Parque Pop-Up


Image Credits: Openhouse Gallery.

Park Here, um parque instantâneo, um jardim pop-up. Durante o dia é cenário de aulas de yoga e pilates. À noite serve de palco à realização de eventos privados, aulas de arranjo floral, provas de vinho e chocolate, projecções de cinema. Fica na Openhouse Gallery, em Nova Iorque. Mais imagens no Flickr. Via Core77.

Virtual independência

Uma ideia não pertence a quem a pensou, não existe tal coisa como a independência de pensamento, uma ideia é o produto de um conjunto de circunstâncias.
Rita Burnay, A virtual independência, Jornal Arquitectos #240.

O JA #240 também já se encontra em distribuição. Ser Independente é o tema de capa. Para esta última edição o director Manuel Graça Dias convidou alguns bloggers a participarem. Fica, por agora, o apontamento a um texto muito interessante da Rita Burnay, co-autora do blogue VolVer, com o título A virtual independência.

Skate de luz



Uma instalação interactiva da ENESS para a estreia do filme Tron Legacy na cidade de Melbourne. O making-of está aqui. Via Hello You Creatives.

A “aura” do crítico: arquitectura não é monocultura



O Jornal Arquitectos #239, com tema de capa Ser Crítico, está finalmente disponível na versão online. Ali encontramos um conjunto de ensaios sobre a degradação do exercício da crítica no enquadramento contemporâneo da cultura e da comunicação global, da paisagem telemática, das redes sociais, do real-time e também, em particular, dos blogues.

Manuel Graça Dias lança o debate no seu editorial. Mais do que as questões que coloca – qual é o lugar do gosto?; o que é um «objecto crítico?; porque são acríticas as palavras da “moda”? – é a primeira frase do seu texto que melhor nos poderia servir de motivo de reflexão:

Criticar arquitectura: entender o fazer dos outros e orientar-se por aí; relatar as dificuldades sentidas, a quantidade de desacerto ou, pelo contrário, as sobreposições perfeitas.

Entender o fazer dos outros. O ponto de partida é generoso. Presume uma partilha intrínseca, um esforço em esbater a distância entre o crítico e o criador. A procura pelo entendimento, por uma forma de clarividência, mesmo perante o erro, perante a fragilidade da experiência humana na circunstância da sua história. Infelizmente, cedo se perde a referência aos princípios que ali se pareciam ensaiar. Graça Dias prossegue a sua exposição com uma visão sobre o papel do arquitecto:

Um arquitecto só deveria estar interessado em arquitectura! E a arquitectura será a arte de construir (bem) espaços confortáveis para albergar o homem e as suas necessidades, discreta ou directamente comprometendo a cidade, pondo em causa os valores mainstream, avançando alterações, maneiras novas, mas, sobretudo, adequando poeticamente o espaço a essa herança maior, a essa prova final que seria a sua autonomia funcional. O espaço ficar preparado (através da misteriosa proporção, da articulação inteligente da luz e das sombras, das situações escondidas), ficar preparado para ser muita coisa, servir muita coisa; continuar, depois de nós, garantindo sempre que ali nos sintamos bem.

As grandes frases têm o problema de reduzir o pensamento ao seu fundamento. Um arquitecto só deveria estar interessado em arquitectura! – eis o que não deixa de transparecer uma visão fundamentalista, em jeito de sermão paternal, neste caso sobre o que deveria interessar aos arquitectos. Como quase sempre, aquilo que escrevemos diz mais sobre nós próprios do que sobre os outros, do que sobre o mundo. A esta ideia poderíamos contrapor uma outra, em tempos avançada por Mark Wigley, considerando o arquitecto como um profissional da complexidade, um perito não em oferecer respostas mas em encontrar novas formas de olhar para as perguntas, para as interrogações do seu tempo.
O arquitecto será sempre uma figura de crise por esse mesmo motivo. Porque no seu trabalho se cruza uma complexidade infindável de planos de convergência, porque arquitectura é desenho, é cálculo, é jurídico, história, cultura, ambiente, mobilidade, é vida pública, é vida privada. É cidade e sociedade.
Um arquitecto deve estar interessado em tudo, na certeza de estar condenado a viver mergulhado no erro num mundo de crescente incerteza. A beleza da arquitectura está nisso mesmo, em não haver método ou fórmula, não existir certo ou errado, é sempre processo, estratégia, relação, evolução. A arquitectura não é monocultura.

