Cadelinha para adopção (urgente)



Esta cadelinha foi encontrada abandonada em pleno dia de chuva. Encharcada e bastante mal nutrida, foi recolhida e encontra-se em alojamento muito provisório. Deixo assim um pedido de ajuda urgente a todos os que possam divulgar o seu caso.
É uma cadelinha de porte pequeno, muito meiga, precisa apenas de donos atenciosos e uma casa onde possa encontrar conforto e dedicação. Se tiverem condições para a adoptar ou conheçam alguém que o possa fazer, por favor contactem o n.º de telemóvel 96 230 59 07 (Dora) ou via email para abarrigadeumarquitecto@gmail.com.
Mais informações serão dadas nos comentários sempre que solicitado. A todos, desde já, o nosso muito obrigado.

Ela diverte-se à grande


Imagem via.

Quando vejo peças publicitárias como esta ocorre-me que pelo caminho existiu uma equipa de criativos que teve a ideia. E que algures terá existido uma reunião com responsáveis da empresa, quiçá directores de marketing e relações públicas, onde o conceito foi revelado. E que terão gostado, a julgar pelo facto de investirem dinheiro da empresa na campanha. E que em seu nome se produziu uma sessão fotográfica e trabalharam imensas pessoas, até obter o grafismo e ele ser publicado na imprensa.
E que em todo este percurso – perdoem-me – ninguém terá dito as proverbiais palavras: «Porra mas é que isto é mesmo estúpido, pá».
Ainda assim quero acreditar que esta menina existe mesmo, é arquitecta e se diverte à grande a fazer maquetes. Tem umas mãos invejáveis para quem se dedica tanto à arte do corte e costura com bisturi. Tenho a confessar que gostava mesmo muito de visitar o blogue dela. É sempre entusiasmante ver alguém, nos dias que correm, que ficou rico a brincar às casinhas. Pode ser um estímulo para os milhares de arquitectos a recibos verdes e a estágio não remunerado, bem como aos 1138 arquitectos inscritos nos Centros de Emprego em Janeiro de 2010.
E, já agora, caro Dr. António Carrapatoso, não se importa de mandar esta gente ir bugiar?

Engenharia ética

Segundo uma notícia publicada no jornal Público todos os projectos de arquitectura para as 208 escolas já abrangidas pelo programa de modernização têm sido contratados por ajuste directo. A Ministra da Educação Isabel Alçada justifica esta situação com o facto de estarmos perante «uma problemática específica», tendo em conta que para «elaborar o projecto era preciso um arquitecto», sendo complicado este «ser elaborado previamente por um profissional e passar depois para outro».

Trata-se de um argumento errado do ponto de vista técnico e inconsequente no plano jurídico. A elaboração do programa de projecto é uma tarefa da responsabilidade do promotor. Como tal, a participação de um arquitecto faz sentido enquanto serviço de consultoria, colaborando para melhor traduzir os princípios e objectivos do projecto em parâmetros funcionais adequados à prossecução do trabalho, tendo em conta a sua natureza específica, o seu enquadramento social, quadro orçamental, e por aí fora.
Bem entendido, não é sequer um dado adquirido que a realização do programa e do projecto pelo mesmo arquitecto seja um factor desejável tendo em conta que este, enquanto autor da obra, pode sentir-se motivado a enfatizar aspectos conceptuais em detrimento da observação plena dos limites estabelecidos em sede do programa.

A questão mais importante, no entanto, é outra e é de natureza ética. Para constatá-lo devemos ter em conta as palavras do Eng. João Sintra Nunes, Presidente do Conselho de Administração da Parque Escolar EPE, que refere que o recurso aos mesmos gabinetes de arquitectura se justifica por existirem em Portugal «poucos que tenham capacidade para responder a este tipo de encomenda».
O que está aqui em causa? Diversas coisas. Não serei eu a dizer que A Escola, enquanto objecto de arquitectura, não tem particularidades únicas e de extraordinária importância, a merecer a maior atenção por parte dos arquitectos; tema a que aqui se dedicaram vários textos no passado: 1, 2, 3, 4. No entanto, no que se refere a complexidade projectual, uma escola não é um equipamento mais complexo do que um aeroporto ou um hospital – bem pelo contrário – e no entanto projectos dessa natureza, como muitos outros, são motivo para a realização de concursos públicos. Trata-se, não é demais dizê-lo, de uma questão ética que deveria ser evidente para todos num normal quadro de cidadania europeia.

