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Chega ao fim a exposição Geografias Vivas, patente no Centro Cultural de Belém até 25 de Fevereiro. A apresentação de vários projectos de Gonçalo Byrne fez reflectir o extravasar da sua arquitectura para uma dimensão urbana e até extra-urbana – o território da vivência humana.
O conteúdo expositivo incluiu desenhos e fotografias mas assentou principalmente em dois componentes principais: maquetes de grandes dimensões em várias escalas dos projectos representados e projecções vídeo de conversas de Byrne com figuras destacadas como Jorge Sampaio, Vittorio Gregotti, Nuno Portas ou Álvaro Siza.
O discurso oficial do evento remeteu para o facto de não se tratar de uma exposição de arquitectura. Da afirmação sobressai a intenção de fazer prevalecer o discurso sobre a dimensão conceptual. O afastamento a uma mera exibição formal não deixa de evidenciar uma certa ambivalência, a que o domínio das grandiosas maquetes encastradas em volumes negros reforça o sentido de depuração. Existe ali uma moeda de troca estética na formulação dos corredores expositivos, numa série de galerias temáticas que enunciam os temas em presença: Espaços de Relação, Cidade Histórica versus Cidade Contemporânea, Temporalidade, Paisagem e Vazio.
Se as Geografias Vivas remetem para essa dimensão da complexidade urbana, das emanações arbitrárias da vida colectiva, a purificação formal exposta faz prevalecer o tom pausado da sua reflexão teórica. E se, em parte, isso permite compreender com clareza os gestos projectuais de Byrne, torna também distante a leitura da obra acabada.
Bom exemplo desta duplicidade algo contraditória é a mostra da Requalificação da Zona Envolvente à Abadia de Santa Maria de Alcobaça. A dimensão supra-arquitectónica e a aproximação de escalas exposta em duas maquetes contíguas evidencia a beleza conceptual do grande terreiro e a sua relação com a envolvente monumental, reforçada por opções materiais singelas e muito expressivas. Ensaia-se assim um melhor olhar sobre o projecto, mas subsiste o sentir da distância ao real que só a experiência do local pode inevitavelmente obviar.
A metodologia da exposição torna-se mais eficaz para os projectos de base macro-escala, como o caso do Cais do Carvão ou a leitura geográfica do Centro de Controlo do Cais de Lisboa, uma peça tensa em ensaio sobre o vazio. Noutros casos acaba por beneficiar uma tendência para a monumentalização do objecto projectado; atente-se na proposta para o Santuário de Fátima, como exemplo.
Um dos projectos mais interessantes em presença é o da Sede do Governo da Província do Brabante Flamengo, em Louvaina, na Bélgica. É um daqueles objectos em que a relação com uma envolvente urbana sobrecarregada e caótica confere uma unicidade particular, na leitura da torre quadrangular envidraçada e os volumes horizontais que dela se desenvolvem.
Inevitavelmente, o conteúdo doutrinário da exposição extravasa dos depoimentos vídeo espalhados em diversos momentos do percurso, através de caixas negras de projecção. Fica na memória a conversa com Nuno Portas, dois homens dissertando sobre a cidade de interacções e percursos, as tensões entre a contemporaneidade e a história e a inevitável geografia viva da grande construção urbana. Uma de várias participações a reter, a merecer um suporte mais perene que lhes confira registo para o futuro.
Deixo estas impressões com a chamada de atenção a todos os que ainda queiram visitar a exposição, podendo fazê-lo até ao próximo domingo.
Arquitectura: Gonçalo Byrne.
Fotografia: Fernando Guerra.
óptima exposição.
ResponderEliminarmuito recomendável.
cumprimentos.
PARABÉNS A TODOS - ATELIER GB - PELA FANTÁSTICA EXPO.
ResponderEliminarUM ABRAÇO ESPECIAL A UM SR. ARQ. PELA CAPACIDADE E SUCESSO DA MESMA! (ele sabe q é ;-) )
BEM HAJA