Sexta-feira
The first principle is that you must not fool yourself - and you are the easiest person to fool.
[Richard Feynman]
Mais do que um comentador ou um opinion-maker, Miguel Sousa Tavares é um cronista dos tempos em que vivemos. Por esta razão os seus livros de compilação permanecem como obras de interesse social: fazem o retrato de uma época e realidade política específicas e permitem-nos começar a construir uma ideia da nossa própria história recente.
No artigo que assina hoje no Público, Sousa Tavares reflecte sobre a degradação do sistema político e dos seus intervenientes: A imagem e a demagogia afastaram a reflexão e a ideologia. A ambição e o oportunismo substituíram a verdade e a coragem. Apesar da crueza das palavras o que está expresso é uma boa parte do sentimento que a sociedade portuguesa tem para com a vida política. No entanto é também essa sociedade, de que todos fazemos parte, que sustenta esta realidade e valoriza exactamente a imagem e a demagogia em detrimento da reflexão e da ideologia. Somos todos responsáveis.
O célebre físico americano Richard Feynman (prémio nobel da física em 1965) contava uma metáfora curiosa sobre o menosprezo social pela atitude científica. A história é simples: imaginemos dois candidatos à presidência, um é um político profissional e o outro é cientista. Ao primeiro um jornalista pergunta o que pensa ele fazer a respeito do problema da agricultura. O político profissional rapidamente aponta várias soluções fruto da sua “profunda convicção”: Devemos investir na formação profissional e na renovação de maquinaria, modernizando as nossas capacidades tecnológicas, por outro lado promover a reestruturação dos territórios agrícolas e florestais com vista à optimização dos recursos disponíveis, e por aí fora.
O jornalista aborda então o candidato cientista com a mesma pergunta, ao que este responde: Bem, eu não sou especialista em agricultura mas parece-me ser uma área bastante complexa. Há muitos anos que muita gente trabalha nesta área e persistem muitas dificuldades, pelo que o que penso fazer é reunir as pessoas mais conceituadas deste sector, com experiência e capacidade de análise, para tentarmos compreender todas as componentes da questão e assim planificarmos o melhor sistema com vista à obtenção dos melhores resultados possíveis.
Richard Feynman termina esta história com duas evidências. Em primeiro lugar que o cientista, pela sua abordagem que parte de observar a realidade e os fenómenos concretos que aí se verificam, é aquele que dispõe da melhor metodologia com vista à resolução dos problemas. Em segundo lugar, outra evidência, que este cientista nunca ganhará as eleições.
A verdade é esta: a maioria das pessoas valoriza a superfície à profundidade das coisas, valoriza as “profundas convicções” dos líderes em detrimento da observação da realidade. Ora isto não é assim em todos os países europeus. Em muitos países, especialmente do norte da Europa, os programas e as estratégias de acção política assentam crescentemente em métodos participativos abertos aos vários sectores da sociedade e resultam em planos de trabalho fortemente monitorizados. Este importante princípio, a monitorização, tem por objectivo analisar a evolução da acção política com indicadores que permitam medir os efeitos das actividades e delinear novas estratégias para corrigir erros ou aspectos menos conseguidos. Esta monitorização com vista à redução do erro é algo aceite como normal, tanto pelos cidadãos como pelos dirigentes políticos. O erro não é um escândalo, ele faz parte da vida humana e tem que ser assumido (e não ocultado) através de uma continuada observação da realidade e dos efeitos que as nossas acções nela vão imprimindo.
O que daqui se conclui é uma atitude adulta, uma cidadania avançada da qual estamos infelizmente muito longe. E não é apenas por culpa dos nossos políticos, mas por culpa de toda uma sociedade que persiste em não olhar para a realidade e aprender com a experiência passada, em defesa de uma interpretação do conceito de ideologia que está completamente desvirtuado. É que a ideologia não deve ser uma visão redutora, paralizada no tempo e fundada em preconceitos para com a sociedade e a história, mas uma doutrina sustentada na experiência e no conhecimento da realidade, com vista à defesa dos valores que estão na base da sociedade em que vivemos e que herdámos de séculos de esforço e sofrimento de muitos dos nossos antepassados.
Mais:
[A Barriga De Um Arquitecto: Esta Terra Mal Amada, 2004-01-13]
[bauzeit]
Quinta-feira
O tempo escasseia e por isso regresso à divulgação. Sediada em Biel, na Suíça, a firma Bauzeit dá a conhecer alguns trabalhos na sua página oficial. Muitas imagens e alguns textos (em alemão e francês) compõem um conteúdo que vale a pena conhecer, tudo embrulhado numa apresentação simples e acessível. Destaque particular para a qualidade dos projectos de interiores.
Überbauung Renferareal, conjunto habitacional em Biel, Suíça, 2002. Bauzeit, arquitectos.
O tempo escasseia e por isso regresso à divulgação. Sediada em Biel, na Suíça, a firma Bauzeit dá a conhecer alguns trabalhos na sua página oficial. Muitas imagens e alguns textos (em alemão e francês) compõem um conteúdo que vale a pena conhecer, tudo embrulhado numa apresentação simples e acessível. Destaque particular para a qualidade dos projectos de interiores.
Überbauung Renferareal, conjunto habitacional em Biel, Suíça, 2002. Bauzeit, arquitectos.
[direitos dos animais]
Quarta-feira
Roadkill Family Album, Nigel Grimmer, 2002.
Chegou o Verão! Tempo de ir para a praia, viajar, divertir-se e abandonar o seu cão numa estação de serviço!
Quando os acasos da vida me levaram a aproximar-me da causa da defesa dos animais fui inevitavelmente confrontado com as acusações habituais: “gostam mais dos animais do que das pessoas”, “com tanta gente a morrer à fome e miúdos a dormir na rua estes andam preocupados com os cães” e por aí fora.
As pessoas que fazem este tipo de argumentação assumem invariavelmente que os que se preocupam com os animais menosprezam a necessidade de ajudar os humanos em favor dos não-humanos. Mas não é de estranhar que quem faz estas acusações raramente pertença a uma associação de apoio seja do que fôr: da luta contra a sida ou do combate à fome, do apoio à reabilitação de toxidependentes à promoção da adopção. Na verdade, desenvolver a compaixão pelos animais é também fruto de sensibilização para com o sofrimento alheio. Nesse sentido, as preocupações com os direitos dos animais não são antagonistas, mas complementares aos movimentos de defesa dos direitos humanos. Ambos assentam no mesmo tecido moral da luta pelos direitos das causas sociais minoritárias e o respeito pelas necessidades dos outros.
A mensagem dos activistas pelos direitos dos animais tem como objectivo estender a círculo de respeito e compaixão humana para lá da nossa espécie e incluir animais que são capazes de sentir dor, medo, fome, sede, solidão e afecto. Esta mensagem assenta na educação individual e na atitude que temos perante os outros e perante o mundo. Infelizmente, ainda que alguns gostem de rotular a defesa dos animais como uma causa “politicamente correcta”, a verdade é que se trata de uma causa muito menosprezada pela sociedade em geral. A razão é, no meu entender, simples: a defesa dos animais confronta-nos, mais cedo ou mais tarde, com a necessidade de questionarmos o nosso modo de vida. Obriga-nos a tomar consciência de que, por exemplo, os nossos hábitos de consumo e entertenimento são, por vezes, causa de exploração e sofrimento animal difíceis de descrever.
É o desenvolvimento da consciência cívica, na qual a defesa dos animais se insere, que conduz o cidadão a questionar-se para com muitas outras coisas que o rodeiam. Um exemplo: todos nós somos capazes de olhar para a realidade de África ou outros pontos do mundo e nos enchermos de compaixão. Mas seríamos capazes de fazer concessões ao nosso próprio modo de vida quando este assenta grandemente na exploração de uma supremacia sobre as suas economias, através da manutenção de pesadas dívidas externas ou da manipulação das suas estruturas políticas com vista à promoção de vendas de armamento e exploração dos seus recursos fósseis?
Alguns dirão que uma coisa nada tem que ver com a outra. Seja como for, fico sempre a pensar que o cidadão capaz de abandonar um animal, atirando-o de um carro em andamento, dificilmente se preocupará muito com estas questões. Afinal, ele só deseja ter umas férias descansadas.
Roadkill Family Album, Nigel Grimmer, 2002.
Chegou o Verão! Tempo de ir para a praia, viajar, divertir-se e abandonar o seu cão numa estação de serviço!
Quando os acasos da vida me levaram a aproximar-me da causa da defesa dos animais fui inevitavelmente confrontado com as acusações habituais: “gostam mais dos animais do que das pessoas”, “com tanta gente a morrer à fome e miúdos a dormir na rua estes andam preocupados com os cães” e por aí fora.
As pessoas que fazem este tipo de argumentação assumem invariavelmente que os que se preocupam com os animais menosprezam a necessidade de ajudar os humanos em favor dos não-humanos. Mas não é de estranhar que quem faz estas acusações raramente pertença a uma associação de apoio seja do que fôr: da luta contra a sida ou do combate à fome, do apoio à reabilitação de toxidependentes à promoção da adopção. Na verdade, desenvolver a compaixão pelos animais é também fruto de sensibilização para com o sofrimento alheio. Nesse sentido, as preocupações com os direitos dos animais não são antagonistas, mas complementares aos movimentos de defesa dos direitos humanos. Ambos assentam no mesmo tecido moral da luta pelos direitos das causas sociais minoritárias e o respeito pelas necessidades dos outros.
A mensagem dos activistas pelos direitos dos animais tem como objectivo estender a círculo de respeito e compaixão humana para lá da nossa espécie e incluir animais que são capazes de sentir dor, medo, fome, sede, solidão e afecto. Esta mensagem assenta na educação individual e na atitude que temos perante os outros e perante o mundo. Infelizmente, ainda que alguns gostem de rotular a defesa dos animais como uma causa “politicamente correcta”, a verdade é que se trata de uma causa muito menosprezada pela sociedade em geral. A razão é, no meu entender, simples: a defesa dos animais confronta-nos, mais cedo ou mais tarde, com a necessidade de questionarmos o nosso modo de vida. Obriga-nos a tomar consciência de que, por exemplo, os nossos hábitos de consumo e entertenimento são, por vezes, causa de exploração e sofrimento animal difíceis de descrever.
É o desenvolvimento da consciência cívica, na qual a defesa dos animais se insere, que conduz o cidadão a questionar-se para com muitas outras coisas que o rodeiam. Um exemplo: todos nós somos capazes de olhar para a realidade de África ou outros pontos do mundo e nos enchermos de compaixão. Mas seríamos capazes de fazer concessões ao nosso próprio modo de vida quando este assenta grandemente na exploração de uma supremacia sobre as suas economias, através da manutenção de pesadas dívidas externas ou da manipulação das suas estruturas políticas com vista à promoção de vendas de armamento e exploração dos seus recursos fósseis?
Alguns dirão que uma coisa nada tem que ver com a outra. Seja como for, fico sempre a pensar que o cidadão capaz de abandonar um animal, atirando-o de um carro em andamento, dificilmente se preocupará muito com estas questões. Afinal, ele só deseja ter umas férias descansadas.
[o que se passa no sudão]
Quarta-feira
Uma criança sudanesa observa um burro a alimentar-se, fotografia de Karel Prinsloo via AP Photo / The Associated Press, 2004-07-07.
A Crise Do Sudão
O que é que se passa no Sudão?