Mais importante ainda é dizer que nem o Eng. Sintra Nunes nem o Conselho de Administração da Parque Escolar estão mandatados para determinar quais são as firmas de arquitectura que têm «capacidade para responder a este tipo de encomenda». Trata-se, afinal, de uma autoridade da Lei que deveria ser aplicada em observância com princípios de igualdade e transparência e cujo factor determinante deveria residir no Mérito. E é essa a questão ética fundamental. Enquanto não decidirmos viver numa sociedade que premeia o mérito sobre todas as outras coisas continuaremos a ser um país de segundas escolhas. De nada serve apregoar valores se depois os ignoramos no momento da tomada das decisões.

Paque Escolar EPE, um offshore jurídico

Não assino esta petição porque a maioria das contratações públicas celebradas no âmbito destas importantes intervenções no parque escolar nacional tiveram por base critérios de transparência e inteligência na selecção de equipas competentes para o efeito.
Não quero viver numa sociedade onde tudo é escrutinado; aferido e seleccionado tendo por base um sistema concursal espesso e utópico.
Não gramo blogs, observatórios nem cidadãos auto-esclarecidos com pretensões de meter o bedelho em tudo.

Anónimo.

O comentário que aqui se transcreve serve para ilustrar uma atitude própria dos dias que correm: a redução de um debate ao confronto de posições que se presumem sempre subjectivas, terreno movediço em que “tudo é relativo”, como se não fosse possível estabelecer diferenças entre o que são opiniões e o que são factos.
Todos somos livres de pensar o que quisermos e desejarmos até, porventura, viver num país do terceiro mundo, exprimindo-o a alto e bom som num blogue ao abrigo desse exercício de “cidadania sem cidadãos” que o anonimato em rede permite. A liberdade intelectual de cada um, no entanto, é um fraco instrumento para anular o peso do real. Especialmente quando está em causa a opção entre verdades indesejáveis e mentiras reconfortantes.

Facto curioso, tanto mais que a questão das adjudicações directas praticadas pela Parque Escolar vem sendo escrutinada em outros blogues de forma bem mais metódica e persistente. Goste-se ou não, a verdade é que «a maioria das contratações públicas celebradas no âmbito destas importantes intervenções no parque escolar» não oferece garantias de transparência na selecção das equipas participantes. Não está nem nunca esteve em causa a bondade e a importância do programa de renovação das escolas públicas nem os méritos do trabalho de muitas equipas envolvidas. O que está em causa é o incumprimento da PE para com princípios fundamentais de igualdade de acesso e transparência na relação entre o estado e entidades privadas, garantidos pelo procedimento de concurso público para projectos de concepção; uma questão sobre a qual a Ordem dos Arquitectos se pronunciou muito recentemente.

A situação torna-se ainda mais grave perante notícias que dão conta de uma perigosa promiscuidade entre representantes desta entidade pública e empresas participantes – ver Parque Escolar adjudicou 35 milhões em obras a empresa que tinha sido dirigida por um dos seus administradores (via). São elementos que parecem corroborar as acusações lançadas à PE de se comportar como uma espécie de offshore jurídico, para subscrever o termo utilizado por Tiago Mota Saraiva. O regime de excepcionalidade invocado por esta empresa pública é não só insustentável como contrário a todas as boas-práticas próprias de uma nação europeia. A dimensão financeira deste programa faz exigir exactamente o contrário: absoluta transparência de procedimentos, igualdade de critérios de acesso, publicitação de termos de concurso e, finalmente, publicação online integral de toda a informação, incluindo regimes contratuais e empresas envolvidas. São motivos mais do que suficientes para continuar a subscrever e apoiar esta petição.

There’s a cow on my Facebook


Life is grand at Googleplex. Maybe you folks should stop staring at the fishes and get to work now, huh?

Google Buzz is here, yey!... Look. It’s this new thing on my Gmail where I can do really cool stuff like sharing links and photos and stuff. Damn, aren’t those Google folks brilliant. How did they come up with that? It’s not like you could be doing that same stuff on Tumblr or Facebook or every other space in the Social Web for years.

