A entrada na Sé de Évora começou a ser paga desde o início deste mês. Segundo o semanário Expresso, qualquer pessoa que transponha o átrio e se prepare para entrar no templo é abordada pelos funcionários da diocese que a intimam ao pagamento de um euro, ainda que ela argumente que vai somente rezar.
Na base das razões que levaram Évora a ser reconhecida como cidade património da humanidade está em grande parte a sua herança monumental com raízes que remontam a vinte séculos de história. A Sé-Catedral persiste como um dos mais notáveis edifícios da cidade do período medieval, com origens que datam a 1186.
A Sé está classificada como monumento nacional e é hoje pertença do Estado que está obrigado à sua conservação e restauro. São esses os termos da Concordata assinada entre Portugal e a Santa Sé em Maio de 2004, que refere ainda que em relação a este tipo de edifícios incumbe à Igreja a sua guarda; mas não lhe reconhece o direito de cobrar ingressos.
Como atesta o Expresso, a decisão agora tomada pela diocese é inédita ao nível das catedrais portuguesas classificadas de monumento nacional, como a de Lisboa ou a de Braga. Mas o mais surpreendente é o procedimento seguido pelo presidente do Cabido da Sé, cónego Eduardo Silva. Tendo apresentado ao IPPAR (a 21 de Julho) a sua pretensão de cobrar as entradas na Igreja, o IPPAR deliberou analisar a questão para a qual solicitou um parecer jurídico, posição que mereceu a concordância do clérigo. No entanto, o cónego decidiu antecipar-se às conclusões do parecer jurídico dando ordens para que se começasse já a cobrar as entradas.
É difícil aceitar que, não se tratando de um espaço privado da Igreja e estando o encargo da sua manutenção entregue ao Estado, esta se julgue no direito de cobrar ingressos aos seus visitantes. Num acto de discutível generosidade cristã o cónego Manuel Barros afirmou ainda ao Expresso que, caso o IPPAR não permita cobrar as entradas na Sé, o Cabido será obrigado a manter o templo fechado para apenas o abrir no horário das missas. A tradição, de facto, já não é o que era. Para uma diocese supreendentemente conservadora e pouco capaz de atrair os seus cidadãos o turismo talvez pareça a tábua de salvação. Por fim, talvez só lhes reste transformar toda esta Igreja numa peça de museu, fazendo eles parte do espólio para inglês ver? Para mais, com entrada paga.
Pay’n’pray
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Os vendilhões são assim: provam um templo e não o largam.
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