Segunda-feira
[via Público: O Ridículo Causa Danos, por Miguel Sousa Tavares] Por idênticos e primários raciocínios, caiu em cima de Luís Vilas Boas um coro de politicamente correctos, só porque ele se atreveu a dizer uma coisa óbvia: que um casal homossexual não oferece garantias para criar e educar equilibradamente uma criança. Uma vez mais, é o direito das próprias crianças a uma infância saudável que passa para segundo plano, cedendo ao direito dos homossexuais, mulheres ou homens, de brincarem aos pais e mães. Uma vez mais, a minha resposta é: olhem para a natureza. Já viram elefantes "gays" ou focas lésbicas a criarem filhos em comum? Peçam o que é legitimo pedir - igualdade de direitos conjugais e sucessórios, por exemplo -, mas não peçam o que não é natural pedir e ofende os direitos legítimos de terceiros inocentes.
Deixem-me começar com a maior abertura que é possível ter: eu gosto do Miguel Sousa Tavares. Gosto de ler o que ele escreve e reconheço-lhe muitas vezes uma grande lucidez. No entanto, saudavelmente, nem sempre concordo com os seus argumentos e às vezes discordo completamente do que diz. Eis-me então perante estas palavras que me deixam, acima de tudo surpreendido, não pela discordância, mas pelo simplismo a que MST resume uma questão que é complexa. Analisemos...
Ponto forte: um casal homossexual não oferece garantias para criar e educar equilibradamente uma criança. Isto pode ser uma coisa que se diz assim da boca para fora lá em casa, mas escrito numa crónica de opinião merecia ser sustentado por mais argumentos. Fica a pergunta: porque é que um casal homossexual não oferece garantias para criar e educar equilibradamente uma criança? E de que modo é que o casal homossexual põe em causa o direito das próprias crianças a uma infância saudável? O simplismo (e o ridículo) vem com a argumentação seguinte - olhem para a natureza - e os exemplos que se seguem. Bem, olhando para a natureza possivelmente podíamos justificar o machismo, a infidelidade e com alguma habilidade até a violência doméstica.
Miguel Sousa Tavares não vai ler isto e por isso que caia no vazio este pedido de que olhe para o umbigo e se questione. Não se compare o que não é comparável. Mas acima de tudo, reflicta-se sobre os termos simplistas com que escreveu coisas como: não peçam o que não é natural pedir e ofende os direitos legítimos de terceiros inocentes. Porque aqui existem vários preconceitos latentes que devem ser reflectidos e que tomei a liberdade de sublinhar. O que define MST por natural? O exemplo das focas e dos elefantes? E que significado tem neste contexto definir as crianças de inocentes? Serão elas “vítimas” atingidas pelo “crime” da adopção homossexual? Porque a questão não é, julgo eu, os homossexuais quererem brincar aos pais e às mães. Pelo contrário, é quererem participar de uma responsabilidade social para com muitas crianças que, de outra forma, não terão um lar onde crescer.
A verdade meu caro Miguel é que a realidade nem sempre é aquilo que imaginamos. Deixo aqui um exemplo para reflectirmos todos um pouco mais sobre isto...
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