O governo Árabe Islâmico do General Omar el-Bashir está a tentar suprimir simultaneamente duas rebeliões. Uma guerra civil, contra os rebeldes negros Africanos do sul, que dura há vinte anos; 2 milhões de pessoas foram fortas nesse conflito. Em 2003, os Africanos da região oeste de Darfur sublevaram-se igualmente contra o governo de Khartoum, a capital da nação. El-Bashir respondeu com uma campanha sistemática de limpeza étnica. A força aérea sudanesa bombardeou repetidamente as aldeias de Darfur, largando bombas incendiárias (crude bombs) sobre os telhados de palha das habitações. Posteriormente, os Janjaweed – milícias Árabes montadas em camelos e cavalos, armadas com metralhadoras AK-47 e chicotes, atacaram para assassinar os homens, violar as mulheres, raptar as crianças e roubar o gado. Mais de 30,000 pessoas foram mortas e 1 milhão abandonaram as suas casas. A maioria dos refugiados estão esfomeados e alguns acabam por morrer na região fronteiriça com o país vizinho, o Chade, que se encontra pejada de minas.
Um oficial das Nações Unidas chamou a esta carnificina “a maior catástrofe humanitária e de direitos humanos do mundo”.
[The Sudan Crisis via Wars Of Compassion, texto original em inglês]
Uma criança sudanesa observa um burro a alimentar-se, fotografia de Karel Prinsloo via AP Photo / The Associated Press, 2004-07-07.
A Crise Do Sudão
O que é que se passa no Sudão?
O governo Árabe Islâmico do General Omar el-Bashir está a tentar suprimir simultaneamente duas rebeliões. Uma guerra civil, contra os rebeldes negros Africanos do sul, que dura há vinte anos; 2 milhões de pessoas foram fortas nesse conflito. Em 2003, os Africanos da região oeste de Darfur sublevaram-se igualmente contra o governo de Khartoum, a capital da nação. El-Bashir respondeu com uma campanha sistemática de limpeza étnica. A força aérea sudanesa bombardeou repetidamente as aldeias de Darfur, largando bombas incendiárias (crude bombs) sobre os telhados de palha das habitações. Posteriormente, os Janjaweed – milícias Árabes montadas em camelos e cavalos, armadas com metralhadoras AK-47 e chicotes, atacaram para assassinar os homens, violar as mulheres, raptar as crianças e roubar o gado. Mais de 30,000 pessoas foram mortas e 1 milhão abandonaram as suas casas. A maioria dos refugiados estão esfomeados e alguns acabam por morrer na região fronteiriça com o país vizinho, o Chade, que se encontra pejada de minas.
Um oficial das Nações Unidas chamou a esta carnificina “a maior catástrofe humanitária e de direitos humanos do mundo”.
[The Sudan Crisis via Wars Of Compassion, texto original em inglês]
[segurança infantil]
Terça-feira
Uma criança cresceu a sua curta vida num apartamento. Os pais levam-na todas as manhãs para o infantário ou para a escola. Sai de casa e entra no elevador que o levará à cave do prédio. Aí entra no carro e os pais conduzem-na ao seu destino, onde será então dirigida para mais corredores e salas e, talvez com alguma sorte, a um pátio de recreio.
Para muitas crianças o desconhecimento da rua é um perigo real: a falta de contacto com o exterior é origem de uma inexperiência aos sons, aos carros, aos pontos de vista, aos avisos, enfim, ao mundo.
A segurança infantil é uma área imensa. Da segurança em casa até ao espaço da escola, de como transportamos as crianças nos nossos carros ou como brincam na rua ou na praia, as crianças estão constantemente expostas ao risco de acidente.
Ainda que a exposição ao perigo seja também um factor de desenvolvimento da experiência e seja, por outro lado impossível controlar todos os ambientes e factores imponderáveis da realidade, é possível tomar muitas medidas simples mas eficazes e, acima de tudo promover a consciência dos cidadãos para uma realidade que por vezes se revela fatal e brutalmente dramática na vida de uma família.
Também nós arquitectos temos, aqui, uma responsabilidade importante. Lamentavelmente esta área, como tantas outras, não só não é aprofundada convenientemente nas universidades como é possível um aluno formar-se sem saber sequer que ela existe. Uma coisa é certa, o modo como se projecta um espaço, uma entrada ou uma escada, uma cozinha ou uma piscina, pode fazer a diferença entre uma vida segura e outra de consequências imprevisíveis. Promover essa consciência é uma responsabilidade de cidadania que todos devemos apoiar e colaborar.
A APSI – Associação Para A Promoção De Segurança Infantil é uma associação sem fins lucrativos com o estatuto de utilidade pública, que desenvolve um trabalho notável na área dos direitos da criança e da família, a promoção da qualidade de vida e da cidadania com rigor científico, técnico e profissional. A participação activa e sentido cívico com que têm desenvolvido o seu trabalho deu origem a alguma da legislação existente na área da segurança infantil e a um continuado esforço de consciencialização da opinião pública para uma realidade que o imediatismo da voragem informativa faz cair para os rodapés de jornal. Fica aqui um convite a que todos visitem a sua página e tomem conhecimento desta causa tão importante.
[APSI – Associação Para A Promoção De Segurança Infantil]
www.apsi.org.pt
Uma criança cresceu a sua curta vida num apartamento. Os pais levam-na todas as manhãs para o infantário ou para a escola. Sai de casa e entra no elevador que o levará à cave do prédio. Aí entra no carro e os pais conduzem-na ao seu destino, onde será então dirigida para mais corredores e salas e, talvez com alguma sorte, a um pátio de recreio.
Para muitas crianças o desconhecimento da rua é um perigo real: a falta de contacto com o exterior é origem de uma inexperiência aos sons, aos carros, aos pontos de vista, aos avisos, enfim, ao mundo.
A segurança infantil é uma área imensa. Da segurança em casa até ao espaço da escola, de como transportamos as crianças nos nossos carros ou como brincam na rua ou na praia, as crianças estão constantemente expostas ao risco de acidente.
Ainda que a exposição ao perigo seja também um factor de desenvolvimento da experiência e seja, por outro lado impossível controlar todos os ambientes e factores imponderáveis da realidade, é possível tomar muitas medidas simples mas eficazes e, acima de tudo promover a consciência dos cidadãos para uma realidade que por vezes se revela fatal e brutalmente dramática na vida de uma família.
Também nós arquitectos temos, aqui, uma responsabilidade importante. Lamentavelmente esta área, como tantas outras, não só não é aprofundada convenientemente nas universidades como é possível um aluno formar-se sem saber sequer que ela existe. Uma coisa é certa, o modo como se projecta um espaço, uma entrada ou uma escada, uma cozinha ou uma piscina, pode fazer a diferença entre uma vida segura e outra de consequências imprevisíveis. Promover essa consciência é uma responsabilidade de cidadania que todos devemos apoiar e colaborar.
A APSI – Associação Para A Promoção De Segurança Infantil é uma associação sem fins lucrativos com o estatuto de utilidade pública, que desenvolve um trabalho notável na área dos direitos da criança e da família, a promoção da qualidade de vida e da cidadania com rigor científico, técnico e profissional. A participação activa e sentido cívico com que têm desenvolvido o seu trabalho deu origem a alguma da legislação existente na área da segurança infantil e a um continuado esforço de consciencialização da opinião pública para uma realidade que o imediatismo da voragem informativa faz cair para os rodapés de jornal. Fica aqui um convite a que todos visitem a sua página e tomem conhecimento desta causa tão importante.
[APSI – Associação Para A Promoção De Segurança Infantil]
www.apsi.org.pt
[darfur: no silêncio somos cúmplices]
Terça-feira
Uma criança sudanesa refugiada num hospital em Chade, fotografia de Radu Sigheti via Reuters. Mais imagens em www.darfurinfo.org (clicar na imagem).
No Sudão, vinte e um anos de guerra civil ceifaram dois milhões de vidas. Agora as rodas do genocídio viram-se para a província de Darfur: Cerca de 30 mil pessoas foram já assassinadas, e perto de milhão e meio foram vítimas de limpeza étnica, afastados das suas aldeias e terras de cultivo. Centenas de milhar foram encurraladas em campos de concentração, patrulhados por milícias janjaweed, apoiadas pelo governo, que violam mulheres e matam os homens que tentam sair em busca de comida para as suas famílias. Outros vagueiam pela região sem alimentos nem água. Entretanto, Khartoum tem bloqueado e manipulado a ajuda alimentar internacional (Samantha Power, tradução de Nuno Guerreiro).
Se uma vida vale muito, muitas vidas parecem por vezes nada valer. Em resposta ao apelo lançado por Nuno Guerreiro junto a pequena voz do meu blog ao que se deseja vir a tornar-se uma cadeia de informação sobre um genocídio que teima em manter-se na sombra dos media e da agenda política internacional.
Algumas referências:
[Amnistia Internacional:
Sudan crisis - In our silence we are complicit
Sudan: Darfur - Rape as a weapon of war: sexual violence and its consequences
Sudan: Act now to end the human rights crisis in Darfur]
[Darfur Information Center]
[Darfur: A Genocide We Can Stop]
Blogs:
[Sudan: The Passion Of The Present]
[Aviz: Darfur, A Raiva Que Nos Dá]
[Avatares De Um Desejo: Darfur]
[Rua Da Judiaria: Nunca Mais!]
Mais:
[Para mais referências consultar lista de links presente no artigo de Nuno Guerreiro]
Uma criança sudanesa refugiada num hospital em Chade, fotografia de Radu Sigheti via Reuters. Mais imagens em www.darfurinfo.org (clicar na imagem).
No Sudão, vinte e um anos de guerra civil ceifaram dois milhões de vidas. Agora as rodas do genocídio viram-se para a província de Darfur: Cerca de 30 mil pessoas foram já assassinadas, e perto de milhão e meio foram vítimas de limpeza étnica, afastados das suas aldeias e terras de cultivo. Centenas de milhar foram encurraladas em campos de concentração, patrulhados por milícias janjaweed, apoiadas pelo governo, que violam mulheres e matam os homens que tentam sair em busca de comida para as suas famílias. Outros vagueiam pela região sem alimentos nem água. Entretanto, Khartoum tem bloqueado e manipulado a ajuda alimentar internacional (Samantha Power, tradução de Nuno Guerreiro).
Se uma vida vale muito, muitas vidas parecem por vezes nada valer. Em resposta ao apelo lançado por Nuno Guerreiro junto a pequena voz do meu blog ao que se deseja vir a tornar-se uma cadeia de informação sobre um genocídio que teima em manter-se na sombra dos media e da agenda política internacional.
Algumas referências:
[Amnistia Internacional:
Sudan crisis - In our silence we are complicit
Sudan: Darfur - Rape as a weapon of war: sexual violence and its consequences
Sudan: Act now to end the human rights crisis in Darfur]
[Darfur Information Center]
[Darfur: A Genocide We Can Stop]
Blogs:
[Sudan: The Passion Of The Present]
[Aviz: Darfur, A Raiva Que Nos Dá]
[Avatares De Um Desejo: Darfur]
[Rua Da Judiaria: Nunca Mais!]
Mais:
[Para mais referências consultar lista de links presente no artigo de Nuno Guerreiro]
[a gente vai continuar]
Domingo
Tira a mão do queixo, não penses mais nisso
O que lá vai já deu o que tinha a dar
Quem ganhou, ganhou e usou-se disso
Quem perdeu há-de ter mais cartas para dar
E enquanto alguns fazem figura
Outros sucumbem à batota
Chega aonde tu quiseres
Mas goza bem a tua rota
Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar
Todos nós pagamos por tudo o que usamos
O sistema é antigo e não poupa ninguém, não
Somos todos escravos do que precisamos
Reduz as necessidades se queres passar bem
Que a dependência é uma besta
Que dá cabo do desejo
E a liberdade é uma maluca
Que sabe quanto vale um beijo
Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar
Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar
[A Gente Vai Continuar, por Jorge Palma]
Tira a mão do queixo, não penses mais nisso
O que lá vai já deu o que tinha a dar
Quem ganhou, ganhou e usou-se disso
Quem perdeu há-de ter mais cartas para dar
E enquanto alguns fazem figura
Outros sucumbem à batota
Chega aonde tu quiseres
Mas goza bem a tua rota
Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar
Todos nós pagamos por tudo o que usamos
O sistema é antigo e não poupa ninguém, não
Somos todos escravos do que precisamos
Reduz as necessidades se queres passar bem
Que a dependência é uma besta
Que dá cabo do desejo
E a liberdade é uma maluca
Que sabe quanto vale um beijo
Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar
Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar
Enquanto houver estrada para andar
Enquanto houver ventos e mar
A gente não vai parar
Enquanto houver ventos e mar
[A Gente Vai Continuar, por Jorge Palma]
[morrer de tudo]
Sexta-feira
O Paredes morreu de tudo.
