







A Clark & Menefee foi dissolvida em 1999 com uma obra construída pouco extensa. No entanto, nos seus quinze anos de actividade, a firma norte-americana angariou um razoável reconhecimento crítico, com vários prémios e publicações internacionais. O seu projecto para a Lucy Daniels Foundation contemplando uma unidade de ensino pré-escolar para crianças com dificuldades de crescimento é um dos seus projectos mais consagrados.
A obra foi terminada em 1994, tornando-se uma referência emblemática do tema da arquitectura para crianças. Clark e Menefee afastaram-se da ideia de recriar um universo pré-concebido, cheio de cores primárias e formas irregulares. Para eles, as crianças traziam já consigo um mundo de fantasia e invenção, pelo que os arquitectos não lhes deveriam impôr a sua visão de um lugar infantil.
O edifício é marcado pela força e serenidade, qualidades que repercutem um efeito tranquilizador. Três blocos essenciais interligados por vestíbulos em caixas de vidro. Uma distribuição em “L” permanentemente rasgada nos topos de circulação e salas, fazendo dissipar a distinção entre interior e exterior. A estrutura de betão assume-se visível, os acabamentos não a escondem e o traçado dos vãos reforça a composição modular e fluída dos espaços.
A austeridade do edifício, com uma diversidade material bastante crua - betão, madeira, ferro – torna-se uma tela a preencher pela expressão artística das próprias crianças. Mas a racionalidade do edifício não deixa de exprimir uma elaboração didática das formas, em que a comunicação visual com a paisagem e a descoberta da luz são temas sempre presentes. É uma arquitectura que persiste ao passar do tempo pela eloquência da volumetria e da sua expressão tectónica, reverencial à envolvente natural. Uma obra que evoca a profundidade do sítio, onde as crianças podem estabelecer as suas próprias fundações internas, seguras na sua relação com o mundo físico exterior.
Arquitectura: W. G. Clark/W. G. Clark Associates, Charles Menefee III.
Paisagismo: Gregg Bleam.
Promotor: Lucy Daniels Foundation.
Sem comentários:
Enviar um comentário