Não há nada pior do que responder correctamente à pergunta errada.
— TED: Alejandro Aravena (My architectural philosophy? Bring the community into the process).
O tema da Exposição Internacional de Arquitectura da próxima Bienal de Veneza é dado por Alejandro Aravena, o homem forte da Elemental. Reporting from the front é o mote para questionar a vanguarda contemporânea num momento em que se começam a vislumbrar os contornos das transformações profundas –económico-financeiras, ambientais, sociais – que irão marcar a história deste século. Aravena propõe-nos afinal algo muito simples: que a linha da frente da prática e da crítica da arquitectura está na charneira da crise – ou dos múltiplos cenários de crise da nossa era.
O seu texto de abertura invoca sem ambiguidades o dever social da arquitectura, dando conta do número crescente de pessoas que busca uma melhor qualidade de vida num mundo cada vez mais incapaz de corresponder às carências emergentes. O futuro do ambiente construído é um lugar central nessa discussão que é tanto crítica quanto política. Está em causa, como escreve o curador da exposição, combater o business as usual e afrontar a inércia da realidade. Trata-se de identificar a “cultura da não-crise” como um dos verdadeiros inimigos deste tempo.
No repto que lança aos diversos parceiros do evento, arquitectos, sociedade civil e representantes nacionais, Aravena parece mais interessado em convocar os problemas com que estes se confrontam – as crises por resolver que habitam os seus territórios – do que fazer desfilar uma montra de soluções aparentes, pouco sujeitas à adversidade da experiência e de nenhuma consequência futura.
Paolo Baratta, presidente da Biennale, confirma esse desígnio sublinhando o afastamento entre uma arquitectura crescentemente preocupada em produzir edifícios espectaculares, reflexo celebratório do poder e das ambições dos clientes e, por outro lado, uma sociedade que lhe fica indiferente, desistindo de interrogar a Arquitectura.
Está dado o mote para um evento promissor que poderá redefinir a linha da frente da arquitectura como lugar de conflito e de crise, para lá de elaborações sobre desenho e edifício, questionando teorias de organização social e estratégias de envolvimento cívico. Importa afinal considerar a responsabilidade que transcende para lá dos edifícios que se desenham, das cidades que eles constroem, perante aqueles que as irão ocupar e a vida que neles irão fazer.
É esse também o território que Alejandro Aravena vem explorando nos últimos anos, ao leme da Elemental, através de um corpo de trabalho divergente e provocador que vale sempre a pena explorar. Ficam várias imagens de alguns dos seus projectos de intervenção social mais conhecidos, abaixo.
Elemental, Quinta Monroy, Iquique, Chile, 2004.
Elemental, Lo Espejo, Santiago, Chile, 2007.
Elemental, Monterrey, Mexico, 2009.
Elemental, Villa Verde, Constitución, Chile, 2013.
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