Esta é a história: há alguns meses atrás começou a circular o rumor de que o jogo GTA San Andreas incluía a possibilidade de proporcionar a CJ, o herói da história, momentos de sexo com as suas namoradas virtuais. A produtora Rockstar defendeu o seu produto negando que esses trechos fizessem parte do código base: tratar-se-ia de uma adição produzida por um grupo de hackers que teriam introduzido essas novas sequências no jogo original. Infelizmente para a Rockstar, veio a comprovar-se que o “patch” de nome Hot Coffee em circulação na internet não adicionava, mas antes desbloqueava aquilo que se verifica ser código existente que os autores do jogo resolveram bloquear na edição comercial final.
Dificilmente se chegará a saber se tudo se trata de mais um golpe publicitário da Rockstar. Possivelmente será antes um erro de cálculo dos programadores que negligenciaram a dedicação dos seus fãs para descobrir e desbloquear trechos de código ocultos. A verdade é que o escândalo estalou e com ele algumas acções judiciais, chegando San Andreas a ser completamente banido na Austrália.
A verdadeira questão, no entanto, talvez seja outra: porque é que a representação do sexo causa sempre mais escândalo que a visualização de violência? Convém esclarecer que desbloquear as referidas sequências de sexo de GTA passa pela instalação de software adicional e a manipulação de vários procedimentos de configuração, chegando no caso das consolas a necessitar de uma alteração do hardware. No entanto, na bela realidade pixelizada de San Andreas, alguns minutos é quanto basta para poder chegar perto de um cidadão anónimo e tatuar-lhe a cabeça com um taco de basebol ou barrá-lo no limpa-parabrisas de um automóvel acabado de roubar na esquina mais próxima.
A polémica em torno de GTA mostra como uma parte da percepção pública é facilmente conduzida a toda a espécie de equívocos em torno da realidade dos jogos de vídeo. Com muitos tiros, palavrões, carros e mulheres, San Andreas leva a ficção interactiva um passo mais além para um mundo destinado a maiores de 18 anos. A verdade é que a acção que ali se expõe, seja sexo ou violência, não passa de um cartoon quando comparada com grande parte dos conteúdos que passam nas televisões em canal aberto. No entanto, a mínima insinuação mediática de que um jogo promove alguma forma de perversão ou levou alguém a cometer um crime é tomada a sério por muitas pessoas. O caso mais caricato foi, para quem se lembre, as notícias sobre como o simulador de vôo da Microsoft tinha sido um utensílio de treino para os terroristas do 11 de Setembro.
A verdade é que o mundo dos jogos de computador já não é o que era. Um estudo recente da agência americana ESA - ler 2005 Essential Facts ESA (Entertainment Software Association) - dá um novo olhar sobre esta realidade: a idade média do jogador é 30 anos e a do comprador de jogos é de 37. Mais importante, em 92% dos casos, os pais estão presentes no momento de compra ou aluguer dos jogos dos filhos. Acrescente-se ainda que 43% dos jogadores são mulheres e nem todas estão a jogar aos Sims; muitas talvez não dispensassem a oportunidade de retalhar os vossos pixeis na arena do Quake. Num mundo em mudança, a regra é para os jogos como deveria ser para a televisão e as outras formas de entertenimento: acima de tudo os pais devem saber o que os filhos andam a fazer e impôr algumas regras para refrear-lhes os ânimos. Aos filhos, já se sabe, cumpre o papel de quebrar essas regras sempre que possam, fugindo à polícia a 200km/h pelas ruas estreitas de uma qualquer cidade virtual.
Viver e morrer em San Andreas
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Viver e Morrer na Av. 5 de Outubro
ResponderEliminarHoje, da parte da manhã, aconteceu um acidente horrivel na av. 5 de Outubro em lisboa.
Dois carros que ...
Num deles vinha uma pessoa, no outro 3.
Hoje morreu uma pessoa, transportava dentro de si uma criança que viria ao mundo dentro de meses.
Causa?
O excesso de velocidade do individuo que vinha sozinho.
Será que alguém me pode dizer o que leva uma pessoa a vir numa velocidade que leva à morte ?
Uma rapariga está em estado muito grave,um rapaz que vinha no carro, que conseguio sair pela porta de trás, a sua alma gémea?
Essas, ficaram lá.
Alguém encontra resposta?
Eu não!
Peço desculpa por invadir este espaço, mas passo por aqui todos os dias, é como se ele já fizesse parte do meu dia a dia.
Presenciei hoje,na Av. 5 de Outubro em Lisboa algo que não tem retorno.
a habitual e acéfala propaganda neocon americana, cínica e hipócrita...
ResponderEliminarpode-se matar a tiro, mas não se podem ver mamilos na tv porque é chocante e obsceno
raios partam as interpretações def mentais de deus e da religião, as ovelhas submissas e os travões da humanidade
sou do tempo do zx 81, spectrum 48k ,commodore 64
ResponderEliminaractualmente gosto mais de um bom jogo do que um filme.
jogos violentos???
não os comprem.
exemplo:a Mãe compra com o filho o "Tekkan5" em que na capa um senhor de luvas de combate e um fogo que arde por traz das costas, esta a espera de que??? SuperMario? do Yoshi?
:-)))
Para vela ao vento:
ResponderEliminarFico perplexo com o episódio que relataste. Não tenho de acrescentar que condeno totalmente o comportamento que originou esse acidente e todas as suas consequências. Não faz sentido teorizar sobre ele nem julgo ser tua intenção colocá-lo a debate. Quem sabe o que ia na cabeça desse condutor... Dito isto, e ainda que o meu blogue possa não ser o local apropriado para fazer o luto pelo episódio que presenciaste, resta-me repetir que compreendo os motivos do teu desalento perante uma situação que não deixa muitas respostas.