[lina bo – 3]

Segunda-feira

É preciso se libertar das “amarras”, não jogar fora simplesmente o passado e toda a sua história: o que é preciso é considerar o passado como presente histórico, é ainda vivo, é um presente que ajuda a evitar as várias arapucas... Frente ao presente histórico, nossa tarefa é forjar um outro presente, “verdadeiro”, e para isso é necessário não um conhecimento profundo de especialista, mas uma capacidade de entender historicamente o passado, saber distinguir o que irá servir para novas situações de hoje que se apresentem a vocês, e tudo isto não se aprende somente nos livros.
Na prática, não existe o passado. O que existe ainda hoje e não morreu é o presente histórico. O que você tem que salvar – aliás, salvar não, preservar – são certas características típicas de um tempo que pertence ainda à humanidade.
Mas, se a gente acreditar que tudo o que é velho deve ser conservado, a cidade vira um museu de cacarecos. Em um trabalho de restauração arquitetônica, é preciso criar e fazer uma seleção rigorosa do passado.
O resultado é o que chamamos de presente histórico.


[Excerto da apresentação do projecto para a Nova Prefeitura de São Paulo, por Lina Bo Bardi, 1992]


Lina Bo Bardi na Isla de Giglio, 1945. Posted by Hello

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