[Luís Cília na Rádio TSF, 2004-07-23]
Ano de triste memória este em que tantas figuras nos têm falecido. Carlos Paredes, há vários anos silenciado pela doença, tombou hoje perante o fim inevitável.
Um dos maiores músicos de sempre, que este país certamente não soube merecer, Carlos Paredes transformar-se-há em mais que História Contemporânea, a sua música ficará enraízada na estrutura óssea de um Portugal Profundo que o progresso há muito despegado da civilização e da cultura teima em deixar ao abandono.
É preciso um País
Não mais navios a partir
Para o país da ausência.
É Preciso voltar ao ponto de partida
É preciso ficar e descobrir
A pátria onde foi traída
Não só a independência
Mas a vida.
[Excerto do poema É Preciso Um País, por Manuel Alegre]
Carlos Paredes, 1925-2004.
O Paredes morreu de tudo.
[Luís Cília na Rádio TSF, 2004-07-23]
Ano de triste memória este em que tantas figuras nos têm falecido. Carlos Paredes, há vários anos silenciado pela doença, tombou hoje perante o fim inevitável.
Um dos maiores músicos de sempre, que este país certamente não soube merecer, Carlos Paredes transformar-se-há em mais que História Contemporânea, a sua música ficará enraízada na estrutura óssea de um Portugal Profundo que o progresso há muito despegado da civilização e da cultura teima em deixar ao abandono.
É preciso um País
Não mais navios a partir
Para o país da ausência.
É Preciso voltar ao ponto de partida
É preciso ficar e descobrir
A pátria onde foi traída
Não só a independência
Mas a vida.
[Excerto do poema É Preciso Um País, por Manuel Alegre]
Carlos Paredes, 1925-2004.
[ideia para sitcom – nomes fictícios]
Quinta-feira
Uma casa nova com logradouro, a decoração inacabada. Raquel e Pedro são um casal jovem em crise, dormem juntos mas quase não se falam. Inês, uma amiga íntima, recém-separada, vem morar com eles enquanto procura casa nova. Outro amigo, o Luís, sem relação com a Inês mas igualmente separado e à beira de esgotamento refugia-se ali diariamente para abrigo emocional. Outro casal próximo com a casa em obras pede a Raquel e Pedro que dêm guarida ao cão, no pequeno quintal, durante tempo indeterminado até que as obras terminem. Gatos. O emprego incerto. A saúde instável. E apesar de tudo, para todos os envolvidos, uma fase inesquecível e, surpreendentemente, cheia de bons momentos e muita intimidade.
Podia ser uma série de televisão. Mas é a vida.
Uma casa nova com logradouro, a decoração inacabada. Raquel e Pedro são um casal jovem em crise, dormem juntos mas quase não se falam. Inês, uma amiga íntima, recém-separada, vem morar com eles enquanto procura casa nova. Outro amigo, o Luís, sem relação com a Inês mas igualmente separado e à beira de esgotamento refugia-se ali diariamente para abrigo emocional. Outro casal próximo com a casa em obras pede a Raquel e Pedro que dêm guarida ao cão, no pequeno quintal, durante tempo indeterminado até que as obras terminem. Gatos. O emprego incerto. A saúde instável. E apesar de tudo, para todos os envolvidos, uma fase inesquecível e, surpreendentemente, cheia de bons momentos e muita intimidade.
Podia ser uma série de televisão. Mas é a vida.
[lina bo – 5]
Quarta-feira
Mas o tempo linear é uma invenção do Ocidente,
o tempo não é linear,
é um maravilhoso emaranhado onde,
a qualquer instante,
podem ser escolhidos pontos e inventadas soluções,
sem começo nem fim.
Lina na sala da Casa de Vidro, 1952.
Mas o tempo linear é uma invenção do Ocidente,
o tempo não é linear,
é um maravilhoso emaranhado onde,
a qualquer instante,
podem ser escolhidos pontos e inventadas soluções,
sem começo nem fim.
Lina na sala da Casa de Vidro, 1952.
[lina bo – 4]
Quarta-feira
Depois de cinicamente julgar esgotados o conteúdo e as possibilidades humanas do Movimento Moderno na arquitetura, aparece na Europa um novo lançamento: o Post-Modern, que pode ser definido como a Retromania, o complexo da impotência frente à impossibilidade de sair de um dos mais estarrecedores esforços humanos no Ocidente.
A vanguarda nas artes vive comendo os restos daquele grande Capital. A nova palavra de ordem é: “chupar ao máximo os princípios da documentação histórica reduzidos a consumo”. A Retromania impera, na Europa e nos Estados Unidos, absolvendo criticamente os penetras da arquitetura, que, desde o começo da industrialização gratificam as classes mais abastadas com as reciclagens espirituais do Passado. Cornijas, portais, frontões, trifórios e bífores, arcos romanos, góticos e árabes, colunas e cúpulas grandes e pequenas nunca deixaram de acompanhar num coro baixinho, discreto e sinistro, a marcha corajosa do Movimento Moderno brutalmente interrompida pela Segunda Guerra Mundial.
É história velha. Estão voltando os arcos e as colunas do nazi-fascismo, a história tomada como Monumento e não como Documento. (Michel Foucault: “L’Histoire esc ce qui transforme des Documents en Monuments”. É justamente o contrário : a História é aquilo que transforma os Monumentos em Documentos. Claro que Monumento não se refere somente a uma obra de arquitetura mas também as “ações coletivas” de grandes arranques sociais).
Conclusão: estamos ainda sob o céu cinzento do pós-guerra. “Tout est permis, Dieu n’existe pas”. Mas o que existiu de verdade foi a Guerra, que ainda continua, como continuam as grandes resistências.
[Excerto da apresentação do projecto para a recuperação da Fábrica de Tambores da Pompéia (SESC), por Lina Bo Bardi, 1977]
Lina na Casa de Vidro, 1952.
Depois de cinicamente julgar esgotados o conteúdo e as possibilidades humanas do Movimento Moderno na arquitetura, aparece na Europa um novo lançamento: o Post-Modern, que pode ser definido como a Retromania, o complexo da impotência frente à impossibilidade de sair de um dos mais estarrecedores esforços humanos no Ocidente.
A vanguarda nas artes vive comendo os restos daquele grande Capital. A nova palavra de ordem é: “chupar ao máximo os princípios da documentação histórica reduzidos a consumo”. A Retromania impera, na Europa e nos Estados Unidos, absolvendo criticamente os penetras da arquitetura, que, desde o começo da industrialização gratificam as classes mais abastadas com as reciclagens espirituais do Passado. Cornijas, portais, frontões, trifórios e bífores, arcos romanos, góticos e árabes, colunas e cúpulas grandes e pequenas nunca deixaram de acompanhar num coro baixinho, discreto e sinistro, a marcha corajosa do Movimento Moderno brutalmente interrompida pela Segunda Guerra Mundial.
É história velha. Estão voltando os arcos e as colunas do nazi-fascismo, a história tomada como Monumento e não como Documento. (Michel Foucault: “L’Histoire esc ce qui transforme des Documents en Monuments”. É justamente o contrário : a História é aquilo que transforma os Monumentos em Documentos. Claro que Monumento não se refere somente a uma obra de arquitetura mas também as “ações coletivas” de grandes arranques sociais).
Conclusão: estamos ainda sob o céu cinzento do pós-guerra. “Tout est permis, Dieu n’existe pas”. Mas o que existiu de verdade foi a Guerra, que ainda continua, como continuam as grandes resistências.
[Excerto da apresentação do projecto para a recuperação da Fábrica de Tambores da Pompéia (SESC), por Lina Bo Bardi, 1977]
Lina na Casa de Vidro, 1952.
[não crítica de arquitectura]
Segunda-feira
A primeira vontade é desatar a disparar. Depois a consciência abate-se e as mãos tremeliquentas partem urgentemente em busca do CD do Jack Black. Play, PLAY!... E inspira. Expira. Inspira...
Do alto do pedestal anónimo onde se colocou, o “crítico” autor do blog Crítica de Arquitectura resolveu endereçar-me um pouco de veneno. Anuncia-se como um simples habitante, um leigo seja lá isso o que fôr. Mas deve ser alguma coisa. Ele não diz o quê, tal como não diz o nome. Lá saberá do que se envergonha.
Para evitar mais confusões fica já esclarecido que este blog me tem desagradado desde o início e os motivos não são os de qualquer espécie de proteccionismo de classe ou falta de abertura à opinião alheia. Qualquer cidadão tem o direito a formar e exprimir a sua opinião sobre a justiça ou a saúde, o ensino, a ciência ou o que quiser. E não é certamente necessário ser cineasta para se criticar cinema, mas talvez seja bom que se tenham visto muitos filmes e, acima de tudo o resto, é preciso amar o Cinema.
Ora este “crítico” como agora se nos apresenta e que fala de si na terceira pessoa não foi, até agora, capaz de exprimir uma linha que seja acerca do que o move a respeito da arquitectura. No entanto é evidente que traz consigo uma agenda cheia de preconceitos.
Em primeiro lugar a assunção dos “arquitectos” numa visão classista completamente básica, movida pelo ódio já expresso à Ordem dos Arquitectos ou à sua actual configuração política. Pois bem, deixemos o “crítico” usar o seu blog à vontade para destilar o seu ódio e exercer o seu direito à psicanálise. Diz o próprio: Como toda a classe técnica também os arquitectos têm não só o direito à defesa e regulação da sua prática como entendemos terem o dever e a ambição de nos quererem prestar os melhores serviços possíveis e como tal igualmente se realizarem (não encaro outra forma de realização pessoal do arquitecto que não passe pela resposta cabal e a proposta de felicidade na vida do cidadão).
Impagável!
Depois julguei desadequada a utilização de nomes incorrectos dos arquitectos a que se referia: Sisa Vieira para Siza Vieira e Rem Coolhas a Rem Koolhaas. Comentei o meu desagrado, que o “crítico” justificou como uma expressão de humor, “pequenas brincadeiras” pois então. Incompreensão a minha que não partilho desse humor tipo “Malucos do Riso”. O “crítico” viria a proceder ás emendas mais tarde e por moto próprio.
Resolvi que aquilo não era, de facto para mim. Há liberdade de expressão na internet sim senhor e cada um está à vontade para a exercer no seu blog. Ao “crítico” então o seu espaço e a sua liberdade. Fiquemos assim.
Mas o “crítico” certamente ressabiado pelo meu ralhete vem de cinismo em punho com uma provocação. A verdade é que, a uma segunda leitura, o que parece uma crítica é realmente uma “não crítica”, um texto tão esquivo quanto a identidade do seu autor. Ei-lo então citando-me para não exprimir opinião nenhuma, não, ele dá duas gargalhadas e encolhe os ombros do seu brilhantismo: Estes factos criam nos leitores leigos à matéria uma espécie de credibilidade que os leva, aos blogueiros, a assumir um certo tom representativo da classe e da profissão do qual efectivamente pouco solidifíca. Sim, ele não partilha opiniões, ele decompõe o processo e identifica a ínvia manipulação do leitor leigo (uno na cabeça do “crítico”) e a presunção do autor do blog como representativo seja lá do que fôr.
