Homens procuram-se para viagem perigosa. Baixos salários, frio intenso, longos meses de completa escuridão, perigo constante, regresso seguro incerto. Honra e reconhecimento em caso de sucesso.
Reza a lenda que seriam estas as palavras do anúncio mandado publicar por Ernest Shackleton solicitando voluntários para a Expedição Trans-Antártica de 1914. Não era um prospecto animador e, no entanto, 27 homens assinaram a petição.
O centenário da chegada de Roald Amundsen ao Pólo Sul, em 14 de Dezembro de 1911, assinala mais do que a aventura de um só homem. É também a celebração do espírito dos grandes aventureiros do século XIX e do século XX. O que motivava estes homens a embarcar em perigosas viagens, rumo a lugares nunca antes mapeados? O que compele os aventureiros?
A resposta é difícil. A aventura é, afinal, o que resta quando a causa e a razão não contam.
Talvez mais do que qualquer outro tenha definido o seu significado o inglês George Mallory que morreu no Evereste em Junho de 1924. Interrogado sobre a necessidade de subir o monte mais alto do planeta respondeu: Porque ele está lá.
Se olharmos para o mundo de há cem anos veremos que quase tudo o que havia para descobrir já tinha sido descoberto. Os grandes desafios por atingir eram os Pólos e o cume dos Himalaias. O seu valor geológico ou estratégico era praticamente irrelevante. E, no entanto, inspiraram as maiores aventuras. Peary, Amundsen, Hillary e Norgay compreenderam o seu verdadeiro significado e tornaram-se ícones da maior magnitude. Porque foram e voltaram, nada mais. E porquê?
Porque estava lá.
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