O fim da DGEMN

A extinção da DGEMN é um golpe pesado na defesa do património arquitectónico português. Acima de tudo, independentemente da operacionalidade da aparente fragmentação de competências que agora se vai instalar, é o gesto final de um longo processo de perda de know-how, naquela que foi uma das escolas de saber na área da preservação do património. Por ali passaram engenheiros, arquitectos, arqueólogos; a instituição construiu um capital de conhecimento que passava de geração em geração de técnicos. A pouco e pouco, a perda de capacidade financeira do estado foi comprometendo a força da DGEMN, como tem sido regra em tantos lugares da administração pública. Deixaram de se fazer aqueles pequenos trabalhos de conservação que levavam os novos técnicos a locais recônditos, para consolidar uma estrutura ou recuperar um telhado; e assim ia dando um conhecimento de valores esquecidos, distribuídos pelo país profundo.
Fica a tristeza de sentir que se poderão fazer as contas desta reorganização estatal que ditou o fim da instituição, mas nunca se saberá o custo do saber perdido que, como sabem os que o sentem, demora gerações a refazer.

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