Viagem a Portugal

Angela Merkl vem a Portugal e, com ela, vai vir charters de empresários da Alemanha. Entusiasmo. De repente todos escrevem cartas a Merkl. A doença alastra-se. Proponho que seja gravado um medley de todas essas cartas musicadas ao som de Postal dos Correios do Rui Veloso, aquela da Laurinda que faz vestidos por medida e não sei quê mais…
Angela Merkl vem a Portugal e vai dizer coisas. Essas coisas serão repetidas na televisão e nas rádios, muitas vezes. Comentadores vão falar sobre as palavras de Merkl. Ao serão todos os canais farão especiais de informação onde analistas e especialistas irão dissecar, vivissecar e bisturificar as subtilezas de Merkl, notando com ênfase o significado implícito de todas as suas pequenas minudências de linguagem. No dia seguinte Merkl fará as capas de todos os jornais. Os blogues fervilharão com posts sobre tudo o que disse, o que não disse e o que diz que ela disse.
E depois?
E depois nada. Nada, nadinha, nadica de nada. Tudo como dantes, quartel-general em Abrantes.
E porque o país está seminífero em metáforas, deixo mais uma. Portugal parece uma viagem a bordo do Titanic. Há um buracão no casco mas toda a gente está a reclamar porque pagou bilhete e como tal tem direito a fazer a viagem até ao fim. Ó meus, já olharam bem ali para baixo. É que está a meter água.
Talvez a Merkl traga umas bombas hidráulicas. Tecnologia alemã. Mas, pelo sim pelo não, é melhor começarmos a dar ao balde…

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