caso", para o qual também deixei apelo no meu blog.
    Em relação ao link do Justin sobre a "actualização" deste assunto, de momento as informações que pairam na net sobre o assunto são muito díspares: no início o "suposto artista" não queria comentar o que sucedera ao cão, agora já vem a galeria defender o "artista" e ele próprio (noutro site na net) dizer que o animal fugiu e está vivo. Mas alguém acredita mesmo, depois de ter visto as fotos da "evolução" do estado daquele animal (e de saber o que durante 1 noite inteira foi, também, queimado naquela galeria como fazendo parte da exposição - tendo o próprio animal inalado esses cheiros), que ele conseguiria fugir?!!!!

    Quanto mais não seja, a "obra" sórdida e desprezível de Habacuc serviu para nos pôr aqui a considerar sobre a hipocrisia humana perante a miséria, a fome, a pobreza de outrém!...
    Não podia deixar de partilhar mais a opinião da Dora!!
    Aqueles que tentam passar um pouco afastados e não fazem nada... é porque não querem!
    Todos temos possibilidades, naquilo que está ao nosso alcance, de fazer algo para tentar mudar essas situações...
    Pena é que nem todos tenham coragem para o fazer!

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  15. Quando recebi isto pensei que era mais um daqueles casos inventados (tipo Bonsai Kitten) e não liguei. Não queria acreditar, por um lado, que alguém conseguisse ter uma ideia tão estúpida, e por outro que alguma galeria de arte do mundo aceitasse tal "instalação"...

    Parece que afinal não, que para além da estupidez do suposto "artista" há, também, donos de galerias e, sobretudo, público, que aprecia este tipo de "arte".

    Não me apetece fazer mais comentários acerca disto. Já não há nada a fazer pelo cão, podemos apenas evitar que o dito senhor obtenha fama e esteja presente (e representado) em outras mostras.

    Susana

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  16. "Já que é assim, vamos falar de holocausto colocando judeus à morte em galerias"... certas horas o artista perde o limite, e gera uma polêmica buscando levantar uma discussão que tem fundamentos, mas com recursos que não se justificam. Este "homem" merece o mesmo castigo que deu a este cachorro! E sua hipocrisia é mil vezes pior que a que ele aponta com sua "arte" maldita!

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  17. SENTI me completamente agoniada...

    como deixaram?

    como foi possível?

    já não sei se me enjoa mais o

    artista se os surroundings...

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  18. é verdade que existem "os cães" das nossas ruas, os vagabundos, as pessoas que não tem para onde ir...e que todos os dias as vemos morrer um pouco. cabe a cada um de nós fazer algo. eu ainda sou estudante e de facto, não posso ajudar com muito, mas uma coisa que faço sempre (e digo-o publicamente porque poderá ser uma ideia para que outros também o façam) é sempre que vou à baixa, levo comigo 1 ou 2 pacotes de bolachas e 1 ou 2 iogurtes líquidos. assim, quando vejo um mendigo, dou-lhe essa comida. é pouco, é verdade, mas sempre dá para ajudar um pouco e faz com que nos sintemos ENORMES!
    em relação aos cães abandonados, a minha mãe anda sempre com um saco de ração na mala do carro e quando sabe a existência de algum cão de rua, deixa-lhe sempre uma boa quantia de comida. mais uma vez...é pouco, mas faz-nos sentir muito bem, por saber que estamos a ajudar.
    para esse senhor só lamento uma coisa: que não esteja em Portugal...acho que, literalmente, partia-lhe a cara!
    estou revoltada, e envergonhada por ele se dizer "artista"!!

    a minha assinatura já está!

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  19. Se isso é ser artista, ele deveria se envergonhar de se sentir um ser humano...Não há palavras que descrevem este artista....

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  20. É tanta a revolta que sinto por essa besta que se intitula de artista (o conceito de arte dele é certamente bem diferente do meu...) que nem consigo expressar tudo aquilo que realmente sinto. De qualquer forma, uma vez que a arte já chegou a este ponto, aguardo na esperança de que venham a permitir actos semelhantes com humanos (em nome da arte... porque pelos vistos quando se intitula de arte os valores podem descer ou até serem inexistentes) talvez eu organize uma exposição e acorrente esse "grande artista" para que toda a gente possa observar a beleza do definhar do corpo humano até à morte... Ah e claro... Escreverei uma frase na parede só para ele com donuts, bolachas, frutos e outros alimentos dizendo: Não és aquilo que lês embora o desejasses f.d.p....

