Sometimes it snows in April.
Sometimes I feel so bad, so bad.
Sometimes I wish that life was never ending,
But all good things, they say, never last...
And love, it isn't love until it's past.
— Prince, Sometimes It Snows In April (1986).
A primeira vez que vi Prince foi em 1984. Para um pré-adolescente branco dos subúrbios, fã dos Wham!, a imagem de um afro-americano despido, de postura meio andrógina, a sair de uma banheira na televisão era, francamente, demais. A minha imaturidade musical estava longe de poder abarcar o estranho experimentalismo de When Doves Cry e, de resto, o meu inusitado conservadorismo juvenil tornava-me incapaz de aceitar a estética ainda mais transgressora do seu videclipe.
Foram precisos vários anos para que fosse capaz de descobrir a grandeza de Prince Rogers Nelson. Já adolescência adentro, Purple Rain fazia-me compreender que a cultura popular também podia almejar à grandeza da mais erudita das artes – pois que ali se conjugava toda a pujança sinfónica da Pop rock, voando alto ao som de um dos mais orquestrais solos de guitarra eléctrica da história da música.
Foi, a par com David Bowie, um daqueles artistas que nos fez ver que podemos ser e viver desalinhados de todas as convenções. De Minneapolis para o mundo, reclamou o perigo como elemento fundamental da criação musical, desafiando o conservadorismo e o preconceito, na música como na vida. Uma verdadeira Estrela do Rock, compositor genial, autor prolífero, guitarrista brutal, orgulhoso portador da sua herança racial, um maravilhoso weirdo que nunca aderiu a conformidades de género ou sucumbiu a concessões de linguagem.
Hoje a chuva é púrpura e até as pombas choram. Mas a vida é apenas uma festa, e as festas não foram feitas para durar…
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