Therme Hip Hop
Uma banda suiça de hip-hop chamada Liricas Analas gravou este espectacular video nas Termas de Vals de Peter Zumthor. Uma visão um pouco mais hardcore do edifício, em tempos registado num filme/montagem fotográfica pelo Fernando Guerra.
Obra falada
De volta para divulgar o ciclo de palestras de projecto de arquitectura, com a chancela do departamento de Engenharia Civil e Arquitectura do Instituto Superior Técnico. As sessões terão lugar entre Novembro e Dezembro, sempre às quintas-feiras entre as 19 e as 21h - a primeira é já no próximo dia 2. Mais detalhes no sítio web da Obra Falada.
Pequeno campo de flores
Da colaboração do designer holandês Tord Boontje com a firma espanhola Nanimarquina nasceu este sexy tapete chamado Little Field Of Flowers. Em vários tamanhos e várias cores, ideal para percorrer de pés descalços ou espreguiçar confortavelmente em dias de Outono.
Centro Das Artes / Casa Das Mudas
O Centro Das Artes Casa Das Mudas, na Calheta, ergue-se numa falésia em queda sobre o mar. O projecto da autoria do arquitecto Paulo David tem como uma das suas características mais marcadas um sentido de criação de território, de fundação do lugar. É um gesto que nos reporta para a monumentalidade mas que foge, ao mesmo tempo, da mera ideia de exaltação pela dimensão. Trata-se, afinal, da construção de referência humana num lugar tão extremo e natural.
O edifício vive, ele próprio, de uma certa abstração entre a arquitectura e a topografia. Como uma celebração telúrica, ergue-se por uma geometrização de volumes cuja textura basáltica ajuda a fundir-se na paisagem. Como se escavado na própria rocha, o Centro faz sentir o fim da terra sobre o vasto mar.
A arquitectura que se formaliza nesta Casa Das Mudas despe-se de artificialismos icónicos com a ousadia de quem quer ser também um criador de montanhas. Parece seguir as palavras de Gonçalo Byrne, com quem colaborou Paulo David, para pisar leve mas pisar de facto. Assim se cavam naqueles volumes percursos, rampas, pátios. A grande plataforma desenha-se ancorada na rocha e desce ao seu interior onde se descobrem salas rasgadas de luz e se abrem grandes vãos que perspectivam as vistas que se projectam para lá do promontório.
Os percursos são acompanhados de detalhes cuidadosos de iluminação, natural e artificial, dramatizando o contraste luminoso dos paramentos brancos e da textura da madeira. O desenho da luz acaba por resultar como uma assinatura interna do edifício, culminando nesse momento maior de que faz corpo o auditório, uma daquelas fusões perfeitas entre intenção e execução técnica.
A obra que agora se apresenta em livro é registada pelo olhar fotográfico de Fernando Guerra. É um trabalho que transcende a simples reportagem de arquitectura para extravasar uma dimensão mais subjectiva da sua experiência. Esta viagem representativa do corpo construído dá-nos a conhecer a vida do edifício ao longo do seu dia até ao cair da noite, por vezes extrapolando verdadeiros quadros onde se faz registar a expressividade e textura da sua arquitectura.
Nos contrastes de luz, no céu atlântico que se rasga no horizonte, descobrimos esse refúgio basáltico e perene sobre o oceano. Não se trata assim de conceber uma relação pictórica ou cenográfica com aquela natureza, antes a procura da solidez de um tempo mais vasto, da terra e da rocha.
Fica a recomendação para a descoberta deste pequeno livro que nos convida ao percurso e à ponderação de uma obra que já faz parte do nosso património, aqui acompanhada de alguns apontamentos desenhados e dos textos de Ana Vaz Milheiro e José Mateus, entre outros.
(1) O livro Centro Das Artes | Casa Das Mudas é uma publicação das Edições FG+SG sobre a obra do arquitecto Paulo David, com fotografias de Fernando Guerra.
(2) A reportagem fotográfica de Fernando Guerra ao edifício do Centro Das Artes está disponível para consulta no website Últimas Reportagens.
(3) O Centro Das Artes / Casa Das Mudas integra o conjunto de obras seleccionadas no âmbito da exposição Habitar Portugal 2003/2005, presente no Centro Cultural de Belém até 10 de Dezembro.
