Blogocídio

Ocasionalmente o bloguista sentir-se-há tentado a cometer o suicídio bloguístico, ou seja, a acabar com o seu blogue. Nessa altura, deverá ponderar a melhor forma de perpetrar o acto estando à sua disposição um manancial de possibilidades, nomeadamente:
a) À bruta: assim de repente, num post só, anunciar a toda a gente que se vai acabar com isto de forma sonora, e prontos!
b) Adeus mundo cruel: a despedida lamechas é adequada a quem tem uma comunidade de leitores sensíveis, naqueles blogues em que toda a gente conversa nos comentários, o autor responde e combinam sair para jantar.
c) Desaparecimento ou morte silenciosa: deixar de escrever sem mais justificações pode ser interpretado de várias maneiras. Por um lado é pouco satisfatório, um underacting, mas também pode ser visto como um traço de carácter. Já não estou para isto e mais nada.
d) Vou ali e já venho: a modalidade “vou tomar um café” da blogosfera é uma boa estratégia para aumentar as visitas. Anunciar que se vai acabar, mas depois voltar passadas duas semanas. Tem a vantagem de que há sempre uns tipos a falar do nosso desaparecimento, o que gera mais links, e depois a voltarem a falar que estamos de volta. O coffee-break é sem dúvida o golpe publicitário ideal.
e) Ia sendo mas não foi ou estou a pensar nisso mas não sei se vá: isto então é que não é nada. Crises existencias, pedidos de solidariedade é que não. Ou sim ou sopas!
f) Zanga de grupo: os blogues colectivos têm ainda a opção da zaragata generalizada. Ideal para intelectuais.
g) Publicar um livro: também muito na moda, publicar um livro e acabar com o blogue é chique e bem aceite socialmente. Eu cá acho mal, mas já se sabe, isto é só inveja!

7 comentários:

  1. A B-esfera tem idiossincrasias curiosas, de que só tomei verdadeira consciencia com o tempo.

    Uma é ter amigos de que só conhecemos o pensar e desconhecemos físicamente.
    O que pode alterar muito o "approach".

    Outra é esta coisa de morrer e voltar à vida quando nos apetece.

    Parece coisa do Céu e as alminhas :)

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  2. E existe ainda a possibilidade do "delete blog", a meu ver a única morte bloguística verdadeiramente digna desse nome, apenas restando a memória dos que o leram.

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  3. É.
    Ainda assim, há caramelos que "deletam" o blog, e continuam por aí... como almas penadas
    :)

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  4. Até agora ainda não tive esse sentimento.
    Mas às vezes parece que estamos a "escrever" para o boneco. Especialmente quando são desconhecidos quem mais "interage", ao contrário dos nossos amigos, com quem, nesta forma original, igualmente pretendemos comunicar.

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  5. Gosto das interacções que os posts suscitam.
    Mas descobri também o puro e simples goso de editar.
    Sem restrições, só para mim.

    Os blogs têm algo dessa ambivalencia da arte: são para os outros, mas sao também para nós próprios.

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  6. interessante perspectiva.

    o bloguicídio é algo que se vai vendo por aí.

    colocando de parte a questão da mortalidade infantil dos blogs: diariamente, a elevada taxa de natalidade vai colmatando o espírito sueco que assombra alguns bloggers menos predispostos para a vida [ou sobrevivência].

    os melhores cumprimentos.

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  7. Claro está, são alternativas várias. Pensar nelas, vale a pena.
    Mas, coloco-me em outra possibilidade, a do desaparecimento, digamos por morte, do blogueiro.
    Súbita, inesperada, sem avisos...como comunicar aos seus distintos leitores? Seria necessário? Louvável?
    Parece sinistro, o pensamento? Mas é uma possibilidade.
    Mas...vamos deixar tal idéia pra lá!
    Abraços, muito vivos!
    fernando cals

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