É esse, afinal, o seu preconceito maior: a incapacidade de perceber que blogs há muitos e uns mais pessoais que os outros. Que ao contrário da sua pose majestática de “crítico de coisa nenhuma” existem na blogosfera pessoas que não são mais que elas próprias, sem agenda e sem representar a classe ou a profissão seja ela qual for. Pessoas que, ao contrário do “crítico” dão serenamente o nome às coisas que escrevem porque, acima de tudo, o fazem descomplexadamente.
O “crítico” continuará decerto até que lhe deixem de dar troco ou lhe passe (para usar a saudosa terminologia de Júlio Machado Vaz) o “tesão do mijo” com que iniciou a sua vida na blogosfera. A mim, confesso, tanto se me dá como se me deu.
É que cínicos já cá temos muitos, obrigado.
Jack Black. Este homem não é um pseudo intelectual.
A primeira vontade é desatar a disparar. Depois a consciência abate-se e as mãos tremeliquentas partem urgentemente em busca do CD do Jack Black. Play, PLAY!... E inspira. Expira. Inspira...
Do alto do pedestal anónimo onde se colocou, o “crítico” autor do blog Crítica de Arquitectura resolveu endereçar-me um pouco de veneno. Anuncia-se como um simples habitante, um leigo seja lá isso o que fôr. Mas deve ser alguma coisa. Ele não diz o quê, tal como não diz o nome. Lá saberá do que se envergonha.
Para evitar mais confusões fica já esclarecido que este blog me tem desagradado desde o início e os motivos não são os de qualquer espécie de proteccionismo de classe ou falta de abertura à opinião alheia. Qualquer cidadão tem o direito a formar e exprimir a sua opinião sobre a justiça ou a saúde, o ensino, a ciência ou o que quiser. E não é certamente necessário ser cineasta para se criticar cinema, mas talvez seja bom que se tenham visto muitos filmes e, acima de tudo o resto, é preciso amar o Cinema.
Ora este “crítico” como agora se nos apresenta e que fala de si na terceira pessoa não foi, até agora, capaz de exprimir uma linha que seja acerca do que o move a respeito da arquitectura. No entanto é evidente que traz consigo uma agenda cheia de preconceitos.
Em primeiro lugar a assunção dos “arquitectos” numa visão classista completamente básica, movida pelo ódio já expresso à Ordem dos Arquitectos ou à sua actual configuração política. Pois bem, deixemos o “crítico” usar o seu blog à vontade para destilar o seu ódio e exercer o seu direito à psicanálise. Diz o próprio: Como toda a classe técnica também os arquitectos têm não só o direito à defesa e regulação da sua prática como entendemos terem o dever e a ambição de nos quererem prestar os melhores serviços possíveis e como tal igualmente se realizarem (não encaro outra forma de realização pessoal do arquitecto que não passe pela resposta cabal e a proposta de felicidade na vida do cidadão).
Impagável!
Depois julguei desadequada a utilização de nomes incorrectos dos arquitectos a que se referia: Sisa Vieira para Siza Vieira e Rem Coolhas a Rem Koolhaas. Comentei o meu desagrado, que o “crítico” justificou como uma expressão de humor, “pequenas brincadeiras” pois então. Incompreensão a minha que não partilho desse humor tipo “Malucos do Riso”. O “crítico” viria a proceder ás emendas mais tarde e por moto próprio.
Resolvi que aquilo não era, de facto para mim. Há liberdade de expressão na internet sim senhor e cada um está à vontade para a exercer no seu blog. Ao “crítico” então o seu espaço e a sua liberdade. Fiquemos assim.
Mas o “crítico” certamente ressabiado pelo meu ralhete vem de cinismo em punho com uma provocação. A verdade é que, a uma segunda leitura, o que parece uma crítica é realmente uma “não crítica”, um texto tão esquivo quanto a identidade do seu autor. Ei-lo então citando-me para não exprimir opinião nenhuma, não, ele dá duas gargalhadas e encolhe os ombros do seu brilhantismo: Estes factos criam nos leitores leigos à matéria uma espécie de credibilidade que os leva, aos blogueiros, a assumir um certo tom representativo da classe e da profissão do qual efectivamente pouco solidifíca. Sim, ele não partilha opiniões, ele decompõe o processo e identifica a ínvia manipulação do leitor leigo (uno na cabeça do “crítico”) e a presunção do autor do blog como representativo seja lá do que fôr.
É esse, afinal, o seu preconceito maior: a incapacidade de perceber que blogs há muitos e uns mais pessoais que os outros. Que ao contrário da sua pose majestática de “crítico de coisa nenhuma” existem na blogosfera pessoas que não são mais que elas próprias, sem agenda e sem representar a classe ou a profissão seja ela qual for. Pessoas que, ao contrário do “crítico” dão serenamente o nome às coisas que escrevem porque, acima de tudo, o fazem descomplexadamente.
O “crítico” continuará decerto até que lhe deixem de dar troco ou lhe passe (para usar a saudosa terminologia de Júlio Machado Vaz) o “tesão do mijo” com que iniciou a sua vida na blogosfera. A mim, confesso, tanto se me dá como se me deu.
É que cínicos já cá temos muitos, obrigado.
Jack Black. Este homem não é um pseudo intelectual.
[agradecimento]
Segunda-feira
O meu muito obrigado a Alziro Carvalho pelo elogio e os links que me enviou. Valeu!
[Vitruvius Brasil]
[Nesoro]
O meu muito obrigado a Alziro Carvalho pelo elogio e os links que me enviou. Valeu!
[Vitruvius Brasil]
[Nesoro]
[lina bo – 3]
Segunda-feira
É preciso se libertar das “amarras”, não jogar fora simplesmente o passado e toda a sua história: o que é preciso é considerar o passado como presente histórico, é ainda vivo, é um presente que ajuda a evitar as várias arapucas... Frente ao presente histórico, nossa tarefa é forjar um outro presente, “verdadeiro”, e para isso é necessário não um conhecimento profundo de especialista, mas uma capacidade de entender historicamente o passado, saber distinguir o que irá servir para novas situações de hoje que se apresentem a vocês, e tudo isto não se aprende somente nos livros.
Na prática, não existe o passado. O que existe ainda hoje e não morreu é o presente histórico. O que você tem que salvar – aliás, salvar não, preservar – são certas características típicas de um tempo que pertence ainda à humanidade.
Mas, se a gente acreditar que tudo o que é velho deve ser conservado, a cidade vira um museu de cacarecos. Em um trabalho de restauração arquitetônica, é preciso criar e fazer uma seleção rigorosa do passado.
O resultado é o que chamamos de presente histórico.
[Excerto da apresentação do projecto para a Nova Prefeitura de São Paulo, por Lina Bo Bardi, 1992]
Lina Bo Bardi na Isla de Giglio, 1945.
É preciso se libertar das “amarras”, não jogar fora simplesmente o passado e toda a sua história: o que é preciso é considerar o passado como presente histórico, é ainda vivo, é um presente que ajuda a evitar as várias arapucas... Frente ao presente histórico, nossa tarefa é forjar um outro presente, “verdadeiro”, e para isso é necessário não um conhecimento profundo de especialista, mas uma capacidade de entender historicamente o passado, saber distinguir o que irá servir para novas situações de hoje que se apresentem a vocês, e tudo isto não se aprende somente nos livros.
Na prática, não existe o passado. O que existe ainda hoje e não morreu é o presente histórico. O que você tem que salvar – aliás, salvar não, preservar – são certas características típicas de um tempo que pertence ainda à humanidade.
Mas, se a gente acreditar que tudo o que é velho deve ser conservado, a cidade vira um museu de cacarecos. Em um trabalho de restauração arquitetônica, é preciso criar e fazer uma seleção rigorosa do passado.
O resultado é o que chamamos de presente histórico.
[Excerto da apresentação do projecto para a Nova Prefeitura de São Paulo, por Lina Bo Bardi, 1992]
Lina Bo Bardi na Isla de Giglio, 1945.
[lina bo – 2]
Segunda-feira
Continuo a publicação de uma curta série de textos da autoria da conhecida arquitecta Lina Bo Bardi que espero terminar com um retrato da sua vida e da doutrina que deixou, que continua a constituir uma peça importante para compreender o modernismo e as suas complexas implicações sociais e políticas.
Planificar, sanear, antes que a especulação imobiliária, fantasiada de filantropia, transforme as casas humildes, as ruas, as praças, o ambiente onde se desenvolve uma vida pobre, mas rica de fermentos vivos, de realidades pulsantes, em uma massa aforma, mortificada e mortificante, o que obriga uma humanidade desvirilizada pela incompetência, pela sub-cultura, pelo desconhecimento dos valores humanos, a esquecer a si mesma, no desânimo de uma realidade fictícia, imposta por pseudos técnicos, pseudos urbanistas, pseudo arquitetos.
Arquitetos, urbanistas, precisamos defender-nos da invasão do Qualquer. Precisamos impedir que os valores da cultura sejam destruídos pela indiferença à Humanidade, à História, à Tradição. Na Cultura, na Tradição e na História, e também na Arte incluímos a igreja colonial e o barroco, a casa-grande de origem portuguêsa, os azulejos, as pequenas casas de fim de século, pintadas em côres vivas com decorações de estuque prateado e colorido. Acreditamos nos técnicos, nos urbanistas, nos arquitetos, mas é dever fundamental dos técnicos, dos urbanistas, dos arquitetos, estudar e compreender, no seu profundo sentido espiritual, aqui o que se poderia chamar a alma de uma cidade; sem essas premissas, uma planificação, um plano de urbanização serão um esfôrço estéril e pior uma colaboração com o rôlo compressor da especulação. As necessidades humanas começam onde acabam a limpeza, a ordem, o mínimo necessário a que todos têm direito. Lutar, assegurar este mínimo necessário, é problema urgente. Este mínimo é representado pela Casa, mas precisa necessariamente salvaguardar o patrimônio espiritual do povo que não é a chamada “côr local”, mas a essência mesma da cultura, da dignidade de um país, de um povo, representado pelo conjunto de seus hábitos e de suas tradições, estritamente ligadas ao desenvolvimento moderno e atual da vida.
[Olho Sobre A Baía por Lina Bo Bardi, 1958]
Lina Bo Bardi na sala da sua casa, 1963.
Continuo a publicação de uma curta série de textos da autoria da conhecida arquitecta Lina Bo Bardi que espero terminar com um retrato da sua vida e da doutrina que deixou, que continua a constituir uma peça importante para compreender o modernismo e as suas complexas implicações sociais e políticas.
Planificar, sanear, antes que a especulação imobiliária, fantasiada de filantropia, transforme as casas humildes, as ruas, as praças, o ambiente onde se desenvolve uma vida pobre, mas rica de fermentos vivos, de realidades pulsantes, em uma massa aforma, mortificada e mortificante, o que obriga uma humanidade desvirilizada pela incompetência, pela sub-cultura, pelo desconhecimento dos valores humanos, a esquecer a si mesma, no desânimo de uma realidade fictícia, imposta por pseudos técnicos, pseudos urbanistas, pseudo arquitetos.
Arquitetos, urbanistas, precisamos defender-nos da invasão do Qualquer. Precisamos impedir que os valores da cultura sejam destruídos pela indiferença à Humanidade, à História, à Tradição. Na Cultura, na Tradição e na História, e também na Arte incluímos a igreja colonial e o barroco, a casa-grande de origem portuguêsa, os azulejos, as pequenas casas de fim de século, pintadas em côres vivas com decorações de estuque prateado e colorido. Acreditamos nos técnicos, nos urbanistas, nos arquitetos, mas é dever fundamental dos técnicos, dos urbanistas, dos arquitetos, estudar e compreender, no seu profundo sentido espiritual, aqui o que se poderia chamar a alma de uma cidade; sem essas premissas, uma planificação, um plano de urbanização serão um esfôrço estéril e pior uma colaboração com o rôlo compressor da especulação. As necessidades humanas começam onde acabam a limpeza, a ordem, o mínimo necessário a que todos têm direito. Lutar, assegurar este mínimo necessário, é problema urgente. Este mínimo é representado pela Casa, mas precisa necessariamente salvaguardar o patrimônio espiritual do povo que não é a chamada “côr local”, mas a essência mesma da cultura, da dignidade de um país, de um povo, representado pelo conjunto de seus hábitos e de suas tradições, estritamente ligadas ao desenvolvimento moderno e atual da vida.
