Pura arquitectura



Richard Meier, Weishaupt Forum, Schwendi, Alemanha; 1989-1993.
(imagens via)







Richard Meier, Burda Collection Museum, Baden-Baden, Alemanha; 2001-2004.
(imagens via)


O perigo que reside em falar da arquitectura numa dimensão subjectiva – do universo da experiência artística - prende-se com o problema da linguagem. Tendemos a sobrevalorizar o poder da palavra, assumindo a linguagem verbal como a base em que reside o nosso saber. Ao fazê-lo, esquecemos que um vasto conjunto de expressões humanas se estabelece sob a forma de linguagens não verbais: em que poderíamos inscrever a arquitectura, mas também a música, a dança, as artes plásticas. Com os seus processos específicos de expressão, estas linguagens desenvolvem-se no espaço abstracto, estrito, do seu universo próprio.
Ao falarmos de arte em arquitectura, o perigo de enveredar por mal-entendidos é ainda maior. Um dos conceitos mais correntes para afirmar esta qualidade é o sentido de poesia. A poesia torna-se um problema quando é entendida enquanto valor linguístico crítico – contaminando o discurso verbal em torno da obra sem lhe adicionar outras qualidades. Porque em arquitectura, a poesia é um sentido subjectivo da forma e da sua percepção; e não um registo interpretativo de cariz literário sem paralelo com a base formal em que ela assenta. De outro modo não poderemos perceber de que poesia fala Álvaro Siza, por exemplo, quando fala da sua obra, sem paralelo em tantas memórias descritivas poéticas que nada dizem de arquitectura. Mais é dizer que linguagem arquitectónica não é o mesmo que a linguagem com que falamos de arquitectura.

Um dos aspectos mais interessantes na arquitectura de Richard Meier reside na enfatização de dois temas recorrentes: o branco como textura e a abstracção como linguagem.
O arquitecto americano tem assumido, sempre e sem pudor, a dimensão artística como integrante da sua expressão arquitectónica. Persiste, nas suas quatro décadas de trabalho, dramatizando os conteúdos teóricos como metáforas de arquitectura, afirmando o significado crítico como parte interna do discurso conceptual. Por isso os seus temas remetem sempre para a arquitectura pura e não para a dissertação teórica fora dela.
Meier fala de espaço, forma, luz, permanência; e fala dessas qualidades através da manipulação de superfícies e volumes, da busca de luminância e de contraste, fazendo sobressair o pleno poder da forma visual. São valores que estão presentes nas suas obras mais antigas, tão evidentes desde a seminal Smith House (1965-67) passando pela Douglas House (1971-73), e ainda no icónico Atheneum (1975-79) que será sempre uma das suas referências.

Um dos projectos que mais admiro na obra de Meier é o Weishaupt Forum (1989-93). É um daqueles edifícios cheios de maturidade, sem marcas de exuberância, que antes exprime equilíbrio, elegância, pureza; qualidades que agora retoma no mais recente Burda Collection Museum (2001-2004) também edificado na Alemanha.
Dois projectos exemplares pelo sentido de harmonia com o espaço que os envolve, destacando-se no contraste material entre o branco metálico e os planos transparentes.
Quando Richard Meier fala na procura de abstracção em arquitectura, fala de uma ideia de arquitectura “ela mesma”. O interessante na obra de Meier é que essa noção de abstracção resulta da dimensão dinâmica da sua experiência e não da desagregação formal. Sem necessidade de subscrever gestos polémicos, a sua arquitectura permanece enquanto gesto de economia. Na execução em busca da beleza pura, no propósito racional, num perene sentido de humanismo.

7 comentários:

  1. sem saber la vou ganhando uns premios !

    obrigado

    pedro guimaraes( fotocafe )

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  2. estou fazendo um trabalho sobre richard meier e gostaria de saber se vc tem algum material sobre ele.
    se possivel mande resposta para meu e-mail virginiaescossia@yahoo.com.br
    eu agradeço agradeço!

    gostei do blog

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  3. muito bom este blog !!! parabéns pela iniciativa, tornou um dos meus prediletos em acesso diário para saber um pouco mais desse nosso mundo de criação e inovação !!

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  4. tb estou fazendo um trabalho sobre Richard Meier, mas especificamente sobre a smith hause, não é muito fácil encontrar irformações sobre o assunto.. existe algum livro falando sobre as obras dele? se vc puder me ajudar eu agradeço muito !
    laramsousa@hotmail.com
    obrigada e parabéns pelo seu blog

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  5. Oi!
    Gostaria de saber se vc tem material mais específico sobre o museum for decorative arts, Frankfurt(1979-1985). Estou fazendo um trabalho e preciso de informações e imagens.
    Desde já agradeço a atenção.
    Se possível, encaminhe para meu e-mail:
    joselinedurante@yahoo.com.br

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  6. Oi!
    Estou fazendo um trabalho sobre Museum of Decorative Arts - Frankfurt, Alemanha – 1981-1984,e não acho muito material de pesquisa sobre essa obra,se puder me ajudar.Te agradeço desde já.
    tupacamaro@gmail.com

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  7. Estou fazendo um trabalho sobre Richard Meier e preciso de plantas e cortes da Ackerberg House.
    Se puderem me ajudar, agradeço muito!
    sandrarussomano@gmail.com

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