Noutro texto desta edição do JA encontramos uma reflexão sobre o problema colocado pelos blogues ao panorama da crítica de arquitectura. Jorge Figueira intitula o seu ensaio com o título HOUSTON WE HAVE A PROBLEM: O fim da crítica de arquitectura. Uma vez mais estamos perante um texto que nos revela mais acerca do pensamento do seu autor do que da realidade que pretende descodificar.

Um dos problemas recorrentes no modo como os críticos parecem abordar o fenómeno dos blogues transparece na ausência de definição para o que se entende por este novo suporte de comunicação – ver Da blogosfera para a atmosfera. Jorge Figueira apresenta-nos como ponto de partida um entendimento que só pode ser traduzido enquanto expressão de um preconceito. Se muitas das patologias que ali se apontam são efectivamente relevantes – a perda de distância crítica, a irrelevância da imediaticidade, a confrontação estéril, a ausência de democraticidade real – não deixa de revelar um equívoco quanto à importância dos blogues, ao seu significado crítico real num panorama em que se estabelecem novas ideias e novas formas de falar sobre arquitectura – novos media. Seria desejável que tal evolução fosse acompanhada por um escrutínio académico, porque a incubação de novas formas de comunicação exige a construção de uma ética intrínseca ao seu funcionamento. A sua ausência deixa-nos vulneráveis ao caos, ao estabelecimento de comportamentos por default, sem referenciação e, tantas vezes, sem qualquer sentido.

Mas tal não nos pode deixar confundir a respeito da paisagem global da blogosfera, a partir da percepção momentânea construída por meia dúzia de blogues mais visíveis. Muito menos deverá validar entendimentos acerca da motivação dos bloggers, reduzidos a uma espécie de massa homogénea sem identidade, fazendo ignorar a multiplicidade e a riqueza presente numa parte importante do mundo online.
A escrita blogue é motivada pelo ressentimento e/ou pelo deslumbramento – qual o significado desta afirmação? Terá o autor a arrogância de presumir as motivações de milhões de bloggers? Ficarão os críticos mais apaziguados perante um tal entendimento, liminarmente binário e inevitavelmente pobre?

O conservadorismo assente em leituras frívolas acerca dos blogues por alguns críticos parece transparecer apenas um desconforto incompreensível, por nos encontrarmos perante uma plataforma espontânea, não solicitada, de produção de conteúdos. Mas o que temem afinal os críticos? O que estão os críticos a fazer para sustentar a sua relevância para lá da “aura”, para conduzir as direcções futuras do discurso arquitectónico, explorar novos formatos e ir além do pré-estabelecido?
A questão mais importante que se poderia colocar seria interrogar as razões para a ausência da academia e da crítica em todo este processo. É certo que as escolas e as revistas de arquitectura se balançam na necessidade de estabilidade, de definir referências num mundo em mudança. A rede é um território com limites móveis onde esse exercício é difícil, talvez mesmo impossível, mas que por isso mesmo não deixa de ser necessário.
A crítica precisa de aprender a correr riscos, algo que os bloggers deixaram há muito de temer. Em nenhum outro lugar podemos encontrar reflexões entusiásticas sobre arquitectura fundadas em motivos tão diversos como a iconografia da ficção científica, a experimentação gráfica conceptual, a paisagem especulativa dos jogos de vídeo, as estações espaciais e as bases lunares, os túneis de metro abandonados, a propagação infindável das favelas, as prisões secretas do Iraque, os quartéis-generais dos vilões dos filmes do James Bond, a base subterrânea do Batman e os castelos do Harry Potter.
O diálogo é rico e imprevisível, permitindo a todos participar em formas radicais de investigação e partilha. É uma nova ecologia complexa de conhecimento em constante mutação, aberta, acima de tudo, a uma nova geração de pensadores emergentes. A crítica e a academia deviam compreender o que isto significa. É que a porta da rede está escancarada e não há meio de voltar a fechá-la.

a+t Strategy Public: Landscape Urbanism Strategies


Strategy Public: Landscape Urbanism Strategies is a new book from a+t architecture publishers. This post is available in English.

STRATEGY PUBLIC dá início a uma nova série no catálogo de livros de arquitectura da a+t. Apesar de deter algumas semelhanças com o estilo visual da anterior publicação desta editora, o manual de análise urbana intitulado THE PUBLIC CHANCE, este último livro aborda o tema das estratégias de projecto – a relação estreita entre as manifestações de arquitectura e o conjunto de objectivos que estão na base da sua conceptualização.