[Olho Sobre A Baía por Lina Bo Bardi, 1958]
Lina Bo Bardi na sala da sua casa, 1963.
[genial demais]
Sexta-feira
Para que serve um blog afinal se não for para falar dos amigos. Pois é Cris, andei folheando os seus textos antigos e dei de caras com essa pérola genial. Em brasileiro: Eu adoro isso. Desculpe o abuso mas tem de postar! Beijos Cris!
28/08/03
Tem coisa mais chata do que gente reclamona?
sério...uma reclamaçãozinha de vez enquando até que vai, mas 24 horas por dia, não tem jeito de aguentar não...Isso vai me irritando, irritando, até que eu fico feito meu irmão Geller, (Pablo, garoto enxaqueca) vou ficando vermelha até sair de perto pra sempre da pessoa...e se vier reclamar de novo pro meu lado: vai ouvir demais!
Sério, reclamações demais sugam a energia de todo mundo num lugar...Isso é cientificamente comprovado!
Alias, tenho outra bronca:
Tem coisa mais chata do que gente que quer ser sempre o centro das atenções?
Isso é super irritante...Tá todo mundo numa mesa e a certa pessoa não consegue ficar sem fazer algum comentário sobre todos os assuntos, tipo, sabe de tudo, de guerra no Iraque a Cezanne, mas na verdade não sabe de nada...Aliás :
Tem coisa mais chata do que gente metida a intelectualóide?
Isso que é o máximo da chatice...Sério: Eu adoro ler, e também tudo que se refira a cultura e me informar, aliás vivo rodeada disso. E por isso mesmo detesto gente que fica babando pseudo-intelectualidades, sem saber na verdade de nada, e por isso ignoram e tem preconceitinhos por coisas que realmente valem a pena, feito: Le programe de TV du senheur Wagner Montes e de la Xuxa, en le monde de la imaginacion!
Mon Dieu, je suis desolê!
E tenho dito!
PS: a cor vermelha hoje do blog não é permanente, é só até meu momento bronca passar...
Escrito por Christiane Alcântara às 02h25
Para que serve um blog afinal se não for para falar dos amigos. Pois é Cris, andei folheando os seus textos antigos e dei de caras com essa pérola genial. Em brasileiro: Eu adoro isso. Desculpe o abuso mas tem de postar! Beijos Cris!
28/08/03
Tem coisa mais chata do que gente reclamona?
sério...uma reclamaçãozinha de vez enquando até que vai, mas 24 horas por dia, não tem jeito de aguentar não...Isso vai me irritando, irritando, até que eu fico feito meu irmão Geller, (Pablo, garoto enxaqueca) vou ficando vermelha até sair de perto pra sempre da pessoa...e se vier reclamar de novo pro meu lado: vai ouvir demais!
Sério, reclamações demais sugam a energia de todo mundo num lugar...Isso é cientificamente comprovado!
Alias, tenho outra bronca:
Tem coisa mais chata do que gente que quer ser sempre o centro das atenções?
Isso é super irritante...Tá todo mundo numa mesa e a certa pessoa não consegue ficar sem fazer algum comentário sobre todos os assuntos, tipo, sabe de tudo, de guerra no Iraque a Cezanne, mas na verdade não sabe de nada...Aliás :
Tem coisa mais chata do que gente metida a intelectualóide?
Isso que é o máximo da chatice...Sério: Eu adoro ler, e também tudo que se refira a cultura e me informar, aliás vivo rodeada disso. E por isso mesmo detesto gente que fica babando pseudo-intelectualidades, sem saber na verdade de nada, e por isso ignoram e tem preconceitinhos por coisas que realmente valem a pena, feito: Le programe de TV du senheur Wagner Montes e de la Xuxa, en le monde de la imaginacion!
Mon Dieu, je suis desolê!
E tenho dito!
PS: a cor vermelha hoje do blog não é permanente, é só até meu momento bronca passar...
Escrito por Christiane Alcântara às 02h25
[saudades de lina bo]
Sexta-feira
PRIMEIRO: ESCOLAS
Comecemos pelas escolas: se alguma coisa deve ser feita para “reformar” os homens, a primeira coisa é “formá-los”. O argumento é quase esgotado, avalanches de livros e opúsculos, os ecos de intermináveis discursos e preleções o acompanham; é natural que se deva começar pelas escolas, todos o sabem, é uma coisa adquirida, que como todas as coisas adquiridas passou logo para a rotina das coisas que não produzem mais efeitos. Fazer, escolas, fazer escolas, fazer escolas, está bem, fazê-las, o fato enquadra-se em iniciativas abstratas, em retumbantes decisões ministeriais: falta o interesse ardente, falta a “dramaticidade” da coisa.
É necessário dramatizar o problema das escolas, torná-lo vivo, presente, cotidiano.
O que é uma escola?
É um lugar onde se ensina a ler e a escrever, onde se aprende a consultar o relógio e a contar o tempo, onde se aprende sobretudo a ser orgulhoso do próprio país, agradecendo todas as noites a Deus por nos haver feito nascer em X, em lugar de Y, cujos habitantes são notoriamente muito menos inteligentes que nós.
Nas escolas estudam-se ainda, em ordem progressiva de tempo, muitas disciplinas, infinitas outras coisas, até o dia em que, ao deixar a escola, o complexo de todas estas coisas forma a bagagem, o viático para iniciar a viagem através da humanidade.
Como é a escola?
É a ESCOLA; com o cheiro todo especial de escola, com aspecto de escola, funcionamento de escola, um conjunto de escola que por toda a vida lembrará a ESCOLA, com tentativas abortadas de jardim, janelas estreitas, corredores, e a Diretoria; com um professor ou professora incitando os alunos com um sistema de treinadores de cavalos de corrida, estimulados pela chegada, pela medalha, pelas fitas ou prêmios.
Aquele cheiro de escola nos acompanha a vida toda, juntamente à bagagem-base de conhecimentos adquiridos que continuamos a pôr em prática, sem aplicar entretanto a própria capacidade de exame e de julgamento.
Diz-se: “Faço tal coisa porque é certo fazê-la, sempre a fiz, sei que é certo”.
Porque é certo fazê-la?
Um dia a mente se detêm e circunscreve e analisa esta coisa, volta ao tempo e à origem daquela convicção, daquela crença, e a origem está lá, muito longe, na escola, inculcada na escola fortemente apoiada pelos pais que por sua vez sabem que é certo fazer esta coisa, porque é certo fazê-la, sem saber o porque; e a origem daquela convicção está ainda numa escola, ainda mais longínqua no tempo.
Responsabilidade da escola: ao exame agudo e penetrante aquela convicção revela-se errada, capaz de produzir consequências inauditas. Mas de quem, então, dependem as escolas? É um círculo vicioso: dependem dos homens que, por sua vez, devem ser formados em escolas.
Exprimimos o nosso pessimismo sobre a orientação geral das escolas baseados numa experiência pessoal longamente meditada. O nosso esforço maior foi o que fizemos para nos libertarmos de uma sobrestrutura cristalizada, de uma camisa de força formada, em nosso caso, por milênios de lugares comuns que, surgidos de esplêndidas renovações, tornam-se através da rotina dos séculos, lugares comuns adquiridos, mortos.
Dissemos nosso esforço; quem escreve nasceu na Europa e pertence à geração criada na época das escolas optimístico-esportivas por excelência, na época das presunções heróicas. Todo aquele castelo tinha sido preparado, antes de mais nada, nas escolas, palavra por palavra, folha por folha, nuance por nuance; aquelas crenças eram cômodas, estavam ali firmes, como rochedos a resolver as situações, defendendo idéias cômodas.
O esforço maior foi o de encontrar, não uma solução que evidentemente não era possível encontrar, mas uma maneira limpa de se adaptar aos fatos como suspeitávamos fossem na realidade – adaptar-se buscando com as próprias forças.
E o esforço maior foi o de nos libertarmos da sobrestrutura cristalizada, formada por milênios de lugares comuns, e adquirida desde a escola.
Pensamos que uma solução possível – e pareceu-nos a única – fosse a humildade, e pensamos que talvez na perpetuação desta atitude ter-se-ia podido abolir o nascimento periódico de “dogmas” que “verdadeiros” e brilhantes no instante do nascimento arrastam periodicamente os homens à catástrofe, transformando-se logo após em rotina adquirida e lugar comum.
Esta condição de humildade deve ser continuamente vivida e dramatizada para não se transformar ela própria em coisa adquirida, e o maior cuidado deve ser dedicado à formação da mentalidade “humilde”, extremamente civil e “contra a natureza”.
Acreditamos na possibilidade de evolução dos homens e na possibilidade de auto-aperfeiçoamento de cada ser humano.
A premissa para edifícios construídos em função de sedes escolares, à primeira vista, parece transpor o problema arquitetônico, mas é pelo contrário a ele estreitamente ligado.
As escolas devem ser expressas segundo as formas da arquitectura contemporânea que se inspira essencialmente no homem e na posição de “humildade” que mencionamos. As formas que se expandem, que se ligam com o exterior, o jardim, as janelas largas, aquele ar de “não severidade”, é o primeiro passo para a abolição de barreiras. A escola-fortim, gótica, normanda ou sem estilo mas com denominador comum de edifício-prisão, lembrando quase aos alunos que o estudo é um penoso dever, esta escola tornou-se longínqua e obsoleta. E o próprio fato que arquitetos modernos tenham sido chamados para projetar todas estas escolas, nos parece uma profecia.
Comecemos pelas escolas e sobretudo comecemos pela arquitetura.
[Primeiro: Escolas por Lina Bo Bardi, 1951]
Lina Bo Bardi. Uma grande amiga, que eu nunca conheci...
PRIMEIRO: ESCOLAS
Comecemos pelas escolas: se alguma coisa deve ser feita para “reformar” os homens, a primeira coisa é “formá-los”. O argumento é quase esgotado, avalanches de livros e opúsculos, os ecos de intermináveis discursos e preleções o acompanham; é natural que se deva começar pelas escolas, todos o sabem, é uma coisa adquirida, que como todas as coisas adquiridas passou logo para a rotina das coisas que não produzem mais efeitos. Fazer, escolas, fazer escolas, fazer escolas, está bem, fazê-las, o fato enquadra-se em iniciativas abstratas, em retumbantes decisões ministeriais: falta o interesse ardente, falta a “dramaticidade” da coisa.
É necessário dramatizar o problema das escolas, torná-lo vivo, presente, cotidiano.
O que é uma escola?
É um lugar onde se ensina a ler e a escrever, onde se aprende a consultar o relógio e a contar o tempo, onde se aprende sobretudo a ser orgulhoso do próprio país, agradecendo todas as noites a Deus por nos haver feito nascer em X, em lugar de Y, cujos habitantes são notoriamente muito menos inteligentes que nós.
Nas escolas estudam-se ainda, em ordem progressiva de tempo, muitas disciplinas, infinitas outras coisas, até o dia em que, ao deixar a escola, o complexo de todas estas coisas forma a bagagem, o viático para iniciar a viagem através da humanidade.
Como é a escola?
É a ESCOLA; com o cheiro todo especial de escola, com aspecto de escola, funcionamento de escola, um conjunto de escola que por toda a vida lembrará a ESCOLA, com tentativas abortadas de jardim, janelas estreitas, corredores, e a Diretoria; com um professor ou professora incitando os alunos com um sistema de treinadores de cavalos de corrida, estimulados pela chegada, pela medalha, pelas fitas ou prêmios.
