Domingo
[via Público] Sete meses de vida, olhos azuis e uns cabelitos loiros. Patrícia, vítima número 199 dos atentados terroristas de anteontem, morreu no dia em que os espanhóis se levantaram em peso contra o terrorismo e Madrid não podia ter sido mais fiel à expressão da revolta que funcionava como uma espécie de onda expansiva pelo país.
Há momentos em que só o silêncio já parece fazer sentido. Só naquele minuto de silêncio em que o vazio nos liberta da especulação insensível se começa a sentir um pouco da verdade.
A pergunta que fica dos destroços desta barbárie é em nome de que injustiças, de que ideais, de que revolta se colheram aquelas vidas. Quem escreve a história de Patrícia, quem reclama esta vida. Quem se arrogou o direito de destruir os direitos desta criança, o direito a um futuro, o direito a uma vida.
Perante esta violência chega o momento em que temos de nos perguntar se temos nós o direito a um pacifismo de sofá. Quando a guerra chega à nossa porta será legítimo ser neutral? Já não é uma questão de esquerda ou de direita, é uma questão de reclamar o direito a viver. Temos de combater estes fundamentalismos, mas também aqueles que sorrateiramente se desenvolvem na nossa sociedade pelo maniqueísmo e pela demagogia, pela falsidade com que se conduzem muitos ao sabor dos interesses de alguns. Chega a hora de questionarmos o mundo e questionarmo-nos a nós próprios, contra estes fundamentalismos cheios de juizos e certezas, arrogantes de direitos e déspotas das obrigações.
Fica o silêncio...
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