Kragh & Berglund, Plug’N’Play, Ørestad South, Copenhagen, Denmark, 2008.

É uma abordagem pouco usual considerando os padrões editoriais, mais convencionais, de investigação e análise de arquitectura. O projecto final é usualmente entendido como o ponto de partida para a busca de significado teórico. Aqui somos confrontados com um modelo de investigação diverso: o escrutínio das estratégias que antecedem o processo de desenho, procurando clarificar as carências, os propósitos e as metodologias seguidas, com vista a traduzir conceitos abstractos em soluções práticas.
STRATEGY PUBLIC apresenta assim um vislumbre sobre aspectos pouco reflectidos na discussão crítica da arquitectura, tendo em conta os diversos planos de intervenção que com ela interferem: económico, social, ambiental. O primeiro passo nesta investigação é formulado sobre os objectivos e as considerações programáticas. São igualmente analisados os factores exteriores tais como as especificidades do sítio, preocupações de sustentabilidade, as particularidades dos utilizadores, as restrições orçamentais e, finalmente, o modo como todos eles se tornam determinantes no desenvolvimento da solução.


Mutopia, City Park, Ørestad, Copenhagen, Denmark, 2005-2008.

Mais de 20 obras de arquitectura paisagista e design urbano estão representadas neste livro, sendo cada uma delas analisada em função das suas estratégias particulares e do resultado final. Trata-se do livro mais detalhado da a+t, contendo desenhos técnicos meticulosos e diagramas informativos que pormenorizam cada aspecto da sua construção.
Em alguns projectos encontramos a necessidade de reinterpretar o território existente, adaptar superfícies, introduzir novos materiais ou explorar soluções de iluminação inventivas. Outros abordam a necessidade de conectar ou activar espaços intersticiais, introduzir novas funções e temas ou lidar com questões sensíveis como a gestão de percursos de drenagem pluvial ou de áreas de plantação. Estes podem variar desde operações ambiciosas, de larga escala, a projectos que lidam com questões mais prosaicas como cortes financeiros ou a necessidade de reutilizar materiais e estruturas existentes.
A cuidadosa selecção e diversidade de exemplos é, afinal, aquilo que torna STRATEGY PUBLIC numa ferramenta de aprendizagem tão surpreendente, sendo também um valioso manual de recursos de design e metodologias de projectar, um livro que todos aqueles que trabalham sobre espaço público devem ter em consideração.



Kristine Jensens, Nicolai Cultural Centre Courtyard, Kolding, Denmark, 2007.



Kragh & Berglund, Plug’N’Play, Ørestad South, Copenhagen, Denmark, 2008.



Michel Desvigne, Seguin Island Gardens, Paris, France, 2010.



Mutopia, City Park, Ørestad, Copenhagen, Denmark, 2005-2008.



Arteks, Perruquet Beach Park, Vila-Seca, Spain, 2009.

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STRATEGY PUBLIC opens a new series in a+t’s architectural catalogue. Although it follows a visual and diagrammatic style similar to their previous publication, the noteworthy urban landscape analysis guide titled THE PUBLIC CHANCE, this latest book is more focused on the subject of project design strategies – the fine balance between architectural manifestations and the primary set of objectives that guide their creation.

It’s an unusual approach considering other forms of conventional theoretical research. The finished project is often the critical starting point in the search for meaning. Here we are confronted with an alternate investigation method: an attempt to scrutinize the strategies that precede the design process. To understand the methodologies through which concepts are put into practice. STRATEGY PUBLIC offers an outlook into different planes of intervention: economic, social, environmental, formal. It starts by inquiring project objectives, from the seminal programmatic considerations to the concepts through which these are translated into form. Additionally, external factors are taken into consideration – such as the specificities of the site, the ecological concerns, the target users, the financial constraints of the operation – and the ways these become determinant to the development of the project.

More than 20 built works of urban design and landscape architecture are represented and each one of them is analysed regarding these particular strategies and their subsequent conceptual outcome. This is definitely a+t’s most detailed book to date, containing meticulous technical drawings and informative diagrams that dissect every single project. Some address the need to reinterpret existing landscapes, to adapt surfaces, introduce new materials and explore inventive lighting solutions. Others are focused on the need to connect and activate interstitial spaces, to introduce new functions and themes or deal with sensitive issues such as rainwater and plantation management. These may range from ambitious, large scale operations, to projects that deal with more prosaic considerations such as spending cuts or the need to reuse pre-existing materials and structures. The careful selection and diversity of examples is ultimately what makes STRATEGY PUBLIC such an outstanding learning tool and a unique design resource manual, a book that every urban designer and landscape architect should definitely take into consideration.