Aquele cheiro de escola nos acompanha a vida toda, juntamente à bagagem-base de conhecimentos adquiridos que continuamos a pôr em prática, sem aplicar entretanto a própria capacidade de exame e de julgamento.
Diz-se: “Faço tal coisa porque é certo fazê-la, sempre a fiz, sei que é certo”.
Porque é certo fazê-la?
Um dia a mente se detêm e circunscreve e analisa esta coisa, volta ao tempo e à origem daquela convicção, daquela crença, e a origem está lá, muito longe, na escola, inculcada na escola fortemente apoiada pelos pais que por sua vez sabem que é certo fazer esta coisa, porque é certo fazê-la, sem saber o porque; e a origem daquela convicção está ainda numa escola, ainda mais longínqua no tempo.
Responsabilidade da escola: ao exame agudo e penetrante aquela convicção revela-se errada, capaz de produzir consequências inauditas. Mas de quem, então, dependem as escolas? É um círculo vicioso: dependem dos homens que, por sua vez, devem ser formados em escolas.
Exprimimos o nosso pessimismo sobre a orientação geral das escolas baseados numa experiência pessoal longamente meditada. O nosso esforço maior foi o que fizemos para nos libertarmos de uma sobrestrutura cristalizada, de uma camisa de força formada, em nosso caso, por milênios de lugares comuns que, surgidos de esplêndidas renovações, tornam-se através da rotina dos séculos, lugares comuns adquiridos, mortos.
Dissemos nosso esforço; quem escreve nasceu na Europa e pertence à geração criada na época das escolas optimístico-esportivas por excelência, na época das presunções heróicas. Todo aquele castelo tinha sido preparado, antes de mais nada, nas escolas, palavra por palavra, folha por folha, nuance por nuance; aquelas crenças eram cômodas, estavam ali firmes, como rochedos a resolver as situações, defendendo idéias cômodas.
O esforço maior foi o de encontrar, não uma solução que evidentemente não era possível encontrar, mas uma maneira limpa de se adaptar aos fatos como suspeitávamos fossem na realidade – adaptar-se buscando com as próprias forças.
E o esforço maior foi o de nos libertarmos da sobrestrutura cristalizada, formada por milênios de lugares comuns, e adquirida desde a escola.
Pensamos que uma solução possível – e pareceu-nos a única – fosse a humildade, e pensamos que talvez na perpetuação desta atitude ter-se-ia podido abolir o nascimento periódico de “dogmas” que “verdadeiros” e brilhantes no instante do nascimento arrastam periodicamente os homens à catástrofe, transformando-se logo após em rotina adquirida e lugar comum.
Esta condição de humildade deve ser continuamente vivida e dramatizada para não se transformar ela própria em coisa adquirida, e o maior cuidado deve ser dedicado à formação da mentalidade “humilde”, extremamente civil e “contra a natureza”.
Acreditamos na possibilidade de evolução dos homens e na possibilidade de auto-aperfeiçoamento de cada ser humano.
A premissa para edifícios construídos em função de sedes escolares, à primeira vista, parece transpor o problema arquitetônico, mas é pelo contrário a ele estreitamente ligado.
As escolas devem ser expressas segundo as formas da arquitectura contemporânea que se inspira essencialmente no homem e na posição de “humildade” que mencionamos. As formas que se expandem, que se ligam com o exterior, o jardim, as janelas largas, aquele ar de “não severidade”, é o primeiro passo para a abolição de barreiras. A escola-fortim, gótica, normanda ou sem estilo mas com denominador comum de edifício-prisão, lembrando quase aos alunos que o estudo é um penoso dever, esta escola tornou-se longínqua e obsoleta. E o próprio fato que arquitetos modernos tenham sido chamados para projetar todas estas escolas, nos parece uma profecia.
Comecemos pelas escolas e sobretudo comecemos pela arquitetura.
[Primeiro: Escolas por Lina Bo Bardi, 1951]
Lina Bo Bardi. Uma grande amiga, que eu nunca conheci...
[amor à pátria]
Sexta-feira
E Portugal Segue Dentro De Momentos..., um excelente texto de Miguel Sousa Tavares para ler no Jornal Público. Apesar da frieza, um retrato essencial para compreender uma parte importante da realidade política portuguesa neste triste início do século.
E Portugal Segue Dentro De Momentos..., um excelente texto de Miguel Sousa Tavares para ler no Jornal Público. Apesar da frieza, um retrato essencial para compreender uma parte importante da realidade política portuguesa neste triste início do século.
[pedaços da infância]
Sexta-feira
Há certas coisas que são difíceis de explicar. Coisas que mantemos cá dentro porque falar delas faz com que mesmo os amigos olhem para nós de modo estranho, como se houvesse algo de errado connosco. Esses pedaços maravilhosos que transportamos dentro do coração, no baú das coisas perdidas da infância. São peças de um puzzle gigantesco que fazem com que a vida tenha realmente um sentido e partilhar esses segredos faz os olhos encherem-se de lágrimas. É estúpido, é humano, é a vida que trepida debaixo da nossa pele, é aquilo que somos verdadeiramente.
A série Conan O Rapaz Do Futuro é uma dessas coisas para mim. Com o Conan eu viajei para o futuro, eu vi cidades fantásticas, voei agarrado às asas de um avião, tombei do céu, mergulhei nas profundezas do mar. Com Conan aprendi o que são os amigos e que a coragem é uma forma de desespero heróico. E recentemente, ao rever a série no japonês original redescobri que aquela magia se mantém intacta, a poesia do vôo das gaivotas, o brilho do luar, toda aquela beleza fascinante. É é maravilhoso descobrir que aquele velho amigo se manteve criança para sempre e continua a sonhar que a justiça é possível entre os homens.
Conan vive.
Conan O Rapaz Do Futuro, uma série de Hayao Miyazaki.
Há certas coisas que são difíceis de explicar. Coisas que mantemos cá dentro porque falar delas faz com que mesmo os amigos olhem para nós de modo estranho, como se houvesse algo de errado connosco. Esses pedaços maravilhosos que transportamos dentro do coração, no baú das coisas perdidas da infância. São peças de um puzzle gigantesco que fazem com que a vida tenha realmente um sentido e partilhar esses segredos faz os olhos encherem-se de lágrimas. É estúpido, é humano, é a vida que trepida debaixo da nossa pele, é aquilo que somos verdadeiramente.
A série Conan O Rapaz Do Futuro é uma dessas coisas para mim. Com o Conan eu viajei para o futuro, eu vi cidades fantásticas, voei agarrado às asas de um avião, tombei do céu, mergulhei nas profundezas do mar. Com Conan aprendi o que são os amigos e que a coragem é uma forma de desespero heróico. E recentemente, ao rever a série no japonês original redescobri que aquela magia se mantém intacta, a poesia do vôo das gaivotas, o brilho do luar, toda aquela beleza fascinante. É é maravilhoso descobrir que aquele velho amigo se manteve criança para sempre e continua a sonhar que a justiça é possível entre os homens.
Conan vive.
Conan O Rapaz Do Futuro, uma série de Hayao Miyazaki.
|humanismo|moderno|
Quinta-feira
Quando comecei a ler o livro O Urbanismo (1925) de Le Corbusier, durante os tempos de faculdade, escrevi na primeira página a frase: uma obra de terror dos tempos modernos. Tinha ficado chocado com a visão avassaladora do Plan Voisin, logo eu que acabara de conhecer e apaixonar-me por Paris.
O mal entendido foi meu e tenho agora de o reconhecer. O Urbanismo é uma obra fascinante, um trabalho de investigação que procura desenvolver uma doutrina nova para compreender a cidade. Corbusier era um homem metódico no sentido científico, e demonstrou-o bem desenvolvendo o seu trabalho de análise, desta vez sobre o corpo humano, com Modulor. Assim como afirmou para a cidade (a cidade é um instrumento de trabalho), também definiu o Modulor como um instrumento de medição baseado no corpo humano e na matemática. Corbusier era um estudioso do espírito das coisas, do homem e da natureza, que procurava compreender a harmonia através de um abordagem científica e daí a sua obsessão por desenvolver modelos matemáticos que exprimissem as suas regras. A matemática como o segredo do universo.
Os novos processos construtivos e materiais que nasceram da mecanização industrial e da produção em massa tornaram-se as ferramentas que os arquitectos do modernismo necessitavam para criar uma nova utopia: uma sociedade humana e equilibrada para um mundo que havia sentido a devastação da guerra. Pela primeira vez na história da humanidade, os arquitectos utilizaram o vidro, o betão e o ferro em toda a sua glória. O estilo deixou de ser uma pele da arquitectura para passar a ser um conceito estrutural, a arquitectura libertava-se do espartilho das limitações materiais, a planta era livre.
Mas Le Corbusier foi talvez dos primeiros homens a compreender os perigos que o novo mundo moderno colocava a si próprio e sentir a necessidade de organizar grandes malhas urbanas partindo de uma visão da cidade para o homem, de comunhão com uma nova ideia de natureza: uma cidade radiosa.
Percepcionando estes problemas, compreendeu o conflito que a sociedade que aí vinha iria impôr às estruturas antigas, as malhas obsoletas que paralizariam o desenvolvimento. E como homem de princípio teórico, vaticinou a saída com total clareza: se o tradicionalismo obstruía o desenvolvimento dos transportes e das actividades, se a decadência das velhas cidades e a pressão do trabalho contemporâneo eram causadoras de inquietação e sofrimento físico e mental, então era forçoso inventar uma cidade nova. E porque, para ele, o vigôr de uma nação dependia do vigor dos seus cidadãos, a cidade contemporânea deveria oferecer a estes a tranquilidade e o bem estar, o equilíbrio e a paz para usufruir uma vida erudita e civilizada.
Por isso apresentou uma solução tão radical: Para transformar as cidades, temos de descobrir os princípios básicos do planeamento urbano contemporâneo. É fruto desse desafio que nasce, em 1922, a sua visão de uma cidade contemporânea para três milhões de habitantes. Idealizou uma cidade de largos arranha-céus integrados com grandes parques térreos, libertando o nível térreo sob os edifícios e elevando-os em pilotis. Este parque urbano da natureza e da arquitectura beneficiariam assim dos métodos de construção moderna e facilitariam a circulação automóvel e o avião sem que as suas estruturas entrassem em conflito com o homem ou com a natureza.
O desenho desta cidade ilustraria a sua visão e alguns princípios notáveis que ainda hoje servem de referência aos urbanistas, como por exemplo a separação das vias pedestres das vias automóveis, a hierarquização dos níveis de planeamento e a compreensão das diferentes escalas da urbanidade.
Não é por isso surpreendente que Corbusier tecesse a metáfora da habitação individual como o núcleo básico do planeamento, uma célula habitada. Por isso estudou apuradamente essa unidade, as relações entre o lugar de trabalho e o da recreação, entre o espaço vivido e a circulação. Os modernistas apaixonaram-se pela “cinética”, o movimento dos corpos e da luz, do espaço, do tempo, da vida.
É fundamental compreender os propósitos humanizadores dos verdadeiros modernistas para compreender o espírito do moderno. A sua visão civilizada de uma sociedade cujo objectivo era o investimento no indivíduo. E por isso é também fundamental compreender as origens do pensamento destes homens, do respeito pelo purismo oriental ou pelos valores da cultura clássica, da compreensão do divino, do respeito pela cultura, pela história, pela tradição, enfim, pela Humanidade. É, afinal, com os modernistas que a arquitectura ganha, pela primeira vez na história humana, um sentido de compromisso e responsabilidade social. Um sentido de missão tão longe da nossa realidade, do super-vedetismo da arquitectura contemporânea.
Charles Édouard Jeanneret Le Corbusier.
Quando comecei a ler o livro O Urbanismo (1925) de Le Corbusier, durante os tempos de faculdade, escrevi na primeira página a frase: uma obra de terror dos tempos modernos. Tinha ficado chocado com a visão avassaladora do Plan Voisin, logo eu que acabara de conhecer e apaixonar-me por Paris.
