Sexta-feira
A esterilização de animais de rua é uma prática aceite por muitas das organizações de defesa dos animais (de todo o mundo). Essa aceitação é resultado de experiência e pragmatismo, como forma de reduzir o número crescente de crias abandonadas que resultam da não adopção desta política. Para além de que a existência de um elevado número de animais abandonados se pode tornar um problema de saúde pública é acima de tudo, para o próprio animal, a sujeição a uma vida de negligência, crueldade e sofrimento no ambiente hostil do nosso mundo construído.
Apesar deste facto, a esterilização não é uma prática comum nos animais de companhia, por ser tida por muitas pessoas como uma intervenção negativa à “natureza” dos animais. No entanto, grande parte dos donos recusam-se a assumir a responsabilidade perante as crias indesejadas dos seus animais, que são muitas vezes abandonadas ou mortas.
Na Grécia esta atitude parece ter-se tornado de tal modo usual que o envenenamento dos animais abandonados se tornou prática comum e um “facto da vida”. O veneno utilizado pode variar de veneno para ratos até pesticidas, condenando-os a uma experiência de sofrimento agonizante num longo percurso até à morte.
A realização dos Jogos Olímpicos de Atenas e o desejo de esconder este problema conduziu o governo grego e a administração local à necessidade de “erradicar” os milhares de animais abandonados da cidade. Segundo a ASPCA (American Society for the Prevention of Cruelty to Animals) estima-se que 80% dos cães de rua terão sido sujeitos a envenenamento nas últimas semanas. Este facto levou a ASPCA a condenar os “métodos arcaicos e desumanos de controle populacional alegadamente sendo implantados na cidade de Atenas, completamente inaceitáveis no ano 2004”, e a declarar o seu desapontamento com o governo grego pela sua insensibilidade a este problema.
É lamentável que um evento que supostamente simboliza os valores mais avançados da sociedade contemporânea, a igualdade, tolerância e respeito entre os povos, seja manchada pela ignorância e miséria cultural de forma tão cruel e repugnante.
Termino este tema tão triste com uma passagem de um email que recebi recentemente, em cujas palavras me revejo inteiramente:
Também eu acho que quem não trata bem um animal, um dia distratará um homem. É falta de sensibilidade para o sofrimento alheio, que geralmente, subdivido em três minorias sociais de risco:
- as crianças
- os idosos
- os animais.
Por esta ordem decrescente de importância que lhes é conferida pela sociedade e por cada indivíduo em particular. O problema é que Deus arquitectou um planeta à medida de todos, mas deste nós construímos um mundo demasiado perigoso para aqueles que não têm voz nele viverem.
[Maria Varela, jornalista e escritora]
Mundo triste este dos homens que teimam em não aprender que a vida, nas suas diversas formas, é uma dádiva e um bem precioso que deve ser protegido, e não destruído.
Referências:
[Indymedia: WAG Film Expose - Greek Animals And The Olympics]
[Planet Veggie: Give The Strays In Greece A Sporting Chance]
[Greek Animal Rescue: News Articles]
[OLYMPICS 2004: Anti-poison Campaign continues in Greece]
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" A grandeza de uma Nação e o seu progresso moral pode ser julgada pela forma como os seus animais são tratados"
ResponderEliminarMahatma Gandhi
Apesar de triste, foi bom ter partilhado essa notícia connosco. Obrigada.