Reblogged



Maybe I`m getting to the age when I`m starting to be senile or nostalgic or both, but people are so angry now. You used to be able to disagree with people and still be friends. Now you hear these talk shows, and everyone who believes differently from you is a moron and an idiot - both on the Right and the Left.
Clint Eastwood - via Introspection.

The Wormworld Saga



Uma pequena preciosidade que passou pelo meu tumblelog. Uma banda desenhada online intitulada The Wormworld Saga, da autoria de Daniel Lieske, que conta a história do pequeno Jonas Berg, um rapaz que descobre uma passagem para um mundo misterioso a partir do sótão da sua casa. O primeiro capítulo já está disponível e parece muito prometedor. O formato é de uma simplicidade genial, fazendo uso do movimento horizontal do ecrã para alcançar efeitos gráficos e narrativos muito eficazes e de grande qualidade visual. Não percam.

Os prédios também sentem



Buildings Have Feelings Too é uma pequena série de imagens da maravilhosa Joana Garrido. A mais talentosa designer 3D de origem portuguesa oferece-nos um conjunto de visões de inspiração arquitectónica, num registo algures entre o surrealismo e o fantástico. Não deixem de visitar a sua galeria fotográfica no Flickr para outras descobertas.

A fronteira está em toda a parte



Earth: The Pale Blue Dot é um pequeno filme que nos traz a grandeza das palavras de Carl Sagan. Porque há mais vida para lá daquilo que nos rodeia. Via The Dark Side of the Force.

Largo do Rato, uma questão de fachadas

A aprovação do aditamento ao projecto de arquitectura para o novo edifício do Largo do Rato, da autoria dos arquitectos Frederico Valsassina e Manuel Aires Mateus, apresenta contornos curiosos sobre os quais ninguém parece interessado em reflectir. Se, uma vez mais, se reacendeu momentaneamente a polémica, ficou omissa uma discussão sobre a questão de fundo. Afinal, o que está ali em causa?

Os termos da aprovação do projecto pela Câmara Municipal de Lisboa referem que o aditamento de que foi alvo promoveu um conjunto de alterações, entre as quais podemos encontrar um novo desenho das fachadas, abandonando a “imagem monolítica” e propondo “uma marcação de lajes e vãos menos abstracta”. Resulta assim que não conhecemos já a imagem final do edifício, naturalmente diferente da que foi divulgada publicamente em fase anterior; pesquisar aqui. Querer discutir o projecto nesses termos torna-se assim um exercício especulativo em que se tornará difícil não cair no plano da demagogia.

Se não podemos discutir o projecto, podemos no entanto discutir o processo de que foi alvo, em especial no que respeita aos contornos do procedimento na sua dimensão jurídica. E aqui estamos no território de um conflito recorrente entre a esfera dos direitos privados e dos interesses públicos em presença. É curioso o modo como, em Portugal, parece exercer-se um enorme fervor na defesa do interesse público, por vezes assente em argumentos de validade técnica débil ou pouco verificável, ao mesmo tempo que se aceita com grande facilidade o menosprezo pelo direito dos agentes privados. Falamos, entenda-se, de cidadãos, de empresas, de munícipes. Os motivos para tal fenómeno terão a sua justificação cultural e a sua contextualização é difícil no curto espaço desta reflexão. Mas devemos questionar as razões para tal, em especial porque dos desequilíbrios da gestão desta conflituosidade entre o público e o privado resultam disfunções que podem por em causa o próprio tecido do que entendemos como estado de direito.

Sobre este caso em particular um vereador referiu tratar-se de um projecto ilegal por carecer, nos termos do PDM, de um plano de pormenor. Confesso desconhecer os exactos termos em que o PDM da cidade de Lisboa estabelece a obrigatoriedade da aprovação de um plano de pormenor para aquela zona. Mas é um argumento questionável e demagógico, uma vez que tal obrigatoriedade impende sobre a própria câmara municipal e a validação de restrições à edificação resultantes da vigência de um plano de pormenor obedece a regras legais rígidas e limitadas no tempo. Caso contrário estaríamos perante uma expropriação do direito à edificação de todos os particulares da área de incidência desse plano – ou de qualquer outro – por tempo indeterminado e estabelecido de forma discricionária.