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  21. é engraçado ver aqui gente toda revoltada com o que o artista fez mas a verdade é so uma, quantas vezes passam na rua e vêm caes doentes a morrer d fome e nao fazem nada?!? foi o facto de estar numa galeria que muda a meneira de ver as coisas?! o cao na rua também ia morrer, o artista encontrou uma forma de alertar as pessoas e pelos vistos conseguiu! eu gostava era de ver as pessoas que estao aqui a criticar a tomar iniciativas uteis porque dizer que se é contra é facil, depois vao na rua, vêm um cao doente e com fome e simplesmente viram a cara ao lado... tanta hipocrisia...

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  22. Caro anónimo,

    Como poderá compreender do que aqui publiquei, a notícia inicial que circulou na net dava conta da utilização de um cão doente numa instalação de arte. No decurso dessa exposição, alegadamente,o cão não teria recebido comida, água ou cuidados veterinários, tendo morrido no dia seguinte.
    Entretanto circulam diversas explicações alternativas, algumas das quais resultantes de afirmações do próprio artista e da galeria de arte. Estas apresentam factos contraditórios quanto ao que realmente se terá passado.

    É esta utilização de um animal abandonado e doente como objecto de exposição, com todo o cenário de especulação que entretanto foi criado (e que o próprio artista ajudou a acentuar), que chocou grande parte das pessoas e provocou uma reacção internacional.

    Para lá dos desabafos de indignação, ninguém de bom senso desejará retaliações ao artista em causa - ameaças físicas ou outras - apenas que este seja de alguma forma responsabilizado pelo acto de que é autor. A petição que está em curso destina-se apenas a que este artista não represente o seu país num evento de arte internacional.

    Ninguém pretende de igual modo relativizar o problema do abandono dos animais com outras formas de pobreza social e humana.Se o caso ganhou projecção internacional, isso deve-se à sensibilidade que um conjunto vasto de pessoas tem para com este problema. Quem esteja de alguma forma próximo de associações de protecção animal conhece a dificuldade em sensibilizar o público em geral para com esta causa específica e o que custa reunir condições financeiras e humanas para actuar.

    Deixe-me adiantar apenas que esse é um dos paradoxos de todo este caso. Que pretendendo chocar aqueles que ignoram o problema do abandono de animais, ele atinge exactamente aqueles que a ele se dedicam - para quem o gesto é um insulto a nível quase pessoal.

    Em conclusão, não parece muito correcto presumir o que os outros fazem ou não fazem, ou a hipocrisia alheia. Cada pessoa é como é. Uns são mais sensíveis a umas causas, outros a outras. Uns actuam mais, outros menos, e outros ainda nada fazem. E alguns por opção, outros por circunstâncias de vida que ninguém poderá julgar.

    Volte sempre.

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  23. Se o que ele queria era chamar a atenção para a hipocrisia das pessoas mas porque é k não se amarrou a ele proprio sem comida nem agua no raio da exposição? O resultado seria o mesmo!

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  24. O pior de tudo, sao mesmo as testemunhas da insanidade do pseudo "artista". Mesmo numa amostra "artistica" é permitido a dor, morte a olhos de outros é porque nao passam todos de doentes mentais. MAS AFINAL VIVEMOS EM QUE MUNDO!!!!!!!!!

    Este mundo devia era levar o maior abanao de sempre para acordar para a VIDA!

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  25. Quem tentasse alimentar ou cuidar do cão era impedido pelos seguranças?...

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  26. Primeiro ao blogueiro parabéns pelo blog e por ter divulgado a petição, também já o fiz no meu e já assinei. Não sei que diga às pessoas idignadas e que usam o argumento de "passam na rua vêm um animal doente e não fazem nada" ou "vêm mendigos e viram a cara" Eu tenho um blog que dedido aos animais de rua, a quem não viro a cara e por quem faço alguma coisa, fica na inécia quem quer... Faz-me lembrar a ajuda que um dia pedi para alimento de gatos de rua e tive uma resposta assim "tanta criança a morrer de fome vou gastar dinheiro com gatos" deduzo que as pessoas que dizem isto devem gastar imenso dinheiro com crianças. Eu gasto dinheiro para os animais de rua e olho para eles, sem que apareçam numa exposição e este cão também tem todo o meu respeito e teria o mesmo que fosse ali na rua do lado! Pena toda gente tem e não faz nada quem não quer fazer, ninguém pode salvar o mundo, mas podemos salvar um bocadinho dele. Já são 137.500 assinaturas e a minha lá está espero que faça alguma diferença! beijos

