Look up here, I’m in heaven
I’ve got scars that can’t be seen
I’ve got drama, can’t be stolen
Everybody knows me now
— David Bowie, Lazarus (2015).
Ser contemporâneo, do primeiro ao último dia das nossas vidas.
A minha geração descobriu David Bowie em plena fase pop, em meados da década de oitenta, algures entre o mega-êxito de Let's Dance e Absolute Beginners. Desconheciamos então os devaneios espaciais e as vidas passadas de Ziggy Stardust, que só viríamos a descobrir anos mais tarde. Era no entanto palpável a aura que fazia dele uma figura incomparável e incomummente respeitada no meio musical. Daquela década fica a memória dos duetos míticos com Freddy Mercury e Mick Jagger, bem como a prestação em Wembley, no dia 13 de Julho de 1985, no concerto Live Aid.
Contemporâneo perpétuo, David Bowie definiu a vanguarda fora das tendências do seu tempo, abrindo caminhos que outros seguiriam. Na sua música celebra-se o encontro entre a grande Arte e o universo popular. As suas transfigurações revelam-nos alguém que soube usar a identidade pessoal como palco de representação, assumindo a liberdade de ser diferente, sempre.
Parte num momento em que não havíamos ainda ponderado o alcance de Blackstar, o seu álbum testamento, marcado pela edição recente do vídeoclip Lazarus. Tony Visconti, produtor de longa data de Bowie, escreve que a sua morte não foi diferente da sua vida – uma obra de Arte. De regresso às estrelas, resta-nos o consolo na música. Para ouvir, depois do salto.
Não consigo ainda encontrar palavras. É o fim do "nosso mundo"; há um imaginário em reboliço nesta entrada nos 40. Idade da (nossa) Razão.
ResponderEliminar