É certo que muitas câmaras o fazem, ou fizeram, no passado, atropelando os termos da própria legislação. Mas tal é tão inaceitável como a violação da lei por parte dos particulares. A autoridade dos agentes do Estado resulta da sua actuação competente, coerente e legal. A discricionariedade, afinal, será sempre uma arma perigosa na mão dos incompetentes.
Não se compreende por isso as queixas veiculadas por diversos vereadores que se opuseram no passado à aprovação do projecto, quanto à acção judicial promovida contra eles pelo requerente. Os eleitos não têm o poder de violar a lei e o agente privado está no seu direito de defender-se judicialmente contra decisões que julgue serem ilegais. São essas as regras do estado de direito. Se tais vereadores estivessem certos da validade das suas decisões, então deviam defendê-las até às últimas consequências em vez de se lamentarem pelo facto de estarem a ser alvo de processo judicial, ao dizer que não é admissível colocar a faca em cima da cabeça de um vereador. Essa faca é a lei e está em cima de todos os envolvidos.

O que resulta de todo este processo é o vazio que pende sobre a câmara de Lisboa quanto a uma visão urbanística para o Largo do Rato, um espaço que a própria câmara reconhece como um lugar hostil e perigoso para o peão. No fundo, estamos perante um episódio sintomático de uma realidade que parece agravar-se à medida que o Estado vai perdendo capacidade económica e técnica para dirigir o planeamento das cidades. Os municípios vão assim a reboque da iniciativa particular e dos seus precedentes, perdendo iniciativa e actuando no contexto de discussões pejadas de demagogia e polémica, com pouco discernimento quanto ao interesse público, à história e aos valores de que deveriam ser os principais defensores e responsáveis.

Conferências da Trienal de Arquitectura



Estão a chegar as conferências da Trienal de Arquitectura de Lisboa. Nos dias 15 e 16 de Janeiro irá ocorrer a Conferência Internacional e no dia 18 terá lugar uma palestra de encerramento de Jacques Herzog, com introdução de Eduardo Souto de Moura. Os dois eventos irão realizar-se na Aula Magna da Universidade de Lisboa e os interessados ainda podem adquirir bilhetes na FNAC ou através da TicketLine (ver ligações na página da Trienal).

Nação Facebook



Estive a ler a edição da Time dedicada a Mark Zuckerberg, seleccionado para Pessoa do Ano 2010 e criador da rede Facebook, actualmente com mais de 500 milhões de utilizadores activos. No retrato que faz deste génio da era digital, um jovem de 26 anos, a revista americana levanta algumas questões profundas sobre o futuro da Internet na era pós-Facebook. Está em causa uma transformação avassaladora cujos efeitos não são ainda inteiramente perceptíveis mas que em breve poderão tornar-se dominantes do modo como se processa o cruzamento de informação na rede.

Na nação Facebook todos somos amigos. Ao contrário da blogosfera, que pode ser uma paisagem desoladora para quem escreve, o que ali se oferece é uma plataforma de gratificação imediata. O que ali se publica acede imediatamente ao mural do nosso grupo de relações. Os nossos amigos estão sempre lá, prontos para ler, gostar e comentar. Ao contrário da versatilidade que encontramos nos blogues, o formato Facebook presta-se ao browsing rápido e instantâneo. Pouco se escreve ou lê, mas torna-se fácil disseminar informação porque o contágio entre núcleos de amigos tem projecção exponencial.

A filosofia de Zuckerberg para o futuro da rede apresenta um factor novo e intuitivamente inteligente. Que para o utilizador, mais importante do que ver um vídeo do YouTube gostado por milhares de internautas anónimos, é encontrar o vídeo preferido de quem nos é próximo – as preferências dos nossos amigos. O Facebook apresenta-se assim como um novo padrão de referência daquilo que é relevante segundo uma lógica de proximidade.
A isto soma-se um segundo mecanismo, já em rápida implementação, que constitui a possibilidade de login automático em outras plataformas da Internet. O utilizador do Facebook pode agora aceder ao site da Time ou da CNN e gostar dos conteúdos que lá encontra, referenciando-os instantaneamente no seu mural e, consequentemente, dando-os a conhecer aos seus próprios contactos. Isto revela o verdadeiro potencial financeiro do Facebook e o seu apelo ao mundo comercial da rede, porque todos terão interesse em tornar-se acessíveis a uma plataforma de divulgação com 500 milhões de utilizadores potenciais.
Como contrapartida, estes sites irão ganhar acesso às características do utilizador do Facebook, aos seus gostos e preferências, permitindo-lhes afinar o target de conteúdos ao seu perfil específico; factor particularmente importante no domínio da publicidade.