O caminho de Corbusier
A Unidade Habitacional de Marselha é um dos projectos icónicos de Corbusier e uma daquelas referências básicas de qualquer arquitecto. Começa a ser planeada imediatamente após a Segunda Guerra Mundial (1945-46), entrando em construção em 1951. O edifício projectado para 1600 habitantes consiste numa enorme construção de 140 metros de comprimento de fachada, 24 metros de largura e 56 metros de altura, e previa o funcionamento interno de mais de 26 serviços independentes. Cada piso contém 58 apartamentos, projectados no famoso sistema dominó, com acesso a um grande corredor interno idealizado para funcionar como comunicação em profundidade e passagem.
O projecto serviu como primeira oportunidade para Corbusier pôr em prática as teorias de proporção e escala que viriam a dar origem ao Modulor. Ao mesmo tempo, constituía uma visão inovadora de integração de um sistema de distribuição de bens e serviços autónomos que serviam de suporte à unidade habitacional, dando resposta às necessidades dos seus residentes e garantindo uma autonomia de funcionamento em relação ao exterior. Esta natureza auto-suficiente pretendida por Corbusier era a expressão de uma preocupação que começara a reflectir desde os anos 20, na sua análise aos fenómenos urbanos de distribuição e circulação que se começavam a repercutir na sociedade moderna.
A sua concepção formal assimilava os princípios que lhe são hoje bem conhecidos. Assente sobre pilotis em betão armado, o edifício era concebido de modo a permitir uma grande permeabilidade visual ao nível do solo, o nível térreo funcionando como espaço de comunicação entre o exterior e o interior, com acesso às comunicações verticais. Estes conceitos tornaram-se parte da iconografia de Corbusier que assim dramatizava a necessidade de relação da construção com a envolvente urbana.
Outro aspecto muito interessante da unidade habitacional consiste na utilização da cobertura como centro de funções, sendo um dos espaços de maior vivência. Incluía:
- uma pista de atletismo com 300 m.;
- um ginásio coberto;
- um clube;
- enfermaria;
- infantário;
- espaço social.
Estes serviços eram dispostos de modo a usufruir das condições de visibilidade proporcionadas pela altura do edifício, enriquecendo a experiência de vida dos residentes.
As Unidades Habitacionais de Corbusier, em Marselha e depois em Nantes, consolidaram os conceitos que vinha desenvolvendo em torno da ideia moderna de habitar. Os princípios que lhe davam corpo resultavam de uma ideia de arquitectura enquanto produto da racionalidade, instrumento para delinear um sistema social enquanto sistema de razão. Nele se incorporavam princípios de funcionalidade e economia, reconhecendo-se na arquitectura um meio de ordenar o ambiente urbano e oferecer melhores possibilidades para as agrupações humanas. A criação de uma nova mecânica de circulação, organização de funções, concepção de um sistema de relações integradas, todas essas possibilidades eram usadas de um modo disciplinado e exprimiam a enorme vontade de intervir no processo da arquitectura e da sociedade moderna.
Estes projectos são exemplos icónicos da arquitectura de habitação colectiva do Movimento Moderno. Tantas décadas passadas desde a sua construção e reconhecemos ainda a actualidade dos princípios que lhes deram forma. O enquadramento em que nasceram e a perenidade que se lhes reconhece são uma herança que nos é indiscutível. A doutrina de Corbusier tornou-se numa ferramenta essencial para providenciar as exigências da casa de todos, sustentada na padronização de parâmetros de qualidade e a industrialização da construção.
O fenómeno da arquitectura de habitação de massa que percorreu toda a segunda metade do século XX não pode ser estudado criticamente por meio de um historicismo meramente idealístico, da crítica formal ou outro que não considera a sua base determinante enquanto processo histórico social - o aparecimento do automóvel como factor de desenho urbano, a perda de território do homem nas ruas das idades, o crescimento populacional vertiginoso dos centros urbanos, muitos factores estão na base das suas causas. Corbusier promoveu uma abordagem visionária destes processos e procurou dar-lhes resposta concreta em função das possibilidades técnicas que tinha á disposição. Paradoxalmente, talvez possa dizer-se que os meios com que Corbusier contava para operar a sua solução aos problemas da sociedade moderna – a industrialização – eram fruto do mesmo fenómeno que iniciara o mecanismo de transformação em que as cidades haviam caído em primeiro lugar.