O mal entendido foi meu e tenho agora de o reconhecer. O Urbanismo é uma obra fascinante, um trabalho de investigação que procura desenvolver uma doutrina nova para compreender a cidade. Corbusier era um homem metódico no sentido científico, e demonstrou-o bem desenvolvendo o seu trabalho de análise, desta vez sobre o corpo humano, com Modulor. Assim como afirmou para a cidade (a cidade é um instrumento de trabalho), também definiu o Modulor como um instrumento de medição baseado no corpo humano e na matemática. Corbusier era um estudioso do espírito das coisas, do homem e da natureza, que procurava compreender a harmonia através de um abordagem científica e daí a sua obsessão por desenvolver modelos matemáticos que exprimissem as suas regras. A matemática como o segredo do universo.
Os novos processos construtivos e materiais que nasceram da mecanização industrial e da produção em massa tornaram-se as ferramentas que os arquitectos do modernismo necessitavam para criar uma nova utopia: uma sociedade humana e equilibrada para um mundo que havia sentido a devastação da guerra. Pela primeira vez na história da humanidade, os arquitectos utilizaram o vidro, o betão e o ferro em toda a sua glória. O estilo deixou de ser uma pele da arquitectura para passar a ser um conceito estrutural, a arquitectura libertava-se do espartilho das limitações materiais, a planta era livre.
Mas Le Corbusier foi talvez dos primeiros homens a compreender os perigos que o novo mundo moderno colocava a si próprio e sentir a necessidade de organizar grandes malhas urbanas partindo de uma visão da cidade para o homem, de comunhão com uma nova ideia de natureza: uma cidade radiosa.
Percepcionando estes problemas, compreendeu o conflito que a sociedade que aí vinha iria impôr às estruturas antigas, as malhas obsoletas que paralizariam o desenvolvimento. E como homem de princípio teórico, vaticinou a saída com total clareza: se o tradicionalismo obstruía o desenvolvimento dos transportes e das actividades, se a decadência das velhas cidades e a pressão do trabalho contemporâneo eram causadoras de inquietação e sofrimento físico e mental, então era forçoso inventar uma cidade nova. E porque, para ele, o vigôr de uma nação dependia do vigor dos seus cidadãos, a cidade contemporânea deveria oferecer a estes a tranquilidade e o bem estar, o equilíbrio e a paz para usufruir uma vida erudita e civilizada.
Por isso apresentou uma solução tão radical: Para transformar as cidades, temos de descobrir os princípios básicos do planeamento urbano contemporâneo. É fruto desse desafio que nasce, em 1922, a sua visão de uma cidade contemporânea para três milhões de habitantes. Idealizou uma cidade de largos arranha-céus integrados com grandes parques térreos, libertando o nível térreo sob os edifícios e elevando-os em pilotis. Este parque urbano da natureza e da arquitectura beneficiariam assim dos métodos de construção moderna e facilitariam a circulação automóvel e o avião sem que as suas estruturas entrassem em conflito com o homem ou com a natureza.
O desenho desta cidade ilustraria a sua visão e alguns princípios notáveis que ainda hoje servem de referência aos urbanistas, como por exemplo a separação das vias pedestres das vias automóveis, a hierarquização dos níveis de planeamento e a compreensão das diferentes escalas da urbanidade.
Não é por isso surpreendente que Corbusier tecesse a metáfora da habitação individual como o núcleo básico do planeamento, uma célula habitada. Por isso estudou apuradamente essa unidade, as relações entre o lugar de trabalho e o da recreação, entre o espaço vivido e a circulação. Os modernistas apaixonaram-se pela “cinética”, o movimento dos corpos e da luz, do espaço, do tempo, da vida.
É fundamental compreender os propósitos humanizadores dos verdadeiros modernistas para compreender o espírito do moderno. A sua visão civilizada de uma sociedade cujo objectivo era o investimento no indivíduo. E por isso é também fundamental compreender as origens do pensamento destes homens, do respeito pelo purismo oriental ou pelos valores da cultura clássica, da compreensão do divino, do respeito pela cultura, pela história, pela tradição, enfim, pela Humanidade. É, afinal, com os modernistas que a arquitectura ganha, pela primeira vez na história humana, um sentido de compromisso e responsabilidade social. Um sentido de missão tão longe da nossa realidade, do super-vedetismo da arquitectura contemporânea.
Charles Édouard Jeanneret Le Corbusier.
|epiderme|
Quinta-feira
Escrito por Pedro Jordão, o Epiderme era o melhor dos blogs portugueses de arquitectura, genuíno, inteligente e pessoal. Sem imagens o Epiderme era substância pura, à flor da pele.
Um dia acabou, assim de repente, sem dizer sequer um adeus. Zanguei-me, um blog não é um blog se ninguém lá escreve, apaguei-o da minha lista, do mapa, do mundo, pois bem, adeus!
Agora tenho saudades do Epiderme. Recoloquei-o na lista de onde nunca devia ter saído. E de vez em quando passo por lá, para dizer que tudo está bem...
12.12.03
ENCRUZILHADAS
...e já não existem pontos de partida, já só existem encruzilhadas. Lugares no tempo em que somos confrontados com escolhas. Momentos decisivos. Parar, voltar para trás ou simplesmente sair do caminho. Ou podemos dar o passo que falta e seguir em frente, rasgar um percurso, sem certezas, mas tentar. Tudo foi já iniciado. Há muito. Conhecemos já demasiado bem a estrada para a inventar de novo. Mas podemos inventar o que falta, preencher os espaços em branco, sonhar mais um pouco. Podemos escolher fazê-lo. Há quem tropece, claro, ninguém disse que ia ser fácil. Mas por alguma estranha razão existem mesmo alguns loucos, muitos mesmo, que se atrevem a arriscar o novo, o não experimentado. O futuro. Há quem goste de provar que tudo é inflamável.
(o futuro é cada palavra ainda não lida desta frase)
# posted by Pedro Jordão @ 01:17
Escrito por Pedro Jordão, o Epiderme era o melhor dos blogs portugueses de arquitectura, genuíno, inteligente e pessoal. Sem imagens o Epiderme era substância pura, à flor da pele.
Um dia acabou, assim de repente, sem dizer sequer um adeus. Zanguei-me, um blog não é um blog se ninguém lá escreve, apaguei-o da minha lista, do mapa, do mundo, pois bem, adeus!
Agora tenho saudades do Epiderme. Recoloquei-o na lista de onde nunca devia ter saído. E de vez em quando passo por lá, para dizer que tudo está bem...
12.12.03
ENCRUZILHADAS
...e já não existem pontos de partida, já só existem encruzilhadas. Lugares no tempo em que somos confrontados com escolhas. Momentos decisivos. Parar, voltar para trás ou simplesmente sair do caminho. Ou podemos dar o passo que falta e seguir em frente, rasgar um percurso, sem certezas, mas tentar. Tudo foi já iniciado. Há muito. Conhecemos já demasiado bem a estrada para a inventar de novo. Mas podemos inventar o que falta, preencher os espaços em branco, sonhar mais um pouco. Podemos escolher fazê-lo. Há quem tropece, claro, ninguém disse que ia ser fácil. Mas por alguma estranha razão existem mesmo alguns loucos, muitos mesmo, que se atrevem a arriscar o novo, o não experimentado. O futuro. Há quem goste de provar que tudo é inflamável.
(o futuro é cada palavra ainda não lida desta frase)
# posted by Pedro Jordão @ 01:17
|feichtinger|
Quarta-feira
Feichtinger, arquitectos. De Paris.
Tilak Laboratory, Innsbruck, Áustria, 2003. Feichtinger, arquitectos.
Feichtinger, arquitectos. De Paris.
Tilak Laboratory, Innsbruck, Áustria, 2003. Feichtinger, arquitectos.
|kollektief|
Terça-feira
Kollektief, design de interiores. Da Bélgica.
House Elversele, arquitectura de interiores. Kollektief, arquitectos.
Kollektief, design de interiores. Da Bélgica.
House Elversele, arquitectura de interiores. Kollektief, arquitectos.
|hardblog|
Sexta-feira
Esta coisa dos aniversários é uma sabujice. Toda a gente a dizer bem uns dos outros, parece aqueles programinhas do Herman, já chateia. Mas o hardblog fez um ano, e o hardblog é bom. É verdade que o jmac é um smart ass, e ninguém gosta de um smart ass, mas o gajo é bom, o que é que se há-de fazer... O blog anda um bocado estranho, aquele background não funciona mas ainda assim a visita é obrigatória. Quem é que disse que os blogs têm de ser bonitinhos. Vá, parabéns!
Hardblog, blog de João Miguel Amaro Correia.
Esta coisa dos aniversários é uma sabujice. Toda a gente a dizer bem uns dos outros, parece aqueles programinhas do Herman, já chateia. Mas o hardblog fez um ano, e o hardblog é bom. É verdade que o jmac é um smart ass, e ninguém gosta de um smart ass, mas o gajo é bom, o que é que se há-de fazer... O blog anda um bocado estranho, aquele background não funciona mas ainda assim a visita é obrigatória. Quem é que disse que os blogs têm de ser bonitinhos. Vá, parabéns!
Hardblog, blog de João Miguel Amaro Correia.
|medicação|urbana|
Quinta-feira
Irreverência e acidez é o que se pode encontrar em Recetas Urbanas, um site da autoria do espanhol Santiago Cirugeda. Fica aqui um pequeno extracto, bem provocador...
[via Recetas Urbanas, DESOBEDIÊNCIA CIVIL, A necessidade de ser ilegal por Santiago Cirugeda]
Os problemas começam quando são negadas as licenças de obra por incumprimento de alguns parâmetros ou aspectos da legislação municipal. No caso da cidade antiga, o fim último e mais importante de todas essas regras é manter um estado de paralesia temporal do conjunto urbano e suas construções, limitando e definindo concretamente a fisionomia e aspectos visuais e funcionais de tudo o que ali existe ou poderá existir.
As razões são lógicas: conservar uma identidade que se estima comum à cidade, mediante um juízo e uma avaliação histórica assumida e consensualizada pelos poderes políticos do momento e com o suporte cultural e técnico dos arquitectos, historiadores e indivíduos críticos na definição e organização da realidade urbana.
Estes elementos de identidade, que se querem manter intactos e que servem de reclame turístico, vão convertendo parte da cidade num organismo imóvel e estéril; um “parque temático” habitável e uma “espectacular cidade morta”. A liberdade com que o cidadão modificava a sua propriedade e o ambiente envolvente, é seriamente limitada.
A manutenção forçada de certas cores nas fachadas e o uso exclusivo de materiais e soluções construtivas, a conservação e reconstrução segundo a ordem imposta ou as limitações de uso das propriedades imobiliárias, são as directrizes necessárias para manter a imagem que se entende ou supõe aceite pelas pessoas que dão vida à cidade.
Os mesmos indivíduos que vão criando diferentes e específicos ambientes comunitários, mantêm, como paradoxo, o direito a mudar a sua imagem física; estilos de cabelo, tatuagens, implantes corporais, roupa, carros, telemóveis, etc. e mesmo o direito a renunciar às suas convicções culturais e intelectuais tantas vezes quanto uma pessoa livre queira.
Mudando através dos anos, o proteccionismo hoje estabelecdo pode ser assumido como servil às intenções e necessidades de imagem dos oscilantes representantes do poder público dos cidadãos.
Recetas Urbanas, o site de Santiago Cirugeda.
Irreverência e acidez é o que se pode encontrar em Recetas Urbanas, um site da autoria do espanhol Santiago Cirugeda. Fica aqui um pequeno extracto, bem provocador...