Yes, the Social Web… Just how bad can it be? Do we really need it so much that it has to be everywhere? So let’s look at Google for a second. I thought these guys were all supposed to be geniuses or something. Don’t they have to take this crazy admission test where you need a 165 plus IQ to pass? Well, my guess is maybe that’s the problem. Too many freakin’ geniuses running around staring at fishes and lava lamps. They’re lacking your plain average common sense. Or mine. Darn, I want my seat on that fish room too!

So what’s wrong with Gee Buzz? I understand what they’re going for. Integration, integration, integration. Nothing wrong with that. But the question remains: what’s Google bringing to the table that no one else has to offer? What’s new about Buzz? What can I do with it that I can’t be doing elsewhere, that’s going to make me feel like I really need it and can’t understand how on Earth I could live without it anymore?

The answer, sorry to say, is “nothing”. It looks like a poor man’s Facebook. And Facebook sucks, by the way, with all its corporate marketizing and useless apps. Get that goddamn cow out of my face will ya’?

Let me tell you about Facebook. It’s become the web’s entrance door for people who missed the blogging revolution. I don’t want to sound harsh but most of these people have no “internet culture” – I know, it's not like most bloggers have it, either. But Facebook is really great at deceiving you because it provides instant gratification within your group of “friends”. So you actually think you’re getting somewhere or, even worse, think you’re making a statement by subscribing to thousands of petitions or joining the group to save the frogs of Tasmania or whatever like you’re making a difference. What happens to Facebook is that, although it’s great as a concept, it gets ruined by spammy invites, useless quizzes and plain stupid games that I couldn’t care less about.

Back to Buzz, the real problem is that it has no punch. No personality. And the interface is unimaginative. Just look at Twitter. It’s simple and fun. It makes you want to say something. With Buzz, you stare at it and wonder «okay, so what am I supposed to do with it?» Sure, I can associate every other web space of mine like Blog and Reader and Twitter. But is that the way to really use it? What else is there? Oh, right. Links and images. How great.

As it is, Google Buzz is simply redundant.

Uma petição

Subscrevi a petição contra o regime de excepção na celebração de contratos aplicado pela Parque Escolar, EPE. Questiona-se o modo como uma empresa pública, responsável pela gestão de um programa de requalificação da ordem dos 2.500 milhões de euros, vem exercendo uma prática continuada de ajuste directo, neste caso na área dos serviços de arquitectura, ignorando princípios fundamentais de igualdade e transparência na relação entre Estado e entidades privadas. Um sinal dos tempos, fazendo lembrar que nunca se podem tomar por certos os princípios da democracia. Eis uma boa causa.

Um exemplo

Esse é um dos motivos pelo qual somos apontados como um exemplo a seguir pelos outros Estados-membro.
Paulo Santos, Adene.

Portugal já tem 200 mil construções com certificação energética (via LXsustentável).
Notícias destas valem o que valem. Transmite-se a ideia de uma elevada capacidade de adopção de normas inscritas por via de directivas Europeias pela nossa indústria de construção. Na prática, está em causa a eficácia do aparelho licenciador do Estado em incorporar procedimentos administrativos.
Não será justo afirmar que tais procedimentos não sejam um contributo para introduzir um superior grau de exigência, tão necessário, no modo como projectamos e construímos as nossas casas. Mas estes números iludem aquilo que é, em primeiro lugar, uma alteração de nível meramente processual no acto de licenciamento. A interrogação que fica é se os arquitectos, construtores e, talvez mais importante ainda, os consumidores, estarão de facto mais sensíveis e exigentes quanto ao que aqui está em causa.
Melhor seria que nos orgulhássemos de ser um exemplo Europeu por via da interiorização destas práticas no modo de pensar, planear e projectar os fundamentos da nossa actividade. Em ser um exemplo, não pela aplicação de procedimentos burocráticos, mas pela real eficácia no fazer das coisas.

É a economia, outra vez

Uma nota breve para recomendar a todos uma audição atenta da participação do José Gomes Ferreira no programa Expresso da Meia-Noite da passada semana. Com lucidez e sentido de síntese, resumem-se ali os contornos do problema económico Português. São palavras que rasgam o ruído e a espuma dos dias. Eis a realidade que vamos todos viver nos anos que se aproximam.
Ver: Crise política e a Lei das Finanças Regionais, Expresso da Meia-Noite, 2010-02-05.