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  27. É ridículo um comentário como o desse senhor que se coloca como anónimo e por isso mesmo é que ele se mantém anónimo pois nem tem coragem de assumir o seu próprio comentário. Por acaso existe algum termo de comparação entre um animal preso e impossibilitado de buscar a sua própria sobrevivência ou um animal solto na rua?? Na rua o cão não tem sempre a possibilidade de encontrar uma poça de água por onde poderá beber ou restos de comida junto dos contentores ou até mesmo receber alimentos de pessoas que passam na rua?? É que muitas pessoas podem não ligar mas muitas também ligam e oferecem comida a animais abandonados... E mesmo que o cão estivesse destinado a morrer nas ruas (o que é muito menos provável do que na galeria como é óbvio) nada dá o direito a esse "artista" de tomar a iniciativa de pegar no animal e fazer dele o que quer em nome de um apelo que disse querer fazer em relação aos animais abandonados mas que resultou apenas na morte de mais um e não numa campanha de incentivo à solidariedade para com animais abandonados como se pretendia. E não resultou somente na morte de mais um... O cão não morreu simplesmente... O cão agonizou até à morte... E revolta-me imaginar que quando este senhor chamou o animal na rua este provavelmente correu para ele abanando a cauda feliz pensando ter encontrado um dono ou alguém que iria cuidar dele e no fim caiu numa emboscada desumana. E mesmo quem se baseia no facto de, mais ninguém na galeria ter tomado a iniciativa de ir soltar o cão ou dar-lhe comida, eu tê-lo-ía feito e não acredito que ninguém o tenha tentado. Muito provavelmente tentaram mas não o permitiram pois seria como que retirar uma tela da parede por acharmos que esta não devesse estar ali. E o facto de a atitude do público poder não ter sido correcta de igual modo, isso não tira a culpa do autor! Porque para todos os efeitos o autor é o criminoso! Que não venha agora desculpar-se que o cão morreu porque ninguém se mexeu para o ajudar! O cão morreu porque ele o colocou ali para isso, para chamar atenção sobre si mesmo e não para uma causa... Porque matar em nome de uma causa nunca foi nem nunca será um acto nobre mas sim digno de um frustrado que não consegue singrar pelos caminhos da arte por mérito próprio e então recorre a acções que possam de alguma forma fazer o mundo falar no seu nome. Parabéns Guillermo Vargas Hababuc. Podes ter a certeza que este será um nome de que nunca me irei esquecer. E espero para teu bem que nunca apareças à minha frente...

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  28. Claro Ana! Imagino que este senhor anónimo não é hipócrita e tem a casa cheia de cães abandonados...Afinal pelo comentário "o cão na rua ia morrer na mesma" nota-se logo que adora animais, se os animais na rua vão morrer, vamos todos mata-los que não faz qualquer diferença! Ora faça-me o favor...

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  29. "as pessoas sensíveis não são capazes de matar galinhas \ porém são capazes de comer galinhas"

    Sophia

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  30. jackeline at 10/26/2007 11:10:00 AM said:
    "Se isso é ser artista, ele deveria se envergonhar de se sentir um ser humano...Não há palavras que descrevem este artista...."

    concordo plenamente ! *

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  31. Já aqui expressei o que sinto em relação a esta besta chamada Guillermo Vargas Habacuc sobre o seu acto desprezível. Quanto a alguns anónimos que hipócritamente aqui vêm passar atestados de estupidez a todos os que defendem a causa animal e criticam os maus tratos e a tortura destes seres indefesos, só tenho uma coisa a dizer - Juntem-se a esse Habacuc e prendam-se a um qualquer canto de uma galeria de arte, deixem-se morrer á fome e à sede poupando-nos a todos à vossa presença inútil neste mundo.
    Gostaria também de alertar para uma outra situação que se está a passar aqui mesmo no nosso "quintal" http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2007/10/30a.htm
    Isto é escandaloso e horrivel.