[via Recetas Urbanas, DESOBEDIÊNCIA CIVIL, A necessidade de ser ilegal por Santiago Cirugeda]
Os problemas começam quando são negadas as licenças de obra por incumprimento de alguns parâmetros ou aspectos da legislação municipal. No caso da cidade antiga, o fim último e mais importante de todas essas regras é manter um estado de paralesia temporal do conjunto urbano e suas construções, limitando e definindo concretamente a fisionomia e aspectos visuais e funcionais de tudo o que ali existe ou poderá existir.
As razões são lógicas: conservar uma identidade que se estima comum à cidade, mediante um juízo e uma avaliação histórica assumida e consensualizada pelos poderes políticos do momento e com o suporte cultural e técnico dos arquitectos, historiadores e indivíduos críticos na definição e organização da realidade urbana.
Estes elementos de identidade, que se querem manter intactos e que servem de reclame turístico, vão convertendo parte da cidade num organismo imóvel e estéril; um “parque temático” habitável e uma “espectacular cidade morta”. A liberdade com que o cidadão modificava a sua propriedade e o ambiente envolvente, é seriamente limitada.
A manutenção forçada de certas cores nas fachadas e o uso exclusivo de materiais e soluções construtivas, a conservação e reconstrução segundo a ordem imposta ou as limitações de uso das propriedades imobiliárias, são as directrizes necessárias para manter a imagem que se entende ou supõe aceite pelas pessoas que dão vida à cidade.
Os mesmos indivíduos que vão criando diferentes e específicos ambientes comunitários, mantêm, como paradoxo, o direito a mudar a sua imagem física; estilos de cabelo, tatuagens, implantes corporais, roupa, carros, telemóveis, etc. e mesmo o direito a renunciar às suas convicções culturais e intelectuais tantas vezes quanto uma pessoa livre queira.
Mudando através dos anos, o proteccionismo hoje estabelecdo pode ser assumido como servil às intenções e necessidades de imagem dos oscilantes representantes do poder público dos cidadãos.
Recetas Urbanas, o site de Santiago Cirugeda.
|querkraft|
Quarta-feira
Querkraft é uma equipa de quatro jovens arquitectos. Para eles a arquitectura é uma arte. A arquitectura é sustentável, apropriativa e física. A sua beleza parte do interior. O conteúdo forma o edifício.
Um site espectacular e uma obra surpreendentemente extensa, à distância de um clic. Um pequeno extra para os meus colegas arquitectos: maquetes em poliestireno azul. Saudades...
DRA One-family detached house, Viena, Áustria, 2003. Querkraft, arquitectos.
Querkraft é uma equipa de quatro jovens arquitectos. Para eles a arquitectura é uma arte. A arquitectura é sustentável, apropriativa e física. A sua beleza parte do interior. O conteúdo forma o edifício.
Um site espectacular e uma obra surpreendentemente extensa, à distância de um clic. Um pequeno extra para os meus colegas arquitectos: maquetes em poliestireno azul. Saudades...
DRA One-family detached house, Viena, Áustria, 2003. Querkraft, arquitectos.
|tristeza|não|tem|fim|
Terça-feira
Não, eu não sou um fanático adepto de futebol. O futebol não vai salvar o país nem acelerar a “retoma”, seja lá isso o que for. Mais um conceito da vida política para colocar na prateleira ao lado do “oásis”.
Se o futebol não é a fonte de todo o bem, é certamente um alvo fácil para representar todo o mal. Pois eu admito que aderi ao Euro2004 com a perfeita consciência do que estava a fazer. Ópio do povo, muito circo e pouco pão, folclore para distrair os papalvos, pois bem, eu quis mesmo entusiasmar-me e esquecer a telenovela política durante um mês. Não quero mesmo saber do primeiro ministro, da parada dos “yes man” ou da oposição catatónica, eu já vi esse filme e já sei como vai acabar. Chamem-me depois do intervalo da publicidade, se faz favor.
Eu quis mesmo ver “a bola” exuberante e sensacional. A magia, o espectáculo, a feira popular. Será que o Pacheco Pereira nunca tem vontade de comer um belo algodão doce cheio de corante cor de rosa? Sim, eu sei, o mundo é um lugar terrível, mas já experimentaram os “donuts”?
De coração aberto, senti o descalabro da nossa derrota como quem assiste a um tremor de terra. Só mesmo no fim, ao ver aquelas imagens do Rui Costa a chorar sobre o fundo desfocado de mil luzes azuis e brancas é que voltou a mim a lucidez. Relembrei as lágrimas de Eusébio. Os cínicos dirão que não tem nada a ver, Rui Costa ganha milhões, o mundo do futebol é uma máquina implacável onde já não há lugar para a ingenuidade. Enganam-se. Por detrás de cada Rui Costa, Figo e Couto, estão miúdos que um dia sonharam apenas com jogar à bola. Naquele momento sobre a relva onde tombaram lágrimas não estava a vedeta, a marca, o logotipo, o web site. Estava um homem no íntimo da sua vida privada, só, com a dor de quem esteve perto de um sonho e o perdeu. E por isso é dolorosa esta derrota. Não é pelos milhões de adeptos chorosos, não é pelos pescadores que rasgaram o rio nem pelos cavaleiros que acompanharam o autocarro da selecção. Não é pelos que puseram as bandeiras na janela ou saíram a buzinar nas noites de vitória. Nós encolheremos os ombros e diremos que é a vida, e ela continua. É dolorosa a derrota por aqueles homens que ali no relvado se reencontraram com os jovens que um dia foram e nas razões que os levaram a querer fazer algo tão simples como jogar à bola. Maravilhemo-nos então com o fim do sonho, consolados talvez pelas palavras de Tom Jobim. É que a tristeza é mais bela que a felicidade...
Não, eu não sou um fanático adepto de futebol. O futebol não vai salvar o país nem acelerar a “retoma”, seja lá isso o que for. Mais um conceito da vida política para colocar na prateleira ao lado do “oásis”.
Se o futebol não é a fonte de todo o bem, é certamente um alvo fácil para representar todo o mal. Pois eu admito que aderi ao Euro2004 com a perfeita consciência do que estava a fazer. Ópio do povo, muito circo e pouco pão, folclore para distrair os papalvos, pois bem, eu quis mesmo entusiasmar-me e esquecer a telenovela política durante um mês. Não quero mesmo saber do primeiro ministro, da parada dos “yes man” ou da oposição catatónica, eu já vi esse filme e já sei como vai acabar. Chamem-me depois do intervalo da publicidade, se faz favor.
Eu quis mesmo ver “a bola” exuberante e sensacional. A magia, o espectáculo, a feira popular. Será que o Pacheco Pereira nunca tem vontade de comer um belo algodão doce cheio de corante cor de rosa? Sim, eu sei, o mundo é um lugar terrível, mas já experimentaram os “donuts”?
De coração aberto, senti o descalabro da nossa derrota como quem assiste a um tremor de terra. Só mesmo no fim, ao ver aquelas imagens do Rui Costa a chorar sobre o fundo desfocado de mil luzes azuis e brancas é que voltou a mim a lucidez. Relembrei as lágrimas de Eusébio. Os cínicos dirão que não tem nada a ver, Rui Costa ganha milhões, o mundo do futebol é uma máquina implacável onde já não há lugar para a ingenuidade. Enganam-se. Por detrás de cada Rui Costa, Figo e Couto, estão miúdos que um dia sonharam apenas com jogar à bola. Naquele momento sobre a relva onde tombaram lágrimas não estava a vedeta, a marca, o logotipo, o web site. Estava um homem no íntimo da sua vida privada, só, com a dor de quem esteve perto de um sonho e o perdeu. E por isso é dolorosa esta derrota. Não é pelos milhões de adeptos chorosos, não é pelos pescadores que rasgaram o rio nem pelos cavaleiros que acompanharam o autocarro da selecção. Não é pelos que puseram as bandeiras na janela ou saíram a buzinar nas noites de vitória. Nós encolheremos os ombros e diremos que é a vida, e ela continua. É dolorosa a derrota por aqueles homens que ali no relvado se reencontraram com os jovens que um dia foram e nas razões que os levaram a querer fazer algo tão simples como jogar à bola. Maravilhemo-nos então com o fim do sonho, consolados talvez pelas palavras de Tom Jobim. É que a tristeza é mais bela que a felicidade...
|jazz|
Terça-feira
Gosto muito de jazz. É a música do mundo urbano em todo o seu esplendor. Quem não compreende o jazz não compreende “a cidade”!* Estou a falar da cidade apoteótica, New York New York, arranha céus, táxis amarelos, pontes, Central Park. Ou o esplendor da decadência em New Orleans, clubes, dança, mulheres. O jazz é a música da liberdade, da alma (soul), do coração. Hot Clube, loucura, fumo, claustrofobia, aplausos. É a música da noite, das luzes multicoloridas, blurred, a desfazerem-se na humidade do ar. Da intimidade, de toques de piano ou ondas de sax, gotas de suor a escorrer pelo peito estendido na cama iluminado de neon da janela.
O jazz é a música da arquitectura.
*Frase bombástica do dia.
Gosto muito de jazz. É a música do mundo urbano em todo o seu esplendor. Quem não compreende o jazz não compreende “a cidade”!* Estou a falar da cidade apoteótica, New York New York, arranha céus, táxis amarelos, pontes, Central Park. Ou o esplendor da decadência em New Orleans, clubes, dança, mulheres. O jazz é a música da liberdade, da alma (soul), do coração. Hot Clube, loucura, fumo, claustrofobia, aplausos. É a música da noite, das luzes multicoloridas, blurred, a desfazerem-se na humidade do ar. Da intimidade, de toques de piano ou ondas de sax, gotas de suor a escorrer pelo peito estendido na cama iluminado de neon da janela.
O jazz é a música da arquitectura.
*Frase bombástica do dia.
|cool|jazz|fest|
Terça-feira
De 9 a 26 de Julho em Cascais, Mafra, Sintra e Oeiras. Programa completo no site oficial.
Barbara Hendricks fecha o festival no espaço da Cidadela de Cascais dia 26 de Julho. Clique na imagem para aceder directamente ao site do Cool Jazz Fest.
De 9 a 26 de Julho em Cascais, Mafra, Sintra e Oeiras. Programa completo no site oficial.
Barbara Hendricks fecha o festival no espaço da Cidadela de Cascais dia 26 de Julho. Clique na imagem para aceder directamente ao site do Cool Jazz Fest.
|all|starck|
Segunda-feira
OBJECTS by é a primeira loja online dedicada exclusivamente a objectos da autoria de Philippe Starck. Mobiliário, design, objectos quotidianos, peças raras e edições limitadas, tudo num site extremamente completo e com excelente apresentação.
Philippe Starck, retrato.
OBJECTS by é a primeira loja online dedicada exclusivamente a objectos da autoria de Philippe Starck. Mobiliário, design, objectos quotidianos, peças raras e edições limitadas, tudo num site extremamente completo e com excelente apresentação.
Philippe Starck, retrato.
|architecture|laboratory|
Segunda-feira
A A-Lab é uma firma norueguesa fundada em 2000 que produz uma arquitectura marcada pela inovação e criatividade. Site com design interessante e algum material (imagens, pequenos textos e links).
Tjuvholmen Waterfront Development (competição), Oslo Harbour, Noruega, 2003. A-Lab, arquitectos.
Service Building for the Sigrid Undset Museum (competição, 3º prémio), Lillehammer, Noruega, 2003. A-Lab, arquitectos.
A A-Lab é uma firma norueguesa fundada em 2000 que produz uma arquitectura marcada pela inovação e criatividade. Site com design interessante e algum material (imagens, pequenos textos e links).
Tjuvholmen Waterfront Development (competição), Oslo Harbour, Noruega, 2003. A-Lab, arquitectos.
Service Building for the Sigrid Undset Museum (competição, 3º prémio), Lillehammer, Noruega, 2003. A-Lab, arquitectos.
Subscrever:
Mensagens (Atom)