Segunda-feira
A primeira vontade é desatar a disparar. Depois a consciência abate-se e as mãos tremeliquentas partem urgentemente em busca do CD do Jack Black. Play, PLAY!... E inspira. Expira. Inspira...
Do alto do pedestal anónimo onde se colocou, o “crítico” autor do blog Crítica de Arquitectura resolveu endereçar-me um pouco de veneno. Anuncia-se como um simples habitante, um leigo seja lá isso o que fôr. Mas deve ser alguma coisa. Ele não diz o quê, tal como não diz o nome. Lá saberá do que se envergonha.
Para evitar mais confusões fica já esclarecido que este blog me tem desagradado desde o início e os motivos não são os de qualquer espécie de proteccionismo de classe ou falta de abertura à opinião alheia. Qualquer cidadão tem o direito a formar e exprimir a sua opinião sobre a justiça ou a saúde, o ensino, a ciência ou o que quiser. E não é certamente necessário ser cineasta para se criticar cinema, mas talvez seja bom que se tenham visto muitos filmes e, acima de tudo o resto, é preciso amar o Cinema.
Ora este “crítico” como agora se nos apresenta e que fala de si na terceira pessoa não foi, até agora, capaz de exprimir uma linha que seja acerca do que o move a respeito da arquitectura. No entanto é evidente que traz consigo uma agenda cheia de preconceitos.
Em primeiro lugar a assunção dos “arquitectos” numa visão classista completamente básica, movida pelo ódio já expresso à Ordem dos Arquitectos ou à sua actual configuração política. Pois bem, deixemos o “crítico” usar o seu blog à vontade para destilar o seu ódio e exercer o seu direito à psicanálise. Diz o próprio: Como toda a classe técnica também os arquitectos têm não só o direito à defesa e regulação da sua prática como entendemos terem o dever e a ambição de nos quererem prestar os melhores serviços possíveis e como tal igualmente se realizarem (não encaro outra forma de realização pessoal do arquitecto que não passe pela resposta cabal e a proposta de felicidade na vida do cidadão).
Impagável!
Depois julguei desadequada a utilização de nomes incorrectos dos arquitectos a que se referia: Sisa Vieira para Siza Vieira e Rem Coolhas a Rem Koolhaas. Comentei o meu desagrado, que o “crítico” justificou como uma expressão de humor, “pequenas brincadeiras” pois então. Incompreensão a minha que não partilho desse humor tipo “Malucos do Riso”. O “crítico” viria a proceder ás emendas mais tarde e por moto próprio.
Resolvi que aquilo não era, de facto para mim. Há liberdade de expressão na internet sim senhor e cada um está à vontade para a exercer no seu blog. Ao “crítico” então o seu espaço e a sua liberdade. Fiquemos assim.
Mas o “crítico” certamente ressabiado pelo meu ralhete vem de cinismo em punho com uma provocação. A verdade é que, a uma segunda leitura, o que parece uma crítica é realmente uma “não crítica”, um texto tão esquivo quanto a identidade do seu autor. Ei-lo então citando-me para não exprimir opinião nenhuma, não, ele dá duas gargalhadas e encolhe os ombros do seu brilhantismo: Estes factos criam nos leitores leigos à matéria uma espécie de credibilidade que os leva, aos blogueiros, a assumir um certo tom representativo da classe e da profissão do qual efectivamente pouco solidifíca. Sim, ele não partilha opiniões, ele decompõe o processo e identifica a ínvia manipulação do leitor leigo (uno na cabeça do “crítico”) e a presunção do autor do blog como representativo seja lá do que fôr.
É esse, afinal, o seu preconceito maior: a incapacidade de perceber que blogs há muitos e uns mais pessoais que os outros. Que ao contrário da sua pose majestática de “crítico de coisa nenhuma” existem na blogosfera pessoas que não são mais que elas próprias, sem agenda e sem representar a classe ou a profissão seja ela qual for. Pessoas que, ao contrário do “crítico” dão serenamente o nome às coisas que escrevem porque, acima de tudo, o fazem descomplexadamente.
O “crítico” continuará decerto até que lhe deixem de dar troco ou lhe passe (para usar a saudosa terminologia de Júlio Machado Vaz) o “tesão do mijo” com que iniciou a sua vida na blogosfera. A mim, confesso, tanto se me dá como se me deu.
É que cínicos já cá temos muitos, obrigado.
Jack Black. Este homem não é um pseudo intelectual.
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