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  32. bom este homem é um monumental filho da puta

    porque nunca ousaria apresentar semelhante acto de crueldade num pais civilizado.

    esta tipo de crueldade é punivel. no minimo levaria um par de estalos.


    da arte ...

    sem comentarios

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  33. claro que o sr anonimo tem razao quando fala da indiferença diaria
    mas....

    nao há absolutamente nada que justifique um acto de crueldade

    é claro que tambem nao percebo porque raio se faz um coment anonimo

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  34. Já aqui me expressei mas cá vao mais uma vez. Para começar penso que a senhora das galinhas ou é vegetariana ou come carne de cão e gato... nem vou gastar mais as palavras... Quanto à situação das vaquinhas que eu desconhecia, fico petrificada com estas situações, estes ditos empresários valem tanto com o "artista". O nosso país não tem uma lei que proteja os animais, matar um animal é uma situação banal, isto é vergonhoso e tem que acabar, esta falta de respeito pelos outros seres vivos que só se vê nos seres ditos racionais! existe uma petição online pela alteração da lei no nosso país, quem sabe se formos muitos fazemos a diferença?
    http://www.gopetition.com/online/14055.html
    Não custa nada assinar:

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  35. As histórias sucedem-se, os limites variam e esta discussão pode eternizar-se...


    Não sei se ouviste falar de Marc Evaristti, um artista plástico dinamarquês que utilizou não sei quantos mil litros de tinta para tingir de vermelho um iceberg enorme, na Gronelândia.
    Creio que houve uma petição para o desacreditar ou, pelo menos os jornalistas fizeram-no "em grande". Discutiram-se questões ambientais, dicutiu-se porque é que ele terá levado apenas duas horas a fazer a obra o que, segundo alguns não é tempo suficiente para produzir uma "grande obra"...
    Mas este não é o caso mais relevante para esta história ...

    Numa outra exposição havia uma série de liquidificadores, com peixes dourados a nadar dentro. Os visitantes da exposição podiam matar os peixes. A ideia também seria mostrar a hipocrisia do mundo em que vivemos.
    Claro que entre tantos visitantes um premiu mesmo o botão e o museu ficou imediatamente a braços com uma organização protectora animais e um processo judicial.
    Na sequência de um post num outro blog em que a história do Natividad é abordada mostrei dois exemplos extremos de como se lida com animais "enquanto artista"(pessoa)
    Porque a questão não tem nada de novo e os limites de arte e não arte e de quem ganha ou não prémios na bienal não se vão decidir com petições.
    Mas como dizia os dois exemplos são a Nathalia Edenmont e a Catherine Chalmers. A primeira disseca gatos , coelhos e afins e manipula as suas cabeças e partes várias para os montar em pedestais e outras peças de modo a torná-los ornamentais e obviamente "surreais".
    A outra tem uma série de "Execuções, curiosamente com baratas que nunca queima ou executa nas mini cadeiras eléctricas. Adormece-as e elas acabam por acordar.

    Claro que já houve uma petição contra a Srª Monte do Paraíso...

    Quanto à exposição em que se ouvia o hino sandinista se queimaraml 175 pedras de crack e uma onça de marijuana, mais uns quantos produtos quimicos e se matou um cão acho que a questão não passa por se o cão estava preso ou solto, fechado ou na rua. Teria "sido melhor" haver um happening qq em que o tal Vargas arrancava palavras das paredes e as comia com o cão....agir a favor do cão e não o crucificar parece-me, pelo menos, mais inteligente.
    Matar um cão em Portugal é um mero crime de dano...lá não sei.
    No outro dia, e não foi há muito, estava um caixote de cachorros num contentor perto daqui. As pessoas passavam, indiferentes., quase todas. A tradição de afogar ninhadas de gatos mantém-se. ..
    Imagino a exposição de que tanto se fala muito embora não deixe de me confundir a inércia das pessoas que presenciaram a morte do cão. Mais que o autor que pode ter 1001 razões válidas ou fúteis para o fazer confundem-me as outras pessoas. Não sei se o Vargas se vingava de um cão plural porque cães lhe mataram um amigo ou se é exibicionista ou se acreditou no que fez. E pelos vistos há consenso em que fez mas fez mal...

    E o Damien Hirst? Importa que não tenha morto o tubarão ou os carneiros mas que tenha utilizado animais mortos por outros?

    Já agora

    Catherine e Nathalia

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  36. Daniel,
    Excelente achega a este polémico assunto.

    Parabéns pelo Blog

    Até breve

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  37. Olá!
    Vou colocar um link no meu blog para aqu ipois reproduzi as fotos do animal e o texto da galeria.Gostei do que escreveu.

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  38. Unbelievable! I'm shocked being an artist myself that anyone would even remotely believe that this is art. I cannot imagine spectators appreciating this. How can this type of behavior exhist? Thank you for taking the time to write this. It means a lot to many peoplel. God Bless.

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