O que está em causa é uma transformação radical do modo de navegação individual na rede e na filosofia de privacidade que dominou a Internet até à actualidade. Dir-se-á que tal modo de navegação é opcional. Podemos sempre recusar ou controlar a utilização do Facebook, ser selectivos nas escolhas do que gostamos ou partilhamos. Mas para uma nova geração de utilizadores, este poderá tornar-se o modelo cultural de navegação dominante da Internet. Os futuros internautas vão querer partilhar e vão querer que os outros gostem do que eles gostam. Não vão conceber o mundo de outra maneira. E neste processo vão construir, intuitivamente e durante a vida inteira, o seu perfil de gostos e preferências, propriedade da Facebook Inc. Private Company Information.

É a vitória derradeira do Big Brother. Tornar-nos a todos, voluntariamente, nos seus próprios agentes.

Neorama

Deste lado do Atlântico fica o desejo de um bom regresso ao Neorama, de volta à actividade depois de uma longa ausência. Nunca saiu do blogroll do bA e felizmente não escapou ao meu leitor de feeds. Sejam simpáticos e façam uma visita.

Blogging à moda antiga


Este senhor também está no Tumblr.

Desde que comecei a passar algum do meu tempo no Tumblr tenho vindo a descobrir uma mão cheia de coisas boas. Há pela rede uns botas de elástico que se queixam, porque é uma plataforma muito instável e tal… É verdade que aquilo às vezes anda tremido e tem uns dias maus, mas também não restam dúvidas que a malta mais cool está no Tumblr e quanto a isso não há nada a fazer. Comecemos pela primeira prova: o cozinheiro mais radical do planeta, o grande Anthony Bourdain, está lá e até tem uma página de fandom; o Fuck Yeah Anthony Bourdain. Para os admiradores deixo ainda a ligação à página do Twitter do super chef anti-celebridade, acessível em @NoReservations.

Mas voltemos ao Tumblr e às coisas boas que por ali se encontram. Entre os meus favoritos temos, claro está, o The Animal Blog, disponibilizando momentos fofinhos todos os dias. Outro favorito é o Mer et Soleil (Seasick on Dry Land) uma selecção de coisas invulgares entre a fotografia, arquitectura, arte e literatura, da mesma autora do imperdível Fuck Yeah Existentialism.

Na categoria de diversos, igualmente entre a fotografia, arte ou cinema, gosto muito das escolhas de Autumn Sunset, Au Revoir, Shosanna (o melhor título de sempre), Milk Star, Hope Will Never Be Silent, Landscape, Lifescape, entre uma lista infinita de coisas que por lá se encontram… Para uma dose aleatória de arquitectura e/ou design gosto particularmente do Flores en el Ático, assim como do Timeless Design, o Laughing Squid e ainda o Simplypi. Referência ainda ao Marvelous Nerdism, com bons achados entre o tecno-geek e o design prospectivo (ver arquivos).

Isto, acreditem, é apenas uma pequena amostra da riqueza que é o Tumblr, blogging alternativo à moda antiga com cultura de imagem, mantendo viva a frescura da vontade de partilhar coisas, apenas porque sim.

Metropolis



«Come, let us build us a tower whose top may reach unto the stars! And on the top of the tower we will write the words: Great is the world and its Creator! And great is Man! …but the minds that had conceived the Tower of Babel could not build it. The task was too great. So they hired hands for wages. But the hands that built the Tower of Babel knew nothing of the dream of the brain that had conceived it. The hymns of praise of the few became the curses of the many - BABEL! BABEL! BABEL! - Between the mind that plans and the hands that build there must be a Mediator, and this must be the heart.»
Metropolis, Fritz Lang, 1929.

A garagem hermética de Moebius



Chama-se Quenched Consciousness e é um tumblelog dedicado à obra de Jean Giraud, mais conhecido como Moebius. Este extenso arquivo de imagens reúne exemplos do seu trabalho de banda desenhada bem como da sua participação na área do cinema enquanto artista conceptual. A imagem acima faz parte da sua colaboração para o filme Alien, o clássico de sci-fi dirigido por Ridley Scott em 1979.