Persiste na nossa mentalidade a procura de causas simples para as coisas, uma racionalidade que ainda hoje domina o pensamento de universidades e academias. Mas será um erro considerar o problema da habitação de massa e os fenómenos de desumanização que em muitos casos conduziram o crescimento das cidades, como problemas estritamente arquitectónicos ou mesmo urbanísticos. Acusar a herança moderna por algumas das suas subsequentes falências é não compreender o vasto fenómeno civilizacional expresso na nossa história recente. De certo modo, a transição da era moderna para esta em que vivemos assenta na compreensão da incapacidade humana em responder aos problemas que a sua presença coloca no mundo. A compreensão afinal de que esse mundo é uma nebulosa de complexidade, e que a nossa acção se determina entre as variáveis e os graus de incerteza entre o lugar da razão e o território da realidade.
(imagens via)
Momento geek
Pipocas com sangue parece ser a fórmula da próxima Tarantinada. Grind House é uma sessão dupla, uma slash-fest de Quentin Tarantino e o horror zombie de Robert Rodriguez, com trailers fictícios intercalares e sabe-se lá que mais, tudo com sabor a anos 70. O pudor impede-me de publicar o trailer já disponível no YouTube. Os audazes podem seguir as pistas do Google. Só para maiores de 18.
The Ghost Map
Steven Johnson tornou-se mundialmente conhecido com o seu livro Everything Bad Is Good for You: How Today's Popular Culture Is Actually Making Us Smarter. A sua próxima obra tem publicação agendada para dia 19 de Outubro e tem gerado enorme expectativa na web. The Ghost Map é uma história que percorre os dias da mais violenta epidemia de cólera que assolou Londres, em 1854. Promete ser uma descrição profunda da cidade numa época de grande expansão demográfica, marcada por contrastes sociais e as dificuldades humanas da vida da metrópole numa fase de conturbado crescimento.
Deixo-vos com um pequeno filme de apresentação com o escritor daquele que poderá ser mais que um bom romance; talvez um olhar amplo sobre a evolução das cidades e da sua organização, no caminho difícil que antecedeu o mundo moderno que hoje conhecemos.
Steven Johnson também é autor de um blogue.
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Adenda:
1| uma análise a The Ghost Map disponível no Kottke.org.
Shooting War
Shooting War é uma banda desenhada em formato digital que tem feito enorme sucesso. Esta é uma viagem ao futuro da Guerra do Iraque, uma ficção gráfica poderosa e crítica sobre o destino do jornalismo individual. Exemplo de apropriação dos novos formatos da web, especialmente do meio blog, é igualmente uma bem sucedida jogada comercial sobre a iconografia da sociedade do medo e da guerra do terror. Em linha desde Maio deste ano, a guerra começa aqui.
Lugar à divulgação
Uma equipa portuguesa composta por três recém-licenciados em arquitectura foi premiada, no início deste ano, com o 3º lugar na competição internacional Chan Chan 2006.
Tiago Filipe Santos foi um dos membros dessa equipa, dando agora a conhecer o seu próprio espaço web onde divulga alguns dos seus trabalhos académicos e participações em concursos internacionais. Destaque, entre outros, para o projecto de Residências Assistidas para a 3ª Idade em Alvorninha, um trabalho finalista do Prémio Secil Universidades 2005 e Prémio Comendador Joaquim Matias 2004-2005.
Imagem (acima): Habitação na Moita, projecto de Tiago Filipe Santos, Cláudia Almeida e Maria Cudell; Workshop FA-UTL.
O sítio web do Curso de Arquitectura da Universidade Católica de Viseu dá a conhecer alguns trabalhos dos seus alunos. Trata-se de uma iniciativa promissora que poderá decerto expandir-se a novos conteúdos e enriquecer o diálogo entre o ensino e a rede aberta da internet. De salientar igualmente a qualidade geral do site.
Imagem (acima): Projecto de um Hotel nas Termas de Alcafache, trabalho de André Oliveira; Projecto Integrado de Renovação (5º ano, 2005/2006).
Os jardins de Monticello
I am as happy no where else and in no other society, and all my wishes end, where I hope my days will end, at Monticello. Too many scenes of happiness mingle themselves with all the recollections of my native woods and fields, to suffer them to be supplanted in my affection by any other.
Monticello é a mítica propriedade onde Thomas Jefferson ergueu a sua famosa casa neoclássica. Os jardins que a envolvem são considerados como uma das mais ricas colecções botânicas do mundo, contendo plantas ornamentais, hortícolas e florestais de todo o mundo. O espectacular sítio web da fundação com o mesmo nome dá a conhecer a sua vasta história, apresentando um original interface de navegação com imagens e animações que são, por si só, um bom motivo de visita.
Fica esta lição de como uma boa história se pode contar de tantas maneiras diferentes, numa página para percorrer durante alguns minutos